sábado, 30 de janeiro de 2010

Textos da juventude - parte I

Car@s Amig@s

Em minha juventude, pouco tempo depois de ingressar na faculdade de Ciências Sociais na PUC-SP, li (indignado!) um texto do eterno deputado estadual Campos Machado, publicado no jornal de bairro de minha região, decidi enviar resposta refutando suas ideias conservadoras acerca da redução da maioridade penal. Gostaram do texto, entraram em contato comigo em meu trabalho (eu era office boy em uma agência de empregos), tiraram foto e publicaram na seção de artigos do jornal.

Na semana seguinte escreveram nesse jornal acusando os trabalhadores que se manifestam na Avenida Paulista por melhorias nas condições de vida de vagabundos baderneiros e escrevi novamente, contudo reservaram apenas a seção de cartas dos leitores para colocarem meu texto. Infelizmente não guardei os textos que refutei, contudo tenho os meus e decidi publicá-los aqui:

* Para acessar o texto em tamanho maior e poder ler, clique com o botão direito do mouse e selecione a opção 'abrir nova guia' ou 'abrir nova janela'. Ou ainda clique na imagem do texto e verá em tamanho "legível".

Textos da juventude - parte II

Textos da juventude - parte III

sábado, 23 de janeiro de 2010

Companheira Natureza!



Um espectro ronda o Brasil, é o fantasma do comunismo naturista!

Classe média paulistana

Terremotos devastadores no Haiti, tempestades de neve castigando a Europa, calor infernal nos Trópicos e as chuvas pelo Brasil e pelo mundo provocando mortes e desabrigados. Os leitores do diário oficial da classe média aqui no Brasil já começam, juntamente com nossos queridos governantes (em especial Aquassab e Serra Burns) a lançar suspeita sobre as intenções subversivas da Natureza e dos costumes precários da população (cultura de pobre, diriam!) responsáveis, segundo nossa elite escravocrata e racista, pelos desastres “naturais” que vimos sofrendo nesse início de 2010.

Com toda certeza, pelo menos em relação aos que têm coração, todos observamos estarrecidos a triste situação do Haiti e seus terremotos, os quais castigaram esse país e seu povo já tão castigados pela história e pela gigantesca desigualdade social, cuja marca é continental. Os povos pobres das Américas sofrem desde a invasão européia e depois em função da política predatória estadunidense com o agravamento dessa lastimável situação. O Haiti é uma espécie de amostra disso. Quando nos levantamos contra isso, a burguesia internacional e seus capachos (burguesias nacionais dos países satélites) tratam de nos qualificar como incivilizados, revanchistas, crianças despreparadas e necessitando de tutela, além de outros adjetivos pouco lisonjeiros.

Basta uma rápida passada de olhos nos periódicos e revistas da classe média para entender o ódio que sentem por pertencerem ao mundo em desenvolvimento. Gostariam de transferir a pobreza para outros territórios (mesmo que tivessem que ceder um naco desta República das Bananas). Talvez tenham vergonha de confessar que sonham em estabelecer oficialmente a antiga saída sulafricana (Apartheid). Reflexo disso pode ser visto na seção de cartas de leitores e os editoriais do Estadão, por exemplo. Ah sim... recomenda-se um engov antes e outro depois.

Sei que vão me tomar por insensível, mas estamos presos a coberturas sensacionalistas ou do jornalismo da exceção, vide cobertura dos acontecimentos em Angra dos Reis com a sensibilização para as perdas materiais e familiares dos donos de pousadas e de gentes. A situação da ocupação sem planejamento dos espaços metropolitanos e dos points dos novos ricos revela o desrespeito humano em relação à Natureza (da qual fazemos parte!).

Ao dominarmos novas técnicas para vivermos melhor, mesmo que em benefício de pequena parte da Humanidade, passamos a pensar que somos deuses, substituindo a imagem do antigo Todo-Poderoso por nossas bugigangas high-tech e/ou nossa inteligência superiormente interessante. Quem é essa tal Natureza que tenta nos deter em nossas ambições superiores? Trata-nos como simples bípedes!

Os governadores tucanos, Aécio Neves e José Serra, preferem ficar calados a maior parte das vezes, como se nada tivessem com isso. Quanto ao prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, culpa o volume de água inusitado (Natureza) e os paulistanos "porcalhões" que jogam seu lixo em qualquer lugar. Não menciona o drástico corte de verbas que sua gestão acabara de realizar e que tornou a já frágil varrição das ruas e a coleta irregular e irracional (sem preocupação com separação de materiais) em drama diário.

