sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Valter Jacinto, meu pai-herói!


" Versos Ao Meu Pai Morto "

"Meu pai nessa hora junto a mim morria
sem um gemido, assim como um cordeiro"
(Augusto dos Anjos)

À vezes me surpreendo a pensar em meu pai
no silêncio do quarto, horas tardes, a sós...
Vejo-o magro e doente, a morrer sem um ai !
Julgo ouvir pela noite a dentro, a sua voz !

Morreu meu pai, - meu pai... meu verdadeiro amigo...
Assisti-lhe o sofrer, longos meses a fio,
e ainda tenho em meus nervos, a vibrar comigo,
seu último estertor... seu último arrepio...

Olhei-o ... Procurei-lhe o olhar, transido e aflito,
busquei-lhe o pulso, em vão... Morto meu pai. - morrera !
Tomara essa expressão de ausência, de infinito,
das estátuas sem vida e dos corpos de cera !

Por mais que lhe notasse a placidez da face,
o semblante sereno, o olhar frio e sem cor;
por mais que a sua mão febril se enregelasse
e ouvisse ao meu redor mil explosões de dor;

por mais que lhe fitasse a figura impassível
já perdida num ar de calma e inexistência,
- não podia aceitar... era atordoante e incrível
que a vida se evolasse assim como uma essência!

Efêmera e fugaz, num segundo vencida,
como um floco de espuma ou uma folha que cai...
Eis, enfim, ao que eu vi se reduzir a vida
naquele instante absurdo em que perdi meu pai !

Era tudo irreal, monstruoso, inaceitável !
A morte transcendia ao seu próprio realismo !
Era como se o mar, se o céu, se o imensurável
rolassem aos meus pés, em caos, sobre um abismo !
..................................................................................

Morreu meu pai. Às vezes me surpreendo a sós
retendo-o na lembrança em mil detalhes vãos...
Vejo-lhe o vulto, o olhar; ouço-lhe o riso, a voz,
- sinto-o perto de mim, chego a tocar-lhe as mãos...

Morreu meu pai. Morreu o único homem no mundo
que acreditava em mim com um cego amor, profundo,
e via em meu destino indeciso e sem brilho
um caminho glorioso... uma esperança imensa ...

Pobre pai!... Que este humilde poema de seu filho,
escrito em seu louvor, feito à sua memória,
possa, - ao menos por isso, - honrar a sua crença!
- e até justificar a minha vida inglória !

( Poema de JG de Araujo Jorge - do livro Eterno Motivo; - Prêmio Raul de Leoni, da Academia Carioca de Letras - 1943 )
Sempre achamos que a nossa dor é a mais forte que se pode existir. Sei que existem pessoas com maiores problemas nesse mundo do que eu, mas a perda do meu pai querido sempre deve ser respeitada.

Encontro-me desnorteado nesse momento em que escrevo essas linhas, pois no início da tarde dessa última quarta-feira (27/10/2010) perdi meu herói, o qual se despediu dessa encarnação aos 56 anos. Muito novo para essas coisas.

Não sei fazer biografias e, nessa hora terrível, sempre descobrimos que sabemos bem menos sobre quem amamos do que poderíamos saber. Mas sinto vontade de escrever sobre isso, pois é a única maneira que consigo dar vazão a esse sofrimento, que não é só meu, mas de toda a minha família e de nossos amigos.

Enfim, desde essa última quarta-feira, quando o desencarne aconteceu (o que todos temíamos desde a primeira internação), foi interrompida uma história de muita felicidade, mas de fases ruins também. Não vou aqui escancarar as coisas e sentimentos, não é disso que preciso nesse espaço, apenas preciso escrever um pouco para dividir a dor, seja com os amigos que lêem minhas linhas, seja para eu registrar essa tristeza que me consome.

O homem forte e de integridade que ensinou seus 4 filhos (Valter, Fabricia, Paulo e Lucas) as melhores lições sobre honestidade, amor, cuidados e dedicação àquilo que é importante (entre tantas outras coisas importantes que fez por todos nós), não passou em branco na vida. Fez diversos amigos e despertou a admiração de muitos por todas as virtudes que possui. Tenho certeza de que se todos o tivessem como pai, o mundo seria um lugar de felicidade, mas apenas nós quatro tivemos essa honra. Agradeço a Deus por tê-lo em minha existência.

Como o momento é de dor, mesmo eu sendo um espírita que flerta com o ateísmo, sei que carrego o nome que também é dele, meus irmãos carregam as virtudes que ele se esforçou para nos ensinar, todos carregamos a dor nesse momento. Espero que exista de fato um motivo para essas coisas acontecerem. Será que isso é fuga ou fé?

Enfim, como escrevi no facebook:

Meu coração está dilacerado... as tais linhas tortas levaram meu herói! E ainda tenho tanto pra dizer... pra conviver... e de um lado ou do outro (da vida), estamos sempre juntos... carrego comigo seu nome... seu amor... minha dor... a dor dos meus... Valter Jacinto, meu pai-herói! Amo mais do que imaginava.

Pai... esteja na paz de Deus! Todos te amamos muito!

Perdão pelo que não tive a sensibilidade de te proporcionar, mas tudo que me ensinou e todo amor que dedicou não foi em vão, nesse e noutros momentos dividimos sorrisos e lágrimas. Foi você quem me ensinou também a amar Fórmula 1, nosso Palmeiras e nosso ídolo, Ayrton Senna. Também me ensinou a respeitar a todos sem discriminação, não ficar calado diante das injustiças desse mundo e a valorizar o ser, não o ter.

Espero que possa sentir essas palavras aí do plano espiritual e, assim que puder, preciso de notícias.

Fica com Deus, pai amado!



terça-feira, 12 de outubro de 2010

As armas e os barões assinalados


As armas e os Barões assinalados
Que da Ocidental praia Lusitana
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;

E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando,
E aqueles que por obras valorosas
Se vão da lei da Morte libertando,
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.

Cessem do sábio Grego e do Troiano
As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandro e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram.
Cesse tudo o que a Musa antiga canta,
Que outro valor mais alto se alevanta.

Luís de Camões, Os Lusíadas (1572)
Canto I, 1--2

Depois de longo e tenebroso inverno em meus dias, retorno para destilar minhas observações a respeito das coisas desse mundão velho e cheio de desventuras. Passemos logo às questões pertinentes ao meu desafogar de sentimentos em forma de letra, imagem e insatisfação.

Passamos pelo 1º turno das eleições presidênciais e o falso moralismo da direita brasileira se apresentou desde o primeiro dia até esse malfadado 2º turno. Sim, malfadado, pois não está servindo para aquilo que muitos eleitores alardearam, e algumas campanhas também, como sendo o melhor momento para se apresentarem propostas com mais calma, profundidade e tal. Quem de fato quisesse algo assim, poderia ter consultado os sítios dos candidatos, lido a íntegra de seus programas de governo e entrado em contato com suas coordenações para pedir detalhamentos. Isso o eleitor brasileiro não faz, seja por falta de hábito, por não considerar importante ou até mesmo por preguiça.

Estamos acostumados a ter "interpretadores" (brasilianistas, por exemplo), seja nas ciências humanas, seja através da opinião dos sábios da tv, rádios e jornais, poupando-nos de utilizar nossa energia lendo, refletindo e formando nossa própria opinião. Isso não é exclusividade brasileira, muitos povos em nosso continente e em tantos outros recantos têm esse costume: herança de nossa colonização e/ou da inserção de nossa mentalidade no sistema capitalista.

