terça-feira, 29 de abril de 2014

Só enquanto o tempo deixar...

Bobagem romântica
Declarações apaixonadas
De vida e de morte
Quer tentar a sorte?
Merecer ser escolhido
É algo cultivado e colhido
Mais mérito, menos tormento

Agora vou me despir de emoções
Elas não me servem mais
Pois já encontrei a minha paz
E é ela a paz eterna
Escondido da vida
Fugindo de quem me daria
Amor deveras

Que eu seja retirado desse isolamento
Ao menos pelo período de um pensamento
E que me deixe voltar à vida
Encerrando todo o meu desalento

VRJ - poema escrito em 17/06/2012.

sábado, 26 de abril de 2014

Adversário agourento

Encontrei inimigo tinhoso
Pior do que qualquer outro
É alguém difícil de ser vencido
Sua alcunha é tempo perdido

Render glórias a ele
É o mesmo que entregar os pontos
Mas procurando truque na manga
Nada encontro

O jeito é fazer
Com que ele seja suplantado
Viver é alquimia de sentimentos
Muitos deles disfarçados

Reverter seus adágios
Contrariá-lo é a solução
Mesmo que seja passageira
Passageiros que são nossos sonhos

VRJ - poema escrito em 16/06/2012.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

A moça da cantiga

Em campos verdejantes
Longe da agonia citadina
Encontrei minha alegria

Dedicando meus versos
Quem sabe até a vida?
Tudo o que necessário for

Alguém descreveu como amor
Mas então porque tanta dor?
Um e outro, atrelados

Não arrisco perder
Mesmo não tendo o que apostar

Aguardo Isolda aqui
Quem me dera no altar?

VRJ - poema escrito em 15/06/2012.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Vassalo da moça mais bela

Talvez não seja o que aparenta
Nervosismo, irritação, agitação
O nome não entrego
Mas poderia rimar com beleza?

É especial, interessante, minha realeza
E eu nem sou monarquista
Abre-se a exceção

Viva sua personalidade de Capitu
Sua cativante originalidade
É deusa como Atena ou como Afrodite

Não a tenho
Ninguém a tem
Pois não se trata de posse
Declaro-me vassalo de sua graça

VRJ - poema escrito em 15/06/2012.

sábado, 19 de abril de 2014

A tal felicidade

É bobagem procurar
Pois ela não está num lugar
Ela é estado de espírito
Espíritos poucos podem ver

Senti-la é a senha
Um espécie de abre-te sésamo!
Eis-me aqui pra fazer a diferença
Iluminando sua existência

Àqueles que não conseguem percebê-la
A ignoram ou são cegos em essência
Bora lá vivê-la

Perder tempo não é a saída
Vamos experimentá-la
Enquanto vale a pena

VRJ - poema escrito em 14/06/2012.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Amor mercantil

Dia dos namorados
Sempre aquilo mesmo esperado
Sorrisos, mesmo que amarelados

Para acompanhados, motivo para gastar
Para os avulsos, motivo para suicidar
E a tia diz: antes só do que mal acompanhado!

Aos doze dias do mês de junho
Abra-se o embrulho
Amor à prestação nessa estação

Quem sou eu para caluniar tal data
Já que se faz girar grana
Amor maior de todo ser humano
Não me engano

Brown cantou:
Em São Paulo deus é uma nota de 100!
Então qual nota restará ao amor
Que não seja uma nota no obituário.

VRJ - poema escrito em 12/06/2012.

domingo, 13 de abril de 2014

Pra longe daqui

A ironia do clima
Mais um item que desafia
Leva pra longe, tal qual tsunami
Mas lendo isso não me odeie
Apenas tenha piedade

Arrasta, desestabiliza e leva
Tão longe que já nem reconheço
Distância que marca território
Que brinca de inexistir

Mas por que importar-se com isso?
Talvez pela violência com que submergiu
Ou quiçá pela própria perda do controle

Ao contrário dessas linhas
Corre sem progressão definida


Apenas adeus sem medida!

VRJ - poema escrito em 11/06/2012.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Limites

Meus poemas são toscos
Mas não me provocam desgosto
Cheguei ao meu limite
Mas os antigos afirmam que o céu é o limite

Tendo eu alcançado tal objetivo
Sem amarras religiosas
Chego inteiro ao destino

Quem sabe mais feliz
Talvez menos esperançoso
A verdade é que é bom
Escrever e ser lido

Quem sabe como eu lido
Com nobre ofício
Somente quem lê o sabe

Rima infantil?
Besteirol juvenil?
Sigo escrevendo para entender
O que há no universo
E entre eu e você

VRJ - poema escrito em 09/06/2012.


quarta-feira, 9 de abril de 2014

Mesopotâmia

Tudo acontece entre águas
A vida e a pujança de povos e nações
A escravidão e a liberdade
Já vem de longe essa verdade

