domingo, 23 de maio de 2010

A imprensa a serviço dos poderosos


Nesses dias alguns assuntos me tiraram o fôlego e me chamaram atenção. Resolvi ruminá-los para depois comentar. Aliás, diga-se de passagem, destaco ótimos artigos de amigos e de um professor, publicados em blog’s que acompanho e que inspiram a pensar. Aponto aqui os link´s:


http://priscillabranco.blogspot.com/2010/05/espertinhos-e-espertalhoes-g-pugliese.html

http://maximo.r.blog.uol.com.br/

Um dos assuntos foi a maneira nefasta com que a revista-lixo-não–reciclável (Veja) trata a questão indígena em nosso país. O outro trata do acordo entre Brasil-Irã-Turquia, evitando, assim, diversas sanções ao país persa e um novo possível conflito entre “os donos do mundo” e o Irã, o que poderia levar o planeta ao aumento do caos em que já vivemos.

Não pretendo aqui esquadrinhar argumentos acerca desses dois assuntos, pois já indiquei duas ótimas fontes para que consultem e se estabeleçam melhor sobre tais temas.

Novamente gostaria de apontar a velhacaria de nossa imprensa “livre” e burguesa, ligada pelas entranhas aos poderosos e opressores do povo brasileiro e com compromissos com os gatunos estrangeiros, doidos para desqualificar nossa história e nossos avanços (por mais tímidos que ainda sejam eles).

São esses sujeitos nada confiáveis que se pretendem acima do bem e do mal, neutros e cuja apresentação de qualquer forma de controle social, apegam-se ao clichê da suposta censura. Não dizem que são apenas meia dúzia de famílias que detém o controle de transmissoras e retransmissoras dos canais de tv, rádios e donos de jornais. Quer maior censura do que um país que se divide entre os que tem e os que não tem acesso a saúde, educação, lazer, cultura, trabalho, ou seja, condições mínimas para uma vida digna?

Não defendo e nunca defenderei o direito de imprensa e de expressão alicerçada apenas na possibilidade de uma classe social poder se valer dela.

Não defendo esses calhordas (fariseus hipócritas!), esses sanguessugas dos trabalhadores brasileiros e dos demais países!

Descolonizar é preciso!

A necessidade do aval estrangeiro, especialmente do velho continente e dos cães infiéis (EUA), deve ser substituída pela aliança entre os povos que lutam por sua autodeterminação.

Aguardemos os próximos lances desse jogo de xadrez!

Saudações descolonizadas!

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Apenas palavras



Vento No Litoral
Legião Urbana
Composição: Renato Russo

De tarde quero descansar
Chegar até a praia e ver
Se o vento ainda esta forte
E vai ser bom subir nas pedras
Sei que faço isso pra esquecer
Eu deixo a onda me acertar
E o vento vai levando
Tudo embora...

Agora está tão longe
ver a linha do horizonte me distrai
Dos nossos planos é que tenho mais saudade
Quando olhávamos juntos
Na mesma direção
Aonde está você agora
Alem de aqui dentro de mim...

Agimos certo sem querer
Foi só o tempo que errou
Vai ser difícil sem você
Porque você esta comigo
O tempo todo
E quando vejo o mar
Existe algo que diz
Que a vida continua
E se entregar é uma bobagem...

Já que você não está aqui
O que posso fazer
É cuidar de mim
Quero ser feliz ao menos,
Lembra que o plano
Era ficarmos bem...

Olha só o que eu achei
Cavalos-marinhos...

Sei que faço isso
Pra esquecer
Eu deixo a onda me acertar
E o vento vai levando
Tudo embora...


Tantos são os assuntos para “falar” que, às vezes, é mais cômodo calar-se. Já utilizei desse expediente em outras oportunidades, tento não fazê-lo agora. Também já lhes comuniquei oportunamente sobre minha triste hemorragia na veia artística. Sangrou, sangra e sangrará até o crepúsculo de meus dias.

Ano eleitoral com o tempero de uma copa do mundo de futebol, não apenas uma copa, mas a primeira a realizar-se no continente africano, no berço do apartheid institucionalizado de outrora. Triste ou alegre? Saberá lá o quê!

Encontros e desencontros desse orbe das expiações e provas, contagiados pelo entreguismo fácil e pelo abatimento fugaz. Acaso “ a vida vem em ondas como o mar, num indo e vindo infinito” porque nadar contra a corrente? Talvez pelo fato mesmo de tentar se livrar delas (as correntes!).

Nosso porto seguro, ou seja, nosso recolhimento até a parte que nos cabe desse latifúndio, poucas vezes tem vista para o mar e também, não raras vezes, nos proporciona a desventura da solidão das paisagens.

Enfim, o mar nos apresenta todo seu fascínio de forma sedutora e nos arrasta para águas nunca d’antes navegadas e, ao afogar-nos em seus mistérios, nos traga até sua imensidão incógnita. Oportunidade para otimistas, desgraça para pessimistas e apenas mais um dia para nós, os realistas.

Minha porção anarquista é entusiasta do caos e do apocalipse, contudo a condição humana pede explicações para me sentir confortável nessa relação tempo-espaço arrastada. E, nessa toada, sigo entendendo pouco, mas arrebatado pelo desconhecido.