A todos os amigos e leitores é sabido que sou petista e não simpatizo com o tucanato/demo’s pelo fato de representarem a classe dominante que aportou em nossas terras há mais de 500 anos. Desde lá se encastelaram em governos abertamente anti-democráticos, salvo raras exceções. E é exatamente pelo fato de não estarem no governo central há quase 8 oito anos, pelos avanços que este governo representa e, ainda, pelo início da mudança na correlação de forças em nossa sociedade que passam a (re)utilizar a estratégia do medo.

O fato é que esses antigos senhores das capitanias hereditárias, senhores de engenho (continuam latifundiários de terras!) e atuais porcos capitalistas empreendem uma “nova Cruzada” para tentar restabelecer a ordem anterior, a qual sempre os favoreceu. Para tanto têm como forte aliado setores da Santa Amada Inquisição e demais seitas cristãs. Distribuição de panfletos e email´s difamatórios (alguns escondidos no anonimato, pai da impunidade!), discursos enviesados, mudanças táticas (embustes!) e guinadas à direita conservadora e fascista são as “novas” armas dessa escória política.

Aborto e união civil de pessoas do mesmo sexo são assuntos pertinentes, devem ser debatidos por toda a sociedade, não somente pelos fascistas e igrejeiros e o modelo final, em todo Estado laico, deve ser resultado desse longo debate. Isso não se faz em período eleitoral, no qual hipócritas jogam de acordo com a torcida e não pensando no aperfeiçoamento de nossas leis, mas agindo de acordo com o gosto do freguês.

Aos barões assinalados, seus dirigentes burgueses, burocratas e seus bispos, todos hipócritas que tentam se travestir de heróis humildes e que levaram à revelia dos povos de América, África e Ásia seus impérios e sua igreja de fé cega em relação às injustiças e torturas de tais povos conquistados, digamos novamente que somos detentores de livre arbítrio, independência, autonomia e, cada dia mais, estamos mais livres de seu pensamento eurocêntrico e/ou de suas variações estadunidenses (capitalistas de merda!) e já está brotando na nova primavera dos povos o gérmen da destruição desse sistema desigual.

Enfim, volto com disposição para a batalha contra essas deformações do sistema democrático e para colaborar com o esclarecimento de todos aqueles que eu tiver a oportunidade de poder me fazer “ouvir”. Paro agora por aqui, mas volto breve para polemizar!


Abaixo a falsa devoção!

Abaixo a simulação!

Saudações eleitorais!

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Minha alma errante... e o blues sempre a meu lado...


Roadhouse Blues 
 The Doors

Yeah!

Keep your eyes on the road, your hands upon the wheel
keep your eyes on the road, your hands upon the wheel
yeah, we're goin' to the roadhouse
we're gonna have a real
good time

Yeah, back at the roadhouse we've got some bungalows
yeah, back at the roadhouse we've got some bungalows
and that's for the people
who like to go down slow

Let it roll, baby, roll
let it roll, baby, roll
let it roll, baby, roll
let it roll, all night long

Do it, honey, do it

You gotta roll, roll, roll
you gotta thrill my soul, all right
roll, roll, roll, roll
thrill my soul

You gotta beep a gunk a chucha
Honk konk konk
You gotta each you puna
Each ya bop a luba
Each yall bump a kechonk
Ease sum konk
Ya, ride

Ashen lady, Ashen lady
give up your vows, give up your vows
save our city, save our city
right now

Well, i woke up this morning, i got myself a beer
well, i woke up this morning, and i got myself a beer
the future's uncertain, and the end is always near

Let it roll, baby, roll
let it roll, baby, roll
let it roll, baby, roll
let it roll, all night long

Hospedaria Blues

Yeah!

Mantenha seus olhos na estrada, suas mãos no volante
Mantenha seus olhos na estrada, suas mãos no volante
Estamos indo para a hospedaria da estrada
E realemente vamos
nos divertir

Atrás da hospedaria da estrada existem algunsBangalôs [2x]
E isso é para as pessoas
Que gostam de ir bem devagar

Deixe rolar, baby, rolar
Deixe rolar, baby, rolar
Deixe rolar, baby, rolar
Deixe rolar a noite inteira

Faça isso, amor, faça isso

Você tem que rolar, rolar, rolar
Você tem que excitar minha alma, isso aí
Role, role, role, role
Excite minha alma
Você precisa girar, girar, girar
Você precisa excitar minha alma
Gingar, gingar, gingar
Excitar minha alma
Gingar, gingar, gingar
Excitar minha alma

Yeah

Dama apaixonada, dama apaixonada
Desista de seus votos
Salve a nossa cidade, salve a nossa cidade
Agora mesmo

Bem, eu acordei essa manhã e tomei uma cerveja
Bem, eu acordei essa manhã e tomei uma cerveja
O futuro é incerto e o fim está sempre perto

Deixe rolar, baby, rolar
Deixe rolar, baby, rolar
Deixe rolar, baby, rolar
Deixe rolar a noite inteira

sábado, 24 de julho de 2010

A decadência de Balboa


Novamente venho a minha pólis quase particular para lamentar a declaração de outro gringo idiota que tenta fazer piada do país e do povo brasileiro, só que a diferença agora está no calibre do talento, ou seja, agora trata-se de um canastrão decadente e com a educação e prepotência típicas dos estadunidenses.

Silvester Stallone foi desde o início de sua vida, conforme vocês podem procurar em inúmeras biografias pela Internet, um cara sem o menor talento, mas persistente. Talvez essa fosse sua única alternativa. Não parava em escola nenhuma, foi expulso diversas vezes (oh, mais um gênio incompreendido!) e com aproveitamento escolar lastimável. Mas isso não poderia nos permitir entendê-lo como alguém sem talento algum, apenas suas obras poderiam (e fizeram!) com que chegássemos a essa triste conclusão.

É bem sabido que somos um povo receptivo, aliás, até demais, e gostamos de fazer com que os gringos que por aqui zarpam sintam-se felizes por escolherem o Brasil como destino. É uma maneira que temos de demonstrar o amor que temos pr nossa terra, repleta de problemas e injustiças, é verdade, mas nosso lar. Existem os motivos de nosso sentimento de “vira-latisse” também, nossa auto-estima baixa, o que tem mudado ultimamente diante do papel que nosso país vem desenvolvendo em questões importantes pelo mundo, mas ainda levará tempo para nos livrarmos desse sentimento outrora dominante.

Mas vejamos as declarações de Stallone:

Sobre o Brasil:

“Você pode explodir o país inteiro e eles vão dizer ‘obrigado, e aqui está um macaco para você levar de volta para casa’.”

Sobre o BOPE:

"Os policiais de lá usam camisetas com uma caveira, duas armas e uma adaga cravada no centro; já imaginou se os policiais de Los Angeles usassem isso? Já mostra o quão problemático é aquele lugar".