Ouvir tucanos e seus aliados (nossa elite) reclamar de governos anteriores pela falta de planejamento é um insulto a nossa inteligência, pois há quantos anos eles administram o estado sob a sigla PSDB? Pelo menos 16 anos! Somam-se aí suas gestões anteriores com outras siglas, tais como PMDB/PFL/PDS/DEM/ARENA. Nunca fizeram nada em relação à ocupação desordenada, pelo contrário, sempre atenderam às necessidades da burguesia em ocupar de acordo com seus interesses econômicos, sem preocupações sociais e ambientais.

Essa população de classe média, alienada e ciumenta de suas conquistas materiais, meras migalhas diante dos monumentais lucros da burguesia internacional, presta-se ao desserviço de cair nesse joguinho de empurra dos seus ídolos. Vão acabar elegendo o "picolé de chuchu" novamente e não vão poder reclamar das vigas caídas do Rodoanel, dos buracos do metrô, das enchentes/alagamentos e dessa vida medíocre que temos, passando grande parte do tempo no trajeto para o trabalho e na volta para casa e produzindo mais-valia para os patrões, sem direito às condições mínimas de vida digna.

A imprensa e as empresas privadas têm ojeriza a qualquer forma de controle, pois poderão inibir seus lucros pornográficos, inclusive através das "mutretas" (versão perversa das parcerias público-privadas) com a parte corrupta do funcionalismo público. A imprensa não aceita controle social, mas vive e se pauta de acordo com os interesses privados dos donos do poder, passando um verniz de vontade geral.

Acaso não tenha ficado claro a todos que veem notícias por quaisquer meios de comunicação que, tanto na cobertura dessas catástrofes "naturais" quanto em relação ao PNDH 3 (Plano Nacional de Direitos Humanos), esses fatos estão sendo encarados como entraves ao futuro que nossa elite planejou carinhosamente para todos nós, nos alertando sobre uma possível conspiração comunista armando seu terreno para estabelecer a ditadura de classe de revanchistas torturados pelo bem da nação, apoiados pela terrorista Natureza (assim  que nomeiam guerilheiros e quaisquer outros que divergem de suas opiniões).

Saudações alagadas!





domingo, 10 de janeiro de 2010

Do amor a uma flor



Navegar é preciso, amar não é preciso
Fernando Pessoa


Amor é fogo que arde sem se ver
Luis Vaz de Camões

Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que se ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade
É servir a quem vence o vencedor,
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade;
Se tão contrário a si é o mesmo amor?


Tantos já escreveram em prosa e verso sobre o amor, mas sua teoria é realmente difícil de ser realizada na prática. São tantos os empecilhos nesse orbe para fazê-lo valer, que tantas vezes desanimamos em acreditar que de fato que podemos encontrar o “par perfeito”, a metade da laranja.

Embora Fernando Pessoa tenha nos alertado mesmo sobre o perigo maior em amar do que em navegar nas águas calmas ou agitadas, tendo em vista que os cálculos matemáticos tornam tais viagens e desafios mais precisos, dada a imprevisibilidade dos arroubos das paixões e dos amores. Acreditar ou não acreditar, eis a questão.

Prometo sigilo do seu nome, querida flor de lis, pois bem sei que esses assuntos não pertencem à esfera pública, são somente meus e, caso queira, serão de vossa mercê também.

Em mim sempre esteve definida minha parceira, ou melhor, desde minhas primeiras incursões à obra de Machado de Assis. Pois sim, não há dúvidas e está escancarado meu amor incondicional a Capitu. Sou devoto de seus olhos de ressaca, olhos de cigana oblíqua e dissimulada e faço questão de dizer que a ela sempre fui fiel, mesmo tendo sucumbido a algumas tentações dos amores mundanos.

A chamei por nomes diferentes, tais como Carla, Maria, Ana, Fernanda, Renata, Patrícia, Marli, dentre mais alguns poucos. Todavia procurava em outros amores, aquele que seria o definitivo e inequívoco. Esses tantos encontros foram importantes, pois o destino humano está fadado ao amor ao próximo, tendo, dessa forma, contribuído para certo amadurecimento e algum enrijecimento das coronárias desse vecchio!

