sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Sentimento versus Razão

Hoje é dia que descarto a ciência
Nada como uma boa causa para negá-la
Mitologia, religião e filosofia
Também dão sentido à vida

Caso aquilo que acreditamos nos faça melhor
Trata-se válida a experiência terrena
Ser humano melhor para si e para os outros
Eis o maior dos desejos dos sonhadores

Acalmar as mentes e corações
Acreditar em algo que apraz
Se um ou outro, tanto faz
Um viva para aqueles que são assim

Hoje vou deixar as certezas científicas
Preciso do agrado mágico
Aproveitando a esperança no invisível
Religando meu eu ao dos espíritos amigos

VRJ - poema escrito em 12/08/2012.

domingo, 30 de outubro de 2016

Sem valor, sem sentido

Nada mais tem valor
A vida mesmo inexiste
Um sujeito antes feliz
Agora passa a ser triste
Escaparam entre os dedos
A esperança e os medos
Sem isso não há sentido
Não foi o mal que venceu
Tampouco o bem prevaleceu
A insensibilidade se fez presente
Nem deus, nem a humanidade
Não só no Oriente Médio
Céu e Terra estão indiferentes

VRJ - poema escrito em 17/07/2014.

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Triste Palestina

Lá de longe vejo as crianças
Não mais inteiras e brincando
Mas seus pedaços espalhados
Resultado de bombas e tiros
Daqueles que se acham especiais
Pensam ser mais do que isso
Por seu deus o povo escolhido
Num Estado cujo nome é Israel
Esquece do holocausto de outrora
Promove outro tão vexatório e cruel
Foram vítimas de perseguição nazista
Agora são responsáveis por promover
Mais uma triste história de genocídio
Adiando nosso sonho de em paz viver

VRJ - poema escrito em 15/07/2014.

sábado, 1 de outubro de 2016

O caminho inseguro

Não há caminho seguro a trilhar
A cada passo que damos na vida
Chegamos justamente a algum lugar 
Cuide para não se arrepender
Quando se escolhe parar de andar
Corre-se o risco de cedo arremeter
Caso seja o percurso acidentado
Não é bom nem olhar pro lado
Decidido siga sempre em frente
A ação do tempo é por vezes atroz
Melhor lutar hoje bravamente
Por tudo que se possa desejar
Do que ao final do trajeto pensar
Não tive o que merecia em vida
Vivi com cautela a me acovardar

VRJ - poema escrito em 06/07/2014.

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Aos cativos dos trópicos

Ainda mora na zona sul carioca
Talvez habite um condomínio paulista
Aqueles onde só vivem dondocas
O que importa é seu desejo de ir
E sua conta escondida na Europa
Afastar-se dessa gente bronzeada
Que acaba de conquistar direitos
Agora consome e voa pelo país
Caso nada seja feito, um dia
Dividiremos um vôo para Paris
Eles têm complexo de vira-latas
Embora um cão sem raça definida
Seja mais humano que a média da classe
Que lambe as bodas do patrão
Pois acha que de sua família faz parte
Adeus Brasil!
Welcome Miami!

VRJ - poema escrito em 18/06/2014.

domingo, 25 de setembro de 2016

VIP (Very Idiot Personal)

O gigante acordou no ano passado
Imbecil como nunca antes na história
Comprou ingresso pro jogo da Copa
Coxinha apupou e xingou, hipócrita
Tá na moda pagar caro e aparecer
Mostrando ao mundo como se faz
Papel de idiota e incapaz
Vira-latas lambedor de botas
Cumpre a agenda dos neoliberais
Aceitando a alienação nossa de cada dia
Acreditando que com trabalho duro
Todos seremos felizes consumidores
A ordem e o progresso dos conservadores
Na liberdade de lucro para os senhores
Será o novo rico da capa da Caras
Oferecendo a bunda para os empresários
Mesmo que voltem em forma de generais

VRJ - poema escrito em 13/06/2014.