Seu pedido de desculpas através de sua assessoria (óbvio, pois ele não é qualificado para tanto):

"Eu sinceramente peço desculpas ao povo brasileiro. Todas as minhas experiências no Brasil foram fantásticas e eu recomendei para todos meus amigos que filmassem lá", garante o ator no comunicado. "Ontem, eu tentei fazer um tipo humor e fui muito infeliz. Tudo que eu tenho pelo grande país que é o Brasil é muito respeito. Novamente, peço desculpas".

Não sou nacionalista, ufanista, “patridiota” e nem morro de amores pelo BOPE, mas acredito que diante do avanço das novas tecnologias de comunicação e de seu conhecimento superficial sobre nosso país, nosso “querido” e surrado Rocky Balboa deveria calar-se para evitar esse tipo de situação. Penso que ele deva ter pensado que em nossas árvores, ocas ou em nossas tribos não houvesse Internet, tv’s a cabo e similares, através dos quais estaríamos ligados ao mundo e soubéssemos em tempo real sobre as infames verdades que a diria a nosso respeito.

Seus filmes maniqueístas (especialidade hollywoodiana) são mais neuróticos do que a caveira do BOPE, ou estou enganado acerca do “sem número” de inimigos que vivem espreitando nossos vizinhos do norte. Desde loucos de dentro do seu território a terroristas de todas as partes, até mesmo a natureza enlouquecida faz parte do complô intergaláctico contra os paladinos da democracia! Mas sempre haverá um heroi canastrão para salvar o dia, a pátria da águia e o mundo, mesmo que não queiramos ser salvos, mas eles, do alto de sua benevolência, virão nos trazer sua democracia (seus valores consumistas/predatórios) goela abaixo dos pobres ignorantes criadores de bichos, plantas e gentes exóticas.

Enfim, acredito que devíamos deixar de dar vistos de entrada a esse tipo de lixo para evitar que venham, sejam bem recebidos e depois falem mal, por piada idiota ou não, de nosso povo ou de nosso país. Temos problemas sim e aos montes, mas nós somos os únicos que podemos resolvê-los, no máximo podemos estabelecer alianças com países com dificuldades similares ou com envolvimento histórico conosco, como nossos irmãos latinoamericanos ou africanos, restabelecendo uma nova ordem mundial.

Cala boca Stallone!

Aposente-se já, “Sly”!

Fora cães infiéis do Brasil e de toda América Latina!

Saudações autodeterminadas!

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Viva Maio de 68!


Algumas frases dos revolucionários do Maio de 1968:

"Abaixo a sociedade de consumo."
"O agressor não é aquele que se revolta, mas aquele que reprime."
"Parem o mundo, eu quero descer."
"Antes de escrever, aprenda a pensar."
"A barricada fecha a rua, mas abre a via."
"Corram camaradas, o velho mundo está atrás de vocês."
"Proibido não colar cartazes."
"A economia está ferida, pois que morra!"
"A emancipação do homem será total ou não será."
"É proibido proibir."
"Eu participo. Tu participas. Ele participa. Nós participamos. Vós participais. Eles lucram."
"A mercadoria é o ópio do povo."
"As paredes têm ouvidos. Seus ouvidos têm paredes."
"Não mudem de empregadores, mudem o emprego da vida."
"Fim da liberdade aos inimigos da liberdade."
"O patrão precisa de ti, tu não precisas do patrão."
"Sejam realistas, exijam o impossível."
"Não tomem o elevador, tomem o poder."

Aprendi ao longo da vida que ser heroi deveria ser algo almejado por todas as crianças, salvando o mundo dos perigosos terroristas e ditadores de plantão. A eterna luta do bem contra o mal, sempre de acordo com a ideologia da classe dominante, a qual é fartamente distribuída pelos meios de comunicação de massa, pelos tais formadores de opinião (mas eles têm opinião mesmo?) e comprada pela classe média e demais alienados, inclusive pela classe trabalhadora.

Não sou psicólogo e nem pretendo fazer análises dos arquétipos ou outras formas de análise que tanto tem contribuído para nosso entendimento sobre o comportamento humano sob esse prisma, mesmo adorando análises dos figurões da área.

Vou partir novamente para a falência do ser humano, aquilo que nos corroi pessoal e socialmente, vejam só os diversos casos que nos aparecem dia após dia enquanto estamos em nossas salas de jantar, preocupados em nascer e morrer. Salve Mutantes!

Embora nosso país tenha caminhado para o desenvolvimento, o que de fato é importantíssimo, precisamos deixar o comodismo de lado e querer sempre mais. Não basta a melhora nas condições materiais, precisamos fundar o novo homem em bases cooperativas e não pela mesquinharia capitalista sob a égide do darwinismo social rasteiro e em conluio com as religiões que naturalizam as desigualdades, de judeus a muçulmanos, passando pelo catolicismo e pelo protestantismo, ou seja, pelo ópio do povo.

Não podemos nos esquecer de que migalhas são sempre migalhas, quer elas estejam no chão ou em cima da mesa.

Devo morrer sem poder ver um mundo das realizações dos sonhos do memorável Maio de 68, mas quero contribuir criticando o estado lastimável do mundo em que nos encontramos. Que seja apenas meu legado aos filhos que não tive coragem de colocar nesse orbe, mas que eu não tenha apenas passado por esse lugar só para nascer e morrer.

Por isso os exemplos do surgimento e implementação da tal democracia, seja na Grécia Antiga com seus escravos ou a moderna com a exploração do proletariado, não me fazem a cabeça. Isso é pura enganação, uma espécie de legitimação perversa do domínio dos ricos (de sempre!) contra os pobres desse mundo de injustiças.

Ninguém virá nos salvar... salvemo-nos nós mesmos!

Recuperemos o espírito insurgente dos revolucionários pelo mundo, sejam de maio de 68, seja das outras revoltas populares e anarco-socialistas pela História da humanidade.

Saudações envelhecidas, mas insurgentes!

domingo, 11 de julho de 2010

Espanha: A estrela da campeã


Como todos os queridos amigos o sabem, sou um típico vira-lata. Isso mesmo, aquele que quase opta por qual caminho seguir, justamente por trazer diversas heranças culturais familiares, dentre elas a espanhola. No Brasil isso passa longe de ser exclusividade, tendo em vista que somos repletos de diversidade cultural, talvez nossa maior riqueza!

Nossos queridos amigos holandeses me desculpem, já gostei mais do futebol deles e de sua postura humilde, coisa que não apresentaram neste mundial. Perderam para a ótima seleção espanhola e para seu próprio egocentrismo. Evidentemente que vencer a seleção canarinho credencia qualquer seleção ao título, mas não garante isso.

Menções honrosas a Celeste Olímpica de Diego Furlan e a organização e festa impecáveis dos sul-africanos! Parabéns!

Enfim, este ‘post’ é apenas a impressão de um torcedor, o qual ficou amargurado por estar de fora do jogo de hoje, é claro, mas consciente de que as estrelas indicavam (e o polvo Paul também! rs) que una de estas estrellas caen del cielo y que se va imprimir en la camiseta de la Fúria.

Felicitaciones a la selección española!

PS: a foto é singela homenagem às belas mulheres espanholas, similar (não igual) às propagandas europeias sobre as mulheres do 'terceiro mundo'.

Até a Copa do Mundo de Futebol de 2014 no Brasil!

sábado, 10 de julho de 2010

A grande defesa de um goleiro?



