sábado, 26 de setembro de 2015

Desista de desistir

A desistência é doce
Cala quem quer flores
Justifica nossa ausência
E evita nova dependência
Mas quem é independente?
Caso haja alguém, apresente-se!
Desiste-se na vida de pouco
Do que realmente não nos interessa
Mas se há desejo, não abdicamos
Mesmo que seu alcance esteja
“Anos-luz” do que almejamos
Apenas como poetas fingimos
Dissimulamos a dor de uma forma
Pela quase confortável renúncia

VRJ - poema escrito em 25/12/2013.

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Outros tempos

Impressionante, mas ainda eles existem
São fundamentalistas e, além disso, insistem
Na bobeira com toques de sadismo
Além da ignorância nossa de cada dia
Imaginam-se vivendo na guerra fria
Dizem defender os costumes e a família
Mas conservam deveras a hipocrisia
Naturalizam aquilo que é cultura
Têm seu deus conservado nas alturas
Distante da realidade que nos afeta
Aquela que é duramente nua e crua
Seguram na mão dos seus dogmas
Com eles imaginam ganhar o seu céu
E quando em terra tentamos cooperar
A humanidade fraternal já não lhes serve
Escondem-se da realidade atrás de um livro
Que mal lido e seguido promoveu o extermínio

VRJ - poema escrito em 19/12/2013.

domingo, 20 de setembro de 2015

Um tal progresso

O que dizer do progresso
Arrasta todos para o novo
Às vezes sinto que é o certo
Noutras vejo com desgosto 

Daqueles que em seu nome
Desafiam a alma humana
E a inteligência que foi chama
Hoje é rescaldo de incêndio

Terminado o amor pelo fogo
Despertado pela novidade
Agoniza no campo da saudade

Mas o adeus é melancólico
E deixa peças espelhadas

Perdidas na nossa cidade

VRJ - poema escrito em 15/12/2013.

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Aqui jaz

Na aridez da metrópole
A tristeza de uma lápide
Uma vida em poucas palavras
Nem todas são lisonjeiras
Mas juntas formam uma visão
Não pode mais contestá-las
Quem passa as lê sem trapaça
E faz seu próprio julgamento
Tudo de bom e de ruim num só tempo
O que está lá, não está em testamento
Pobre daquele que nessas linhas
Sua própria angústia reconhece 

VRJ - poema escrito em 15/12/2013.

domingo, 13 de setembro de 2015

Mais um dia, menos emoção

Encerrou-se mais um dia dentre tantos
Idéias, sons, letras, sentimentos e pessoas
Todos embaralhados e esperando
Aquilo que foi muito importante

E agora está largado em qualquer canto

VRJ - poema escrito em 30/11/2013.

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

O vazio do nada

Desconfio que não exista
Embora da procura não desista
Meu objetivo é encontrar
Mas nenhum indício aparece
Talvez já esteja morto
Possivelmente escondido
Da curiosidade humana
Momentânea e pouco interessada
Melhor é fingir indiferença
Do que mesmo encontrar
O nada da existência banal
Que nos afasta da essência
Vazia de sentido real

Perdida em qualquer sexta-feira

VRJ - poema escrito em 24/11/2013.

domingo, 6 de setembro de 2015

Entre a cruz e a espada

Escolha agora seu caminho
Isso selará o seu destino
Judeus condenam cristãos
Que se dividem e se agridem
Ateus condenam religiosos
Para ganhar força se reúnem
Todos têm a verdade a seu lado
Deus agora é vil metal, é liberalismo
Condenando a mim e a você
Do poder divino ao secular
Todos tentam em vão se salvar
Só quem tem força e poder

Poderá agora consumir e ser 

VRJ - poema escrito em 24/11/2013.

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

A justiça deles

Hoje é dia de coxinha
O gigante abestado
Está repleto de felicidade
Ficou horas na estrada
E riu da piada sem graça
Gargalha com humoristas racistas
Aos domingos está na missa
Acha que o STF fez justiça
Esse órgão a serviço da burguesia
Vai na onda da elite conservadora
Que parece já estar de saco cheio
De ver pobre com comida na mesa
Reivindicando seus direitos sociais
Gostariam de voltar à monarquia
Legitimada pela benção divina
Na qual contente nos prendia
Era da senzala para o tronco
Chibata comendo todo dia

VRJ - poema escrito em 15/11/2013.