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Um pra cá e outro pra lá

Girou para lá e para cá
Não tinha mais a certeza
Irreconhecível era o caminho
Então acabou por desabar ali
Mesmo caído resolveu agir
Capturou sentimentos alheios
Pois os seus foram inutilizados
Colocou todos para bailar
Numa coreografia toda improvisada
À francesa saiu dessa existência
Pôde constatar além-túmulo
Que não se controla o passado
Nem se pode saber do futuro
O presente que se tem é a vida

VRJ - poema escrito em 07/06/2014.

quarta-feira, 29 de junho de 2016

Aos ordinários

Sei que são muitos
Espalhados aqui e acolá
Controlam sua ordinária vida
Como médiuns inexperientes
Orientados por muitos espíritos
Todos perturbados e doentes
Negando as perguntas importantes
Já sabem tudo o que se precisa
Seguindo de cor e salteado
Como é infeliz a sua sina
Quem tenta fugir à regra
Recebe a paga mais fascista
Por ser regra a mediocridade
Somos na sociedade indesejados
Escapamos à sedução dos escravos
Queremos e inventamos a mudança
Incomodando poderosos e acomodados
Mas acaso você seja um desses bilhões
De bajuladores dos encastelados
Não se incomode com esse poeta
Pois sou tosco e de alcance limitado
Sigo meu caminho pelo outro lado
De coração lhe ofereço meus versos
E meu dedo do meio esticado

 VRJ - poema escrito em 04/06/2014.

terça-feira, 21 de junho de 2016

Um passo seguro

O passo de ninguém
Segue manual e tal
Mas todos desejam
As instruções do além
E da cartilha elas surgem
Dão sentido para a vida
Suavizam toda partida
Por outro lado também
Limitam as possibilidades
Mas o que procura o homem
Não é a sua liberdade
E sim o direito de ser alguém

 VRJ - poema escrito em 04/06/2014.

terça-feira, 7 de junho de 2016

Poema sobre nada

O mundo é isso mesmo
Mistérios e descobertas
Perguntas que incomodam
Sem o conforto das respostas
Janelas e portas abertas
Nem mesmo ele escapa
O nada não é nada
Por ser alguma coisa já é algo
Deixou de ser coisa nenhuma
Sua ausência foi roubada
Como se dono do que não há
Fosse a regra agora válida
Deixando de aceitar finalmente
O que se imaginou noutro tempo
Ser tudo aquilo que se sabe
Sobre o nada

 VRJ - poema escrito em 30/05/2014.

quarta-feira, 1 de junho de 2016

Desaconselhando

Na infância
recebi
Avisos e conselhos
ouvi
Muito pretendia e
segui
Algum ‘mimimi’
verti
Mas resisti e
construí
O possível
atingi
No último suspiro
faleci

 VRJ - poema escrito em 22/05/2014.

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Um olhar sobre o tempo

Já fomos parecidos demais
Mas já não me reconheço
Nem me vejo como alguém
As fotos reveladas não mentem
Fui ontem quem não sou mais
Mas se um dia eu fui e hoje não sou
Amanhã serei alguém que desconheço
Que mesmo distante nesse momento
Confirma quem fui ontem
Quem eu sou atualmente
Quiçá o futuro me reserva
Boas lembranças do que vivi
E uma morte doce e serena

VRJ - poema escrito em 21/05/2014.

terça-feira, 3 de maio de 2016

Breve desabafo

Sem estilo, sem escola e todo perturbado
Risco agora essas linhas um tanto atordoado
Quando não dá para reclamar diretamente
Finjo que tá tudo bem e te beijo acanhado
Mas não sou Judas que te entrega por moedas
Faço isso por não ter recebido o que era justo
Seguirei meu caminho sem pagamento e magoado
Sem a certeza de que o que fiz tenha sido o correto
Mas o correto também me fora intensamente negado
Termino esses versos um pouco menos angustiado
Não pude te mandar à merda, como queria
Contudo te expus para além do meu intelecto
Mostrei ao amigo leitor que você não vale um trocado

VRJ - poema escrito em 16/05/2014.

domingo, 17 de abril de 2016

Ser ou não feliz

A propaganda nos força
Desejar é necessário
Corra atrás da felicidade
Que venha em prestações
Pague agora, viva depois
Todo sentimento é criado
Há tempos não existe nada natural
A ilusão é necessária a todos
Desde o empregado até o patrão
Buscar ser completo e feliz
Ter uma família alienada
Trabalhar com o que se quis
Viver as mais invejadas férias
A glamorosa viagem a Paris
Sentir-se vira-latas em seu país
Buscar o que não se quer
Podendo morrer sem razão
Não tendo vivido nada importante
Nem a boa luta, nem o melhor da paixão