Quando o mestre concluiu seu discurso, perguntei-lhe:

- Por que alguns pecadores cumprem suas penas (mais leves) fora da cidade de Dite e outros cumprem penas mais pesadas dentro da cidade? Por que todos não estão aqui?

- Será que tu já esqueceste o que diz a tua Ética - respondeu -, quando ela explica em detalhes, as três coisas que ao céu mais desagradam: incontinência, malícia e bestialidade? A culpa por ter pecado por causa de incontinência ofende menos a Deus. Se você lembrar com cuidado essa doutrina, entenderá por que aqueles lá de cima foram separados destes maliciosos aqui em baixo.

Dante Alighieri. A Divina Comédia: Inferno, Purgatório e Paraíso. Tradução e notas de Ítalo Eugênio Mauro. Em português e italiano (original). Editora 34, São Paulo, 1999.


O Brasil já está fora da Copa do Mundo há algum tempo, mas insistimos em nos ocupar com assuntos futebolístico e policialescos. Afinal de contas, somos o país do futebol e das injustiças sociais, né Dunga? Enfim, viva Espanha! Viva Holanda!

O caso do agora ex-goleiro do Flamengo (seu contrato está suspenso) estarreceu boa parcela da opinião pública (que porcaria abstrata é essa?) e instigou nossa porção paparrazi. A possibilidade de as celebridades estarem quase sempre para além do bem e do mal, e isso não é uma exclusividade brazuca, sempre surpreende com essa espécie de imunidade, tal como os parlamentares detêm e adoram.

Vocês todos foram saturados de informações sobre o caso e como não sou jornalista não vou colaborar com sua fadiga da informação, mas gostaria de comentar que me indigno com as declarações de Bruno antes de toda essa confusão e desse bárbaro crime, em trama na qual tudo indica estar ele envolvido.

As declarações desse rapaz sempre foram machistas e retrógradas, o que não o faz culpado por este crime bárbaro, aliás, crimes semelhantes a esse existem todos os dias por nossas periferias, só que sem o glamour dos flash’s globais e genéricos.

Da mesma forma que aqueles moleques tocaram fogo no índio Galdino por acharem se tratar de um mendigo ou dos moleques da classe média alienada que vão agredir os travestis nas grandes cidades por divertimento, parece que o goleiro-celebridade achou que poderia usar a moça (maria-chuteira declarada, o que não isenta o crime) e descartá-la quando apresentasse algum inconveniente aos seus planos. Dessa forma, ao que tudo indica com a anuência de sua esposa e dos amigos e cúmplices, deram cabo da vida dessa moça.

Muitas especulações são debatidas e os assuntos são tratados pelo mestre e especialista em tudo, Percival de Souza, e seus diletos discípulos. Programas vespertinos são umas merdas mesmo. Talvez eu esteja colaborando para isso de alguma forma.

Sequestrar, espancar, torturar, matar, esconder os restos mortais, apostar na impunidade, passar a culpa para um jovem com menos de 18 anos, tudo isso está no repertório e no imaginário brasileiro. Será que a impunidade prevalecerá? Ter dinheiro atrai os melhores advogados, os quais sempre conseguem as melhores brechas nas leis, preparadas “fofamente” por nossos queridos e comprometidos parlamentares.

Contudo a origem pobre de Bruno irá pesar contra ele, sem dúvidas. Todas as ladainhas sobre o sofrimento do menino pobre e a rápida ascensão (já possui diagnóstico para isso também! Viva os laudos psicológicos!) o condenarão, seja na esfera jurídica ou na social.

Esperemos o desenrolar de mais uma história dantesca em nosso inferno com vista pro mar... que às vezes também é o Éden terrestre. Façam suas apostas:

Defesa memorável?

Gol da Justiça?

Impedimento?

Olho aberto torcida brasileira!

Saudações na marca do pênalti!

sábado, 5 de junho de 2010

Israel, Estado terrorista!


A burguesia rasgou o véu de emoção e de sentimentalidade das relações familiares e reduziu-as a mera relação monetária – Marx & Engels

Hoje utilizo esse espaço para lamentar a atitude do Estado terrorista de Israel em mais um de seus crimes contra os povos da faixa de Gaza e militantes oriundos de causas humanitárias. Será que um dia isso acaba? Parece que tão breve não acontecerá!

O esforço de Brasil e Turquia para tentar acordos internacionais sem intervenções bélicas ou sanções econômicas pode ir por água abaixo... tendo em vista a postura petulante dos EUA e seus aliados pelo mundo e, sobretudo em Israel. Não querem paz, querem sugar todos os recursos planetários e eliminar todos que se oponham ao seu mirabolante desejo!

Assistimos nos últimos dias a uma terrível agressão do Estado de Israel (queridinho dos cães infiéis) que utilizou violência para impedir que a ajuda comunitária chegasse aos povos oprimidos da faixa de Gaza, território invadido por esse Estado terrorista, incrustado no Oriente Médio segundo o desejo dos “capitalistas sem fronteiras”. O navio em questão estava em águas internacionais e foi interceptado pelo irmão menor (não mais novo!) dos estadunidenses.

Não pretendo aqui debater as raízes históricas ou teológicas desse conflito, até porque o problema lá é estratégico-militar e econômico, como bem se sabe. Interesse esse nos petrodólares e também em barrar o crescimento da religião que vem se destacando em diversas regiões do planeta, ameaçando a estrutura da aliança judaico-cristão-ocidental.

Também não quero aqui defender “homens-bomba”, não aprecio fundamentalismos, sejam religiosos (mundo islâmico) ou econômicos (mundo capitalista). Estamos todos cansados, não exatamente todos (apenas seres pensantes), das explicações e justificativas mágicas dos deuses Iavé, Jeová, Alá, Buda, Shiva, seja lá qual for o de sua preferência! No final das contas todos se submetem ao “Deus Dinheiro”! Observem os evangélicos da teologia da prosperidade...

Enfim, enquanto escrevia esse texto ouvi sobre um novo navio sendo interceptado e, segundo os registros das forças armadas israelenses, sem violência. Talvez pelo fato de esse navio ter bandeira irlandesa? O anterior tinha bandeira turca.

O Estado de Israel também se comporta como um Estado teocrático, aos moldes dos seus declarados inimigos islâmicos, mas o deus a que servem esses Estados, embora os chame por nomes diferentes, trata-se da mesma entidade, qual seja o “Deus Capital”. Insuflam seus povos a uma guerra santa de acordo com seus interesses comerciais, sem o menor pudor e naturalizam disputas irracionais entre povos que poderiam perfeitamente conviver de forma pacífica, não fosse a cobiça dos capitalistas.

Encerrando o texto (não a discussão!) lembro que ainda haveria um outro grupo religioso que poderia apimentar essa disputa, contudo parou de disputar pelas armas a região desde as Cruzadas. Cristãos parecem ter deixado de lado a disputa bélica por esse território sagrado a tantos, talvez por assimilar melhor aliados comerciais do que os demais, ainda reféns do fundamentalismo.

Israel não pode se esconder na imagem do terrível Holocausto promovido pelos nazistas (e com a omissão dos capitalistas do mundo – EUA, Inglaterra e França), além de não terem sido somente os judeus perseguidos por esse regime e seus aliados, e promover um novo Holocausto agora contra os povos da Palestina sob o pretexto de uma espécie de imunidade adquirida pelo sofrimento do povo judeu, seja na perseguição nazista ou na escravidão no Egito. Consideram-se o povo eleito de Deus, mas para quê? Perpetuar a guerra? A exploração?