Como pode alguém que admira a tal liberdade,  entregar-se ao anseio por ser preso ao destino de outro alguém numa dialética do amar/sofrer e ainda buscar sua síntese? Iracema ou Capitu, eis a questão! Melhor mesmo é fincar meus pés ao chão e trilhar novos caminhos bem longe da ficção, pois a vida não é para amadores, tampouco para amantes românticos, isso já passou para as páginas dos livros de história.

Encerramos nossas transmissões...

Saudações desencontradas!

domingo, 2 de maio de 2010

Alice no país das maravilhas: Brasil, sil, sil!


Neutro é quem já se decidiu pelo mais forte.

A experiência de irracionalidade do mundo tem sido a força motora de todas as revoluções religiosas.
Max Weber

Aquele que botar as mãos sobre mim, para me governar, é um usurpador, um tirano. Eu o declaro meu inimigo
Pierre-Joseph Proudhon

Respeito à lei, este é o cimento que mantém a estrutura do Estado. A lei é sagrada e aquele que a desafia é um criminoso. Sem crime não haveria Estado: o mundo da moral - ou seja, o Estado - está cheio de vagabundos, mentirosos, ladrões (...) O objetivo dos estados é sempre o mesmo: limitar o indivíduo, domesticá-lo, subordiná-lo, subjugá-lo
Max Stirner

Me pergunto em que tipo de sociedade vivemos, que democracia é essa que temos onde os corruptos vivem na impunidade, e a fome das pessoas é considerada subversiva.
Ernesto Sábato
Os neoconservadores de plantão e do cristianismo rasteiro felicitam a decisão do Supremo Tribunal quanto a não revogação da Lei da Anistia. A decisão combateria algo chamado de revanchismo dos órfãos da esquerda do século XX, segundo os arautos da ordem e do progresso, da democracia e dos bons costumes, ou seja, as carolas cheias de pudores publicamente e devassas nas alcovas. Papo para Nelson Rubens e Sônia Abraão!

Passemos, então, aos problemas gerados por essa lei, mais de 30 anos após sua aprovação. Talvez o problema principal aqui, inclusive apontado pela Anistia Internacional, é que o clima de impunidade em relação aos mandos e desmandos do Estado e de nossos “representantes” passou a ser a verdadeira lei.

Não somente no período da ditadura MILITAR, mas em outros momentos de nossa breve história, fomos (e somos!) esmagados pelos instrumentos democráticos de coerção do Estado que privilegia pessoas de acordo com seus recursos financeiros, criando um apartheid não declarado (não assumido em forma de lei) e que é o responsável pela perpetuação da pobreza, das desigualdades, da impunidade e do aval cego à violência “legítima” do Estado. A legitimidade da violência do Estado se encontra nos diversos dispositivos a serem utilizados para se julgar cidadãos e cidadãs para que não haja injustiça e não baseados no arcaico Código de Hamurábi tupiniquim a que somos submetidos, sobretudo nas periferias de nosso país.

Nossos vizinhos, embora cada qual em seu contexto, sobretudo Chile e Argentina, já tomaram suas necessárias providencias quanto ao acerto com seu passado ditatorial, quer seja abrindo seus arquivos do período e/ou levando a julgamento esses criminosos inescrupulosos e covardes que ceifaram o atraso, as desigualdades sociais e a pobreza em nosso continente.

Somente alguém alienado ou mal-intencionado pode achar que existem dois lados a serem julgados, tendo em vista que aqueles que lutaram contra o regime ditatorial militar (regime que teve o aval e entusiasmo da elite nacional e internacional) já foram presos, exilados, perseguidos, torturados, desaparecidos e mortos, sem o devido direito a um julgamento justo, ou seja, foram sim condenados pelos tribunais e pelos milicos dos porões da ditadura.

Tudo acontecendo em plena Guerra Fria e financiados (todas ditaduras latino-americanas, inclusive a nossa) por nossos “big brothers” do norte da América, aqueles mesmos cães infiéis que treinaram e equiparam cubanos dissidentes para que realizassem um contra-golpe na Cuba já liberta de seu julgo, seu antigo prostíbulo de luxo.

Realmente a instância adequada para a batalha não seria o STF, mas o Congresso Nacional, contudo nossos digníssimos representantes participam não de um fórum para debates sobre planos nacionais ou de interesses maiores do povo brasileiro, mas trata-se de uma grande feira-do-rolo, na qual os interesses privados da burguesia nacional (submissa à internacional!) e seus asseclas, sejam militares, ruralistas, empresários e bancadas evangélica e carolas católicas e das demais religiosidades tentam assegurar seus privilégios medievais.

O debate esfriar-se-á nesse ano de Copa e de eleições, pois tais assuntos não agregam votos e ainda podem complicar a vida de candidatos e candidatas por todos os rincões do país. Sem contar com a ignorância de nosso povo (incluo-me aqui!), fatigado pela sobrevivência cansativa do cotidiano servil.

Menção honrosa aos dois ministros do STF que tiveram a sobriedade de votarem a favor da revisão da Lei de Anistia, quais sejam: Ricardo Lewandowski e Carlos Ayres Britto.



Saudações libertárias!