Civilizações inteiras
Festa em volta da fogueira
Viva os deuses novos e os antigos

Espero que aceitem o sacrifício
Não aquele ofertado pelos injustos
Mas aquele vindo dos trabalhadores da Terra

Um brinde àqueles que prosperam
Justamente do suor dos que esperam
Dia melhor, vida digna, justiça!
Até que os deuses sejam desnecessários

VRJ - poema escrito em 09/06/2012.

domingo, 6 de abril de 2014

Perdas

Como pode alguém
Mesmo que por engano
Perder aquilo que não tem
Sentindo ainda essa perda

Porém quem tem o topete
De afirmar que não tive
Caso seja cego, não verás que tive 
Ilusão

Agora resta confirmar o adágio
Ao vencedor as batatas
Ao lado desbaratado
Solidão

Raiva não alimento
Resta-me apenado
O desgosto em não tê-lo
Derrotado

Mas nem só de vitórias
Faz-se um vencedor
Bem viver a injúria
É razão para repelir a dor

VRJ - poema escrito em 08/06/2012.


quinta-feira, 3 de abril de 2014

Frio

Expertise em deixar-nos no casulo
Com chuva nos deixa entristecidos
Suas tardes nos convidam a dormir

O que aparenta mal necessário
Procure no dicionário
Trata-se de um momento singular

Cobertas a envolver
Às vezes até mesmo um amor para aquecer
Ano após ano, não nos deixa esquecer

Nada melhor do que a sensação
De que vivo mais um ano
Seguindo o ciclo da vida

Passamos pela primavera, pelo verão
Curtimos intensamente as folhas caídas do outono
Aguardando o frio do inverno

Que não se torne inferno
Concluindo esse circuito
Abraçando a companheira solidão

VRJ - poema escrito em 07/06/2012.

terça-feira, 1 de abril de 2014

O dia que durou 21 anos, 50 anos depois!



Apesar de você

Amanhã há de ser
Outro dia
Eu pergunto a você
Onde vai se esconder
Da enorme euforia
Como vai proibir
Quando o galo insistir
Em cantar
Água nova brotando
E a gente se amando
Sem parar
Apesar de você - Chico Buarque


Há 50 anos o Brasil sofria um golpe covarde patrocinado pelos EUA, empresários nacionais e apoiado amplamente pelas camadas sociais conservadoras e pela grande imprensa.  E o pior é que não se trata de novidade em nossa história, tendo em vista que os diversos movimentos populares ao longo dela sempre foram reprimidos e o povo poucas vezes tivera participado das grandes decisões do país.
O clima instaurado pela Guerra Fria e pelas derrotas estadunidenses em diversas de suas apostas fez com que os canalhas nacionais angariassem apoios e dinheiro para destituir o presidente João Goulart, o qual se submeteu ao escrutínio popular na campanha na qual foi eleito constitucionalmente vice-presidente (sucessor do maluco e reacionário Jânio Quadros) e na campanha que trouxe de volta o presidencialismo ao Brasil.
Nesse ano de data tão simbólica, especialmente nas últimas semanas, nas quais diversas personagens que participaram ativamente da época e através de documentário e reportagens sobre o período e sobre toda a experiência vivida pelos brasileiros nas mãos do governo autoritário, as reflexões são fundamentais para que a história não se repita nunca mais.
É importante que valorizemos todo esse percurso histórico e que sejam esclarecidos todos os acontecimentos (Viva a Comissão da Verdade!) que outrora nos impediram de ter um país que alcançasse melhoras de vida significativas para seu povo. Valorizar o que temos agora, como a liberdade de expressão, apesar de toda a manipulação dos grandes meios de comunicação, nosso direito constitucional ao voto e a participação política, o maior acesso ao ensino superior e outras bandeiras históricas dos movimentos populares é fundamental para continuarmos nesse caminho para conseguirmos um país com justiça social.
Temos um caminho longo ainda a percorrer, pois a saúde pública, o direito a informação, o ensino gratuito e de qualidade, as reformas importantes como a urbana e a rural ainda pouco avançaram, mas a certeza de que estamos progredindo é patente.
Sem contar nossa ainda frágil posição contra os donos do poder no país e no mundo, ou seja, falta esclarecimento para muitos sobre quem são nossos aliados e quem nos explora há tempos, fazendo com que muitos ingênuos, alguns maldosos e outros ainda ignorantes desenvolvam uma espécie de síndrome de Estocolmo em relação àqueles que perpetuam a exploração do homem pelo homem.
Penso que isso não dependa tão somente de elegermos bons governantes, mas de sermos melhores no entendimento e na participação nas questões públicas, na postura firme contra o autoritarismo, na melhor compreensão do mundo e no combate ao abuso econômico por parte das burguesias nacional e internacional (aliadas desde sempre) e na melhora de nosso entendimento sobre a diversidade humana.

Saudações históricas!