Sejamos sujeitos da nossa História!

Façamos com que a consciência de classe possa se fortalecer cada dia mais, para que possamos nos levantar contra os exploradores capitalistas e nos unir pela verdadeira peleja a ser travada nesse planeta, a luta de classes!

Proletários de todo o mundo, uni-vos! – Manifesto do Partido Comunista (Marx & Engels)

domingo, 23 de maio de 2010

A imprensa a serviço dos poderosos


Nesses dias alguns assuntos me tiraram o fôlego e me chamaram atenção. Resolvi ruminá-los para depois comentar. Aliás, diga-se de passagem, destaco ótimos artigos de amigos e de um professor, publicados em blog’s que acompanho e que inspiram a pensar. Aponto aqui os link´s:


http://priscillabranco.blogspot.com/2010/05/espertinhos-e-espertalhoes-g-pugliese.html

http://maximo.r.blog.uol.com.br/

Um dos assuntos foi a maneira nefasta com que a revista-lixo-não–reciclável (Veja) trata a questão indígena em nosso país. O outro trata do acordo entre Brasil-Irã-Turquia, evitando, assim, diversas sanções ao país persa e um novo possível conflito entre “os donos do mundo” e o Irã, o que poderia levar o planeta ao aumento do caos em que já vivemos.

Não pretendo aqui esquadrinhar argumentos acerca desses dois assuntos, pois já indiquei duas ótimas fontes para que consultem e se estabeleçam melhor sobre tais temas.

Novamente gostaria de apontar a velhacaria de nossa imprensa “livre” e burguesa, ligada pelas entranhas aos poderosos e opressores do povo brasileiro e com compromissos com os gatunos estrangeiros, doidos para desqualificar nossa história e nossos avanços (por mais tímidos que ainda sejam eles).

São esses sujeitos nada confiáveis que se pretendem acima do bem e do mal, neutros e cuja apresentação de qualquer forma de controle social, apegam-se ao clichê da suposta censura. Não dizem que são apenas meia dúzia de famílias que detém o controle de transmissoras e retransmissoras dos canais de tv, rádios e donos de jornais. Quer maior censura do que um país que se divide entre os que tem e os que não tem acesso a saúde, educação, lazer, cultura, trabalho, ou seja, condições mínimas para uma vida digna?

Não defendo e nunca defenderei o direito de imprensa e de expressão alicerçada apenas na possibilidade de uma classe social poder se valer dela.

Não defendo esses calhordas (fariseus hipócritas!), esses sanguessugas dos trabalhadores brasileiros e dos demais países!

Descolonizar é preciso!

A necessidade do aval estrangeiro, especialmente do velho continente e dos cães infiéis (EUA), deve ser substituída pela aliança entre os povos que lutam por sua autodeterminação.

Aguardemos os próximos lances desse jogo de xadrez!

Saudações descolonizadas!

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Apenas palavras



Vento No Litoral
Legião Urbana
Composição: Renato Russo

De tarde quero descansar
Chegar até a praia e ver
Se o vento ainda esta forte
E vai ser bom subir nas pedras
Sei que faço isso pra esquecer
Eu deixo a onda me acertar
E o vento vai levando
Tudo embora...

Agora está tão longe
ver a linha do horizonte me distrai
Dos nossos planos é que tenho mais saudade
Quando olhávamos juntos
Na mesma direção
Aonde está você agora
Alem de aqui dentro de mim...

Agimos certo sem querer
Foi só o tempo que errou
Vai ser difícil sem você
Porque você esta comigo
O tempo todo
E quando vejo o mar
Existe algo que diz
Que a vida continua
E se entregar é uma bobagem...

Já que você não está aqui
O que posso fazer
É cuidar de mim
Quero ser feliz ao menos,
Lembra que o plano
Era ficarmos bem...

Olha só o que eu achei
Cavalos-marinhos...

Sei que faço isso
Pra esquecer
Eu deixo a onda me acertar
E o vento vai levando
Tudo embora...


Tantos são os assuntos para “falar” que, às vezes, é mais cômodo calar-se. Já utilizei desse expediente em outras oportunidades, tento não fazê-lo agora. Também já lhes comuniquei oportunamente sobre minha triste hemorragia na veia artística. Sangrou, sangra e sangrará até o crepúsculo de meus dias.

Ano eleitoral com o tempero de uma copa do mundo de futebol, não apenas uma copa, mas a primeira a realizar-se no continente africano, no berço do apartheid institucionalizado de outrora. Triste ou alegre? Saberá lá o quê!

Encontros e desencontros desse orbe das expiações e provas, contagiados pelo entreguismo fácil e pelo abatimento fugaz. Acaso “ a vida vem em ondas como o mar, num indo e vindo infinito” porque nadar contra a corrente? Talvez pelo fato mesmo de tentar se livrar delas (as correntes!).

Nosso porto seguro, ou seja, nosso recolhimento até a parte que nos cabe desse latifúndio, poucas vezes tem vista para o mar e também, não raras vezes, nos proporciona a desventura da solidão das paisagens.

Enfim, o mar nos apresenta todo seu fascínio de forma sedutora e nos arrasta para águas nunca d’antes navegadas e, ao afogar-nos em seus mistérios, nos traga até sua imensidão incógnita. Oportunidade para otimistas, desgraça para pessimistas e apenas mais um dia para nós, os realistas.

Minha porção anarquista é entusiasta do caos e do apocalipse, contudo a condição humana pede explicações para me sentir confortável nessa relação tempo-espaço arrastada. E, nessa toada, sigo entendendo pouco, mas arrebatado pelo desconhecido.

Como pode alguém que admira a tal liberdade,  entregar-se ao anseio por ser preso ao destino de outro alguém numa dialética do amar/sofrer e ainda buscar sua síntese? Iracema ou Capitu, eis a questão! Melhor mesmo é fincar meus pés ao chão e trilhar novos caminhos bem longe da ficção, pois a vida não é para amadores, tampouco para amantes românticos, isso já passou para as páginas dos livros de história.

Encerramos nossas transmissões...

Saudações desencontradas!

domingo, 2 de maio de 2010

Alice no país das maravilhas: Brasil, sil, sil!


Neutro é quem já se decidiu pelo mais forte.

A experiência de irracionalidade do mundo tem sido a força motora de todas as revoluções religiosas.
Max Weber

Aquele que botar as mãos sobre mim, para me governar, é um usurpador, um tirano. Eu o declaro meu inimigo
Pierre-Joseph Proudhon

Respeito à lei, este é o cimento que mantém a estrutura do Estado. A lei é sagrada e aquele que a desafia é um criminoso. Sem crime não haveria Estado: o mundo da moral - ou seja, o Estado - está cheio de vagabundos, mentirosos, ladrões (...) O objetivo dos estados é sempre o mesmo: limitar o indivíduo, domesticá-lo, subordiná-lo, subjugá-lo
Max Stirner

Me pergunto em que tipo de sociedade vivemos, que democracia é essa que temos onde os corruptos vivem na impunidade, e a fome das pessoas é considerada subversiva.
Ernesto Sábato
Os neoconservadores de plantão e do cristianismo rasteiro felicitam a decisão do Supremo Tribunal quanto a não revogação da Lei da Anistia. A decisão combateria algo chamado de revanchismo dos órfãos da esquerda do século XX, segundo os arautos da ordem e do progresso, da democracia e dos bons costumes, ou seja, as carolas cheias de pudores publicamente e devassas nas alcovas. Papo para Nelson Rubens e Sônia Abraão!