Enfim, não sou poeta, tampouco romancista de qualidade, apenas um padecedor dos encontros e desencontros desta vida, os quais, como não me mataram até o presente momento, devem ter me fortalecido. Mas fortalecido para quê?

Por hora, volto ao casco para reunir forças e juntar coragem para me aproximar de você e quem sabe, há de aceitar-me em meus defeitos, minhas qualidades e minhas loucuras, ou seja, em minha humanidade. Teremos direito ao supremo sentimento, aquele que nos aproxima do Criador? Pois assim o seja!

O que temos a perder? Sei que temos um mundo mais feliz a conquistar!

Réu confesso do meu amor e do pouco que lhe tenho a oferecer, sendo mais um dos muitos deserdados de riquezas materiais e das qualidades de um super-heroi, empresto do “poetinha” um de seus esplêndidos sonetos, apenas para acarinhar-te:


Soneto de Fidelidade
Vinicius de Moraes

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Com amor e admiração,
Valter.


segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Anistia ou Amnésia?



Lamento profundamente, hoje mais do que ontem, o fato de o presidente Lula ter nomeado Nelson Jobim para ministro da Defesa. Além de amigão de Zé Serra-Burns e de FHC, é um tucano travestido de pMDBista e ocupa-se agora em fazer média com seus amiguinhos militares. Advogado das causas dos ricos, tornou-se ministro de um governo popular. Como diria a tia velha, virgem e preconceituosa (Boris Casoy): “Isto é uma vergonha!”

Enfim, arranjos e alianças entre partidos em busca da tal governabilidade sempre trazem esse tipo de inconveniente. Lamento essas coisas, mas meu lado pragmático sabe que para governar deve-se tomar um “engov” antes, outro depois!

O que me indigna é a postura dos defensores dos torturadores a serviço do regime militar, entre eles Nelson Jobim, o grupo Globo de comunicação, além de Folha, Estadão e outros capachos dos poderosos, incluindo alguns intelectuais e jornalistas de merda.

Quem tem o rabo preso (e sujo) com os torturadores, pelo motivo que for, deveria ser arrancado da convivência democrática? Claro que não (por mais que seja meu íntimo desejo!), mas todos têm que se submeter à legislação e apurações da justiça de nosso país. Entendo que a criação da “Comissão da Verdade” (nome pretensioso, mas interessante!) para investigar e esclarecer nosso passado seja algo fundamental.

A lei da Anistia, decidida “por cima” para que conseguíssemos ao menos a esmola da volta da escolha em eleição direta para presidente, fez com que fosse assinado esse Frankeinstein que “contemplou” torturados e torturadores. Alguns torturadores chegam até a recorrer agora à justiça em ações contra o Estado pelo fato de terem sido usados para torturar (pobres coitados!), pedindo indenizações por terem estuprado, prendido, batido, esfolado, ameaçado, sumido com pessoas, torturado e assassinado durante a ditadura militar. Às favas com esses facínoras! Suas nobres progenitoras, aliás, sabem onde seus filhos estiveram nesse período, ao contrário das muitas mães que sofrem até hoje por não saberem o que aconteceu com os seus! Estes tiveram seus corpos violentados, foram assassinados e jogados em valas comuns como indigentes, tal como ocorreu no cemitério de Perus.

O que o infame ministro Jobim (perdão maestro soberano!) e demais amaldiçoados chamam de “revanchismo”, pertencerá (oxalá!) aos anais da justiça brasileira, isso, sim, é o maior valor a ser perseguido por todas as pessoas e por toda a sociedade pretensamente democrática.

Os crimes de “lesa humanidade” cometidos pelos militares (e pelos civis também!), nessa e em qualquer nação, não podem simplesmente ser esquecidos. Há que se investigar sempre as condutas dos homens públicos, pois nos devem satisfação de nosso voto, de nossa cidadania e em nome da dignidade humana. Ou será que Folha de SP, Veja, Globo e demais veículos e jornalistas alinhados aos poderosos de hoje (e de sempre!) querem agora nos convencer de que não houve ditadura e de que, caso tenha havido, não foram os militares e nossa elite os responsáveis por isso?

Declaro aqui meu apoio e minha solidariedade aos ministros Paulo Vannuchi (Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República) e Tarso Genro (Ministério da Justiça) na criação da “Comissão da Verdade”!

Vamos estudar, esclarecer e tomar atitudes em relação à nossa história!

Abaixo a ditadura e seus tentáculos na democracia inacabada!

Saudações solidárias...