VRJ - poema escrito em 15/05/2014.

domingo, 10 de abril de 2016

Todo verso

Todo o verso chega ao seu destino
Até mesmo por caminhos pecaminosos
Algumas vezes é mensageiro enganador
Ardiloso que esconde sua própria dor
Faz cara e pose de ditoso vencedor
Mas não sabe viver das verdades
Por isso esconde suas imperfeições
Deixando escapar mais um amor

VRJ - poema escrito em 11/05/2014.

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Versos sem espaço

No último momento ocorre o fato
Um milímetro a mais e nem teria
Para a sobrevivência do meu ser
Aquele que seria o teu espaço
Nem amarro mais os meus cadarços
Jeito diferente de marcar o tempo
E de deixar de viver nesse espaço
Que sempre fora entendido aqui
Como território singular e vasto
Um latifúndio para as tristezas
E o refúgio a alimentar os fracos

VRJ - poema escrito em 07/05/2014.

quarta-feira, 6 de abril de 2016

Toda sua covardia

Vivendo à sombra do pecado
Sua existência era tão irrelevante
Que desejou deixar tudo de lado

Não aceitava mais a luz do dia
Recusava-se a realizar as tarefas
Deixando-lhe escapar até a rotina

Agora que nada mesmo ele teria
A vida tudo já lhe tinha roubado
E o que não lhe foi surrupiado
Entregara sem mostrar valentia

VRJ - poema escrito em 07/05/2014.

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Amarguras

Não as cultive por um motivo
São péssimas companheiras
Na viagem significa peso extra
Algo que não mais interessa

Como correntes a serem arrastadas
Atrapalhando todo o andamento
Deixam gosto amargo na estrada
Como uma espécie de doce-veneno

Preparando a vida nova que virá
Sangrando até a última gota
Toda a alegria que me restava

Mas há de existir algum refúgio
Guardando toda a minha solidão
Em lugar protegido e sereno

VRJ - poema escrito em 07/05/2014.

sábado, 19 de março de 2016

Crescendo e esquecendo

Aprendi lição importante
Não mais me preocupo
Com sua necessidade de falar
Quando devia ficar mudo

Sua opinião ainda é importante
Só que não mais para mim
Mas para outro alguém desimportante
Guarde bem essas palavras que escrevo

Pode até parecer que há rancor
Mas não cultivo esse sentimento
O que sinto agora é simples desprezo

VRJ - poema escrito em 01/05/2014.

segunda-feira, 14 de março de 2016

Essa noite

A noite nunca acaba bem
Sempre há do que reclamar
Estou ao seu lado sem reparar
Alcanço seus lábios por desejar

Mas a sucessão das horas rouba-te
E minha alegria agora irá terminar
Pois ao amanhecer não a tenho mais
Apenas com meus sonhos vai me deixar

VRJ - poema escrito em 30/04/2014.

terça-feira, 1 de março de 2016

Conjunto Residencial Coxinha

No condomínio coxinha é assim
Notícia fresquinha da Veja
Conversa de cabeleireiro
Embasbacado com a novidade
E com a sunga da autoridade
Sonha com a ilha e com o castelo
Não tem vergonha na “Caras”
Paga atrasado a luz, o gás e demais taxas
Mas compra Nike e ostenta a biju
A aparência vale mais que a personalidade
Não vive e nunca viveu de suas virtudes
Mas da imagem distorcida e babaca
Que insiste em chamar de realidade

VRJ - poema escrito em 25/04/2014.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Ave César!

O problema está na forma
A solução no conteúdo
Nunca fui o “Ás” da ciência
Menos ainda filósofo profundo
Sei que sem a razão nada sou
Afogo-me no lago mais fundo
Das certezas confortáveis
De águas turvas e fétidas
Aperfeiçoadas na estupidez
Das crenças fortificadas
Pela mentira sagrada

VRJ - poema escrito em 16/04/2014.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

A fuga

Hoje o verso faz sentido
Trata-se da fuga necessária
A realidade nos separa
A quimera nos ampara

Para não ser rabugento
Mexo com calma o caldo
E preparo a mandinga
Daquele jeito!