Passemos, então, aos problemas gerados por essa lei, mais de 30 anos após sua aprovação. Talvez o problema principal aqui, inclusive apontado pela Anistia Internacional, é que o clima de impunidade em relação aos mandos e desmandos do Estado e de nossos “representantes” passou a ser a verdadeira lei.

Não somente no período da ditadura MILITAR, mas em outros momentos de nossa breve história, fomos (e somos!) esmagados pelos instrumentos democráticos de coerção do Estado que privilegia pessoas de acordo com seus recursos financeiros, criando um apartheid não declarado (não assumido em forma de lei) e que é o responsável pela perpetuação da pobreza, das desigualdades, da impunidade e do aval cego à violência “legítima” do Estado. A legitimidade da violência do Estado se encontra nos diversos dispositivos a serem utilizados para se julgar cidadãos e cidadãs para que não haja injustiça e não baseados no arcaico Código de Hamurábi tupiniquim a que somos submetidos, sobretudo nas periferias de nosso país.

Nossos vizinhos, embora cada qual em seu contexto, sobretudo Chile e Argentina, já tomaram suas necessárias providencias quanto ao acerto com seu passado ditatorial, quer seja abrindo seus arquivos do período e/ou levando a julgamento esses criminosos inescrupulosos e covardes que ceifaram o atraso, as desigualdades sociais e a pobreza em nosso continente.

Somente alguém alienado ou mal-intencionado pode achar que existem dois lados a serem julgados, tendo em vista que aqueles que lutaram contra o regime ditatorial militar (regime que teve o aval e entusiasmo da elite nacional e internacional) já foram presos, exilados, perseguidos, torturados, desaparecidos e mortos, sem o devido direito a um julgamento justo, ou seja, foram sim condenados pelos tribunais e pelos milicos dos porões da ditadura.

Tudo acontecendo em plena Guerra Fria e financiados (todas ditaduras latino-americanas, inclusive a nossa) por nossos “big brothers” do norte da América, aqueles mesmos cães infiéis que treinaram e equiparam cubanos dissidentes para que realizassem um contra-golpe na Cuba já liberta de seu julgo, seu antigo prostíbulo de luxo.

Realmente a instância adequada para a batalha não seria o STF, mas o Congresso Nacional, contudo nossos digníssimos representantes participam não de um fórum para debates sobre planos nacionais ou de interesses maiores do povo brasileiro, mas trata-se de uma grande feira-do-rolo, na qual os interesses privados da burguesia nacional (submissa à internacional!) e seus asseclas, sejam militares, ruralistas, empresários e bancadas evangélica e carolas católicas e das demais religiosidades tentam assegurar seus privilégios medievais.

O debate esfriar-se-á nesse ano de Copa e de eleições, pois tais assuntos não agregam votos e ainda podem complicar a vida de candidatos e candidatas por todos os rincões do país. Sem contar com a ignorância de nosso povo (incluo-me aqui!), fatigado pela sobrevivência cansativa do cotidiano servil.

Menção honrosa aos dois ministros do STF que tiveram a sobriedade de votarem a favor da revisão da Lei de Anistia, quais sejam: Ricardo Lewandowski e Carlos Ayres Britto.



Saudações libertárias!

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Sobre meninos e lobos


O homem é o lobo do homem – Thomas Hobbes
Sei que parece tarde, mas é sempre válido tentar entender o que acontece nos discursos políticos e nas intenções de seus atores. Refiro-me à pérola apresentada por Serra e sua candidatura à presidência em seu discurso de oficialização.

Mas preciso iniciar me retratando com os lobos, animas que lutam por sua sobrevivência e a cuja aparente violência apenas retrata nossos sentimentos de culpa por sermos, não mais predadores pela necessidade, mas pela maldade!

Lamentável a naturalização das desigualdades sociais, encampadas pela “inteligência” tucana, a qual dizia-se defensora dos fundamentos democráticos e que, por mais que desejem possuir um verniz popular, trata-se da defesa de governo de elites, assim como é a democracia tão apreciada pelos ignorantes de sua formação, quer seja na Grécia Clássica dos privilégios e da escravidão, como na Europa Moderna das desigualdades e da xenofobia.

Ao discursar para tentar conciliar interesses de classes contraditórias, tenta “diabolizar” os instrumentos de luta e de justiça social, assim como as entidades que os apóiam e que fazem campanha contra a ampliação de direitos adquiridos em parte do hemisfério norte lá nos séculos XVIII e XIX, os quais ainda não se fazem presentes no hemisfério sul. Trata-se, ainda, dos déspostas esclarecidos tentando sustentar estrutura que os privilegiem em pleno século XXI.

Ao dizer que, caso eleito (batendo na madeira nesse momento!), irá governar para ricos e pobres, sem incitar disputas (de classes!) trata como otários todos os trabalhadores que há tantos séculos vem sendo explorados e que nunca têm espaço de fato (às vezes de direito) para levar suas reivindicações legítimas. Quando surge liderança aparentada com sua desventura, prontamente são desqualificadas ou comparadas ao que entendem ser ridículo ou revanchismo.

Enfim, já escrevi anteriormente que não se serve a dois deuses simultaneamente, pois isso implicaria em problemas de diversas ordens. Contudo, sabemos do que os tucanos são capazes, principalmente no estado de São Paulo, do qual não largam o osso há diversas eleições e no qual aproveitam-se do comodismo e conservadorismo de seus habitantes para perpetuar suas (más) intenções em termos públicos e privados. Apresentam a “cenourinha” que a classe média tanto gosta e nos enfiam goela abaixo (será aí mesmo?) seu projeto entreguista e neoliberal.

Não somente através de meu voto, mas através de discussões e ações, pretendo contribuir para que tal projeto não volte à esfera federal e que nos livremos desses “cães infiéis” também aqui em nosso estado.

Deixo a sugestão para a reflexão do(a) leitor(a) amigo(a).



Saudações!


Ausência

 Car@s Amig@s

O cotidiano me esmaga e impede que tenha momentos para ruminar fatos e notícias e colocar "no papel" minhas humildes observações, por isso estive ausente nesse espaço de que tanto gosto (talvez ao modo de Narciso!).
Mas me esforçarei para dar a periodicidade semanal a este espaço!
Agradeço a compreensão de todos e todas!

Abraço!!!

domingo, 28 de março de 2010

Contra a concepção educacional dos “modernos” déspotas esclarecidos (Tucanalha)


Não é de hoje que tucanos nos fazem o favor de trazer suas brilhantes ideias ou deturpando as ideias de outros em educação pública. Seu verniz conciliador entre pós-modernidade e despotismo esclarecido tem como papel enganar os ignorantes (ignorância = não saber) em relação a seu “saco de maldades”. São sujos e mentirosos, sem dizer que são entreguistas de nossos bens públicos, natureza e nossas almas periféricas.

A charge de Angeli demonstra bem o projeto de educação integrada proporcionada pelos tucanos e seus aliados históricos, quer sejam, os donos dessa Terra de Vera Cruz! Com aval da Santa Sé, dos protestantes, espíritas e demais denominações, os quais prestam o desserviço de naturalizar a desigualdade social.

Impressiona o interesse pela “moda midiática” e o desinteresse pelos dramas cotidianos, tendo em vista que são tantos quantos as estrelas no céu e só têm espaço nos jornalísticos sensacionalistas. Não gostamos de nos reconhecer na realidade, preferimos os supostos laboratórios comportamentais do tipo Big Brother, novelas da zona sul do Rio de Janeiro ou as caricaturas paulistanas, nordestinas ou internacionais.

Abraçar a realidade em suas virtudes e “defeitos” é importante para nosso crescimento pessoal e coletivo. Deixarmos de lado os estereótipos é passo sem o qual não caminharemos bem diante dessa “vida marvada”. É difícil renunciar ao reconforto do sofá e seu entretenimento imbecil (mas “engraçadinho”!), contudo será mais reconfortante do que continuar a nos submeter aos meios de transporte lotados, empregos e subempregos em condições subumanas, vida vazia de objetivos de essência, entre tantos outros aspectos alienantes.

Começar pela educação de nossas crianças e jovens, mostrar valores humanos, desmascarar as mazelas dos poderosos e promover o pensamento crítico são nossas obrigações, evitando que seu mundo se transforme no palco do Admirável Gado Novo. Embora seja, não quero permanecer nesse papel de ovelha, sendo conduzido por pastores fanáticos de várias ordens, sejam elas religiosas, políticas, ideológicas ou quaisquer outras.

Apostar na inteligência humana, no futuro da espécie, na autonomia e na justiça social ao invés do lema burguês de liberdade, igualdade e fraternidade é nossa fundamental tarefa. Colaborando para que nosso futuro (crianças e jovens) possa ser assentado em solo firme e comprometido com justiça e paz. Evitando, assim, a continuidade do sistema integrado Febem-Detenção, para todos nossos jovens. Criando um mundo de cooperação e de valores humanos (os bons!), recriando, não em laboratório, uma sociedade em harmonia com o planeta.

Sejamos construtores do novo homem!

Saudações aos companheiros e companheiras!

sábado, 27 de março de 2010

Diálogo DEMOcrático tucano!


Na última sexta-feira pudemos observar o apreço de Serra (Tucanos/Demos) pela democracia e pelo respeito ao direito à greve e a manifestação. Grande parte da população nem se apercebeu dos acontecimentos devido a comoção social gerada pelo caso Nardoni e seu julgamento, o qual resultou na culpabilidade de Alexandre (pai) e Anna Jatobá (madrasta) com pena de reclusão de 31 e 26 anos, respectivamente.

É triste constatarmos a que ponto chegamos em termos de violência, assim como expressei no último artigo aqui escrito acerca da morte de Glauco e Raoni. Contudo nada temos feito para que a situação mude. Não basta irmos para frente dos locais dos “tribunais” com faixas e soltarmos fogos ao final das decisões dos magistrados, temos que mudar o rumo de nossos destinos coletivamente.

Iniciar com decisões bem apuradas e baseadas em provas inequívocas é passo importante para extirpamos a impunidade dos nossos laços jurídico-sociais, mas devemos construir uma sociedade da essência ao invés da sociedade de consumo irracional. Dessa forma diminuiremos a criminalidade e impediremos sociopatas e psicopatas que tanto vemos a cada dia.

Outro foco importante é garantir às esferas de direitos (civil, políticos e sociais) sua plena efetividade e impedir que governantes utilizem covardemente os recursos de repressão contra o povo em reivindicação por melhorias nas condições de vida, trabalho e na luta pela justiça social.

É sabido que tucanos adoram estatísticas forjadas e têm ojeriza à educação pública de qualidade, vide seus governos estaduais e o retrocesso no período dos 8 anos de governo do príncipe dos sociólogos.

Contudo, ontem realmente foi difícil aceitar a truculência apresentada pelo governador Serra-Burns quando recebeu os professores da rede estadual com sua polícia. Sentar-se à mesa pra negociar “democraticamente” nunca faz parte de seu governo e aos que o contrariam sobram a truculência de nossa polícia, “aperfeiçoada” durante o regime militar, cuja tática de diálogo principal é o confronto direto e contra adversários desarmados. A mesma covardia da época da ditadura militar e ao gosto do nazi-fascismo.

Serra representa quase tudo que não se admira em um ser humano (será que ele é?) e lhe resta apenas a tática da maquiagem através das propagandas pagas (com nosso dinheiro) e a de estúdio, para que sua face nefasta possa sofrer “correções” cândidas. Sua máscara de democrata já caiu faz tempo e comemoremos sua queda nas pesquisas, pois alguém que “queimou” seus próprios aliados, seja Roseana em 2002 ou Aécio agora em 2009/2010, só pode ser alguém de quem devemos nos precaver.

Fora Serra!

Abraços!

sábado, 13 de março de 2010

A morte não tem graça!


Custo a escrever sobre mortes pontualmente, pois não gosto muito de descortinar alguns sentimentos. A morte de Glauco e Raoni não pertence somente a mim, evidentemente, mas o curso de nossa sociedade “civilizada” me apoquenta. A quem servimos? Deus ou Mamon? Não se pode servir aos dois! E não se trata de discussão religiosa, mas de valores humanos.

Há semanas, devido ao confronto entre torcidas uniformizadas, jovens morreram e outros tantos foram feridos. Isso não se restringe a torcedores de futebol, pois a violência está espalhada por toda a sociedade. Todos os dias crianças, jovens, adultos e idosos são mortos brutalmente ou vítimas de toda sorte de violência pelas periferias do Brasil e do mundo. Quem chora essas mortes? Suas famílias e amigos, apenas. Servem também para a histeria de apresentadores de (tele)jornais sensacionalistas.

O número de mortes brutais atinge muito mais “anônimos” do que famosos, é óbvio. Isso provoca orgasmos nos viciados em estatísticas, até porque são assim mesmo tratados. Mortes sem rosto, sem contato, sem história, sem esperança, sem lei, sem moral e, na visão do mercado, facilmente substituíveis. Lamentável a que ponto chegamos! E, lembrem-se, sempre podemos piorar!

Venho aqui escrever por ter crescido e aprendido a lidar com a dura realidade e desenvolvido parte da minha virtude (cinismo) lendo a vida de forma crítica e humorada graças aos ótimos cartunistas brasileiros. Indignar-se, sem perder o bom humor, e me refazer para transformar.

Sempre acreditei que o maior sinal de inteligência seria o bom humor, mas a realidade insiste em tentar apagar esse brilho. Êita, mundão chato dos infernos!!! Sigamos lutando contra tudo e contra todos os mau-humorados de plantão.

Recorrentemente utilizo esse espaço para mostrar meu descontentamento, nem todos enxergam minha luta pela transformação, apenas me consideram um niilista. Bem, será que não leem entrelinhas? Será que não leem linhas? Será que realmente se conformam com o mundo em que vivemos? Será?

Enfim, às favas com seu mundinho “mais ou menos”, de migalhas e “entremuros”!