Mas agradeço a Athena
Ela nunca me faltou
Quem me faltou foi outra

Afrodite me abandonou
Deixei de acreditar na sorte
E num beijo me resgata a morte

VRJ - poema escrito em 16/04/2014.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Sobre a sucessão dos instantes

Sua força é notável e irresistível
Não há o que possa detê-lo
Apesar dessa certeza espero
Recriar bíblica batalha
Davi e Golias dos pós-modernos
Enquanto pela razão me liberto
Dos seus caprichos somos reféns
Temos começo, meio e fim
Dizem que ele é infinito
O que não tem fim tem começo?
Sei que é senhor da razão
Só não sei qual a razão nisso
Sou preso a ele contra a vontade
E para me vingar de seu arbítrio
Consegui criar maneira de controlá-lo
Eis o relógio no pulso e na parede
A cobertura para essa heresia veio lenta
Sou presidiário do meu tempo
Só a morte me liberta e acalenta

VRJ - poema escrito em 06/04/2014.

sábado, 6 de fevereiro de 2016

A tortura midiática

Hoje tenho verniz democrático
Meu passado é comprometido
Manchetes para limpar a situação
Defendemos os valores da nação
De um povo indefeso e sem certezas
Inventamos, noticiamos e impomos
Editorais mostram nossa verdade
Escrotos e subservientes somos nós
Fugimos a nossa responsabilidade
Deixamos culpar apenas os militares
Somos os reais facínoras golpistas
Empresários do campo e da cidade
Impedindo que o povo escolha
Os destinos por sua própria vontade

VRJ - poema escrito em 31/03/2014.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

E tu?

As jornadas ruins acontecem
Os grandes também perecem
O que importa é que todos sabem
Que minha terra tem Palmeiras
Onde canta o sabiá
Aos que ficaram antes pelo caminho
E agora gozam com o pau do vizinho
Parabéns por sua classificação?
Mas não há o que festejar
Há tempos caíram no Paulistão
Sem mais com o que delirar
Aguarde por aí mais um mês
E verá seu time pelejar
Que venha a vitória aos melhores
Mas sei que aceitam bem a esmola
Somos tão grandes que para medíocres
Nosso revés os faz delirar

VRJ (Primeiro associado da turma do pistache) - poema escrito em 30/03/2014.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Lamentos I

Não me interrompa até eu diga
Não seque a esperança arrependida
Siga seu caminho sem despedida
A vida não para pra quem fica
E se já foi
Adeus
Não viva ferida e ressentida
Não se escolhe magoar a menina
Tampouco abrir antiga e dolorosa ferida
Apenas mostre sentimento e viva

VRJ - poema escrito em 27/03/2014.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Troca ilusória

O tempo passa
Às vezes cura
A esperança abala
Às vezes fica turva
O problema cresce
Como fosse um avião
Deus desaparece
E se a solução brota
Troca-se a tal solidão
Pela ilusória lorota

VRJ - poema escrito em 16/03/2014.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

A fatura da cruz

Em nome da propriedade
Dos costumes e da família
Vamos promover patifaria
A punição vai para Judas
E suas moedas reluzentes
Cuja luz mais tarde vai nos guiar
Melhor do que aceitar o fato
De que a culpa é toda nossa
Desde a manjedoura
Até o ato de crucificar
Culpem os romanos e os judeus
Persigam as bruxas e os ciganos
E quando a magia acabar
Os pagãos não vão reclamar
Caso também culpem cristãos
Pois alguém precisa pagar

VRJ - poema escrito em 04/03/2014.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Das cinzas

Às folias e regalias
Ninguém renuncia
Mas apenas poucos
Tem isso em suas vidas
A possibilidade restrita
Ter a fartura que anima
Isso alimenta a esperança
Vida em abundância
O resto é careta
É errado
E eu estou livre
Já fui perdoado
É assim de onde venho
Não há deus
E aboliu-se o pecado

VRJ - poema escrito em 04/03/2014.