Lamento profundamente a morte do cartunista Glauco, o qual colaborou para minha formação sociológica e humana, mas, sobretudo, lamento a morte de mais dois seres humanos, os quais juntam-se às estatísticas da violência da sociedade de consumo e da reciclagem.



Adiós amigos!

Vaya com Diós!

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Pax “brasiliana” - 140 anos na história!


Ao ler hoje ao caderno de Dinheiro da Folha de SP, deparei-me com um artigo do ex-ministro Rubens “Parabólica” Ricupero mencionando um tema interessante e instigante, qual seja os 140 anos de paz vivido nesse país. Evidentemente ele se referia aos conflitos externos com nossos 10 vizinhos, algo singular num mundo da ordem bélica e competitiva.

Com a morte de Francisco Solano López em 1º de março de 1840, colocava-se fim a uma guerra inglória (Guerra do Paraguai) e covarde reunindo vizinhos que não se davam, mas que se uniram (sob a benção inglesa) para destruir uma pequena e próspera nação que incomodava os interesses das metrópoles européias e do norte do continente.

A tão comemorada paz perpétua da diplomacia brasileira tem duas faces. É claro que viver num país de raros terremotos, tsunamis, tornados e conflitos bélicos tem suas vantagens, contudo essa imagem pra gringo deixar de mostrar os conflitos internos e nunca resolvidos nessas terras serenas.

Nossa marca diplomática nos trás diversos benefícios, mas será que realmente tínhamos necessidade de posicionamentos mais contundentes enquanto não éramos tão relevantes como somos agora? Ou estávamos alinhados automaticamente com as metrópoles ou temendo sofrer sanções de todo tipo ao se insurgir. Aliás, nossa elite não tinha o menor interesse nisso, pois detinha seus lucros através das migalhas caídas do prato dos grandes capitalistas.

No período mencionado por Ricupero não nos engalfinhamos com nossos vizinhos, mas as revoltas internas, greves, ditaduras e a desigualdade só se agravaram. Dentre os absurdos tupiniquins, somos o único país no mundo que não realizou Reforma Agrária, somos dos poucos que imaginam que paz sem justiça social seja possível e que acredita que o “Estado mínimo” possa sanar os problemas de corrupção e da burocracia.

Não sou defensor de que o Brasil se torne “ignorante” tal qual as nações hostis e expansionistas como nossos vizinhos do norte ou alguns países do velho continente, mas a opção diplomática brasileira deveria levar em consideração valores humanos e não a submissão. Aliás, quando as nações deixarem de tentar levar vantagem e promoverem trocas culturais e comerciais com base em preceitos de justiça, talvez possamos salvar o planeta e as espécies que nele vivem (incluindo-nos, Homo sapiens demens).


Saudações... e paz com justiça!

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Carne vale



Vai Passar

Chico Buarque
Composição: Chico Buarque e Francis Hime

Vai passar nessa avenida um samba popular
Cada paralelepípedo da velha cidade essa noite vai se arrepiar
Ao lembrar que aqui passaram sambas imortais
Que aqui sangraram pelos nossos pés
Que aqui sambaram nossos ancestrais
Num tempo página infeliz da nossa história,
passagem desbotada na memória
Das nossas novas gerações
Dormia a nossa pátria mãe tão distraída
sem perceber que era subtraída
Em tenebrosas transações
Seus filhos erravam cegos pelo continente,
levavam pedras feito penitentes
Erguendo estranhas catedrais
E um dia, afinal, tinham o direito a uma alegria fugaz
Uma ofegante epidemia que se chamava carnaval,
o carnaval, o carnaval
Vai passar, palmas pra ala dos barões famintos
O bloco dos napoleões retintos
e os pigmeus do boulevard
Meu Deus, vem olhar, vem ver de perto uma cidade a cantar
A evolução da liberdade até o dia clarear
Ai que vida boa, ô lerê,
ai que vida boa, ô lará
O estandarte do sanatório geral vai passar
Ai que vida boa, ô lerê,
ai que vida boa, ô lará
O estandarte do sanatório geral... vai passar


Não importa a versão histórica de nossa preferência, o relevante nessa festa chamada Carnaval, marca brasileiríssima tanto quanto o futebol, mesmo suas origens sendo ligadas ao velho mundo. A tal festa da despedida da carne e pela purificação de nossas almas fustigadas impressiona pela exuberância, pelo inusitado e pelo consumismo cultural que representa nos dias atuais.


Há controvérsias sobre a origem dessa festa, passando desde os primórdios da cultura ocidental lá na Grécia clássica, tendo outra versão remontando aos “gloriosos” dias do Império Romano ou, ainda, ao período do medievo na Europa das sombras e sob a tutela dos “Papas de Deus”. Mas, enfim, o que nos importa é saber o quanto de festa popular e de cultura de massas tem essa festa da carne.

A formação em sociologia e a militância política me deixam em uma verdadeira “sinuca de bico”, pois trata-se (ou se tratava) de evento pertencente ao folclore de nosso país e de outras localidades também, é verdade. Seja na “cidade luz” das máscaras, nas tradições sem samba em New Orleans, em recantos orientais ou nas diversas expressões carnalavescas de Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo ou na região amazônica, a população se esbalda nessa festa durante o período permitido pelas autoridades eclesiásticas, governamentais e pelos patrões.

Nunca fui grande entusiasta dessa festa, somente participei voluntariamente em tenra idade nos carnavais de rua no bairro da Lapa (desfiles na Rua Doze de Outubro) e em algumas matinês no SESI-Leopoldina, nada além disso. Bem, na verdade, estive no Anhembi há anos atrás e em ensaios de uma escola de samba da zona norte, mas puramente para agradar a dona do meu coração à época. Constatei que a bateria de uma escola de samba é algo sobrenatural, tendo vivido emoção sonora parecida somente quando ouvi os motores de um Fórmula 1 em Interlagos.

Os incômodos desse velho estão na comercialização do carnaval e seus agregados, na ditadura do samba enredo e dos desfiles durante esses dias. Não posso me esquecer da hipocrisia permissiva que representa essa data, além da suposta realeza apresentada nessa festa.

Não pertenço e nem pretendo pertencer a qualquer tipo de corte, até por não acreditar nesse tipo de sociedade e ser feliz por estar livre desse tipo de julgo (ao menos supostamente! rs). Assim como Pelé, Roberto Carlos e Xuxa não serem por mim considerados de qualquer realeza.

Os meios de comunicação, controlados por nosso Big Boss capitalista, adora esse tipo de alienação por poder manipular alegremente e impor a todos a obrigação da felicidade em forma de consumo e abuso. Comércio sofisticado e rasteiro no mesmo produto!

Por final, a Santa Amada Igreja, do alto de sua magnificência inquisidora, permiti-nos abusos para que possam vender o perdão em prestações. Quer pagar quanto? Ou os irmãos mais novos da Santa Inquisição, sejam pentecostais ou não, condenam a festa como algo criado pelo demônio, comportamento comum a seus pastores, bispos e apóstolos, emaranhados na gula, na avareza, na inveja, na ira, na soberba, na luxúria e na preguiça.

Para evitar um fim tão triste quanto o de Policarpo Quaresma, prefiro valorizar as questões culturais de todos os povos, todavia raciocinando sobre os valores, costumes e interesses impregnados nessas formas de expressão humana, não participando de um consenso automático, burro e imposto pelos poderosos da economia mundial.