Ao ler hoje ao caderno de Dinheiro da Folha de SP, deparei-me com um artigo do ex-ministro Rubens “Parabólica” Ricupero mencionando um tema interessante e instigante, qual seja os 140 anos de paz vivido nesse país. Evidentemente ele se referia aos conflitos externos com nossos 10 vizinhos, algo singular num mundo da ordem bélica e competitiva.
Com a morte de Francisco Solano López em 1º de março de 1840, colocava-se fim a uma guerra inglória (Guerra do Paraguai) e covarde reunindo vizinhos que não se davam, mas que se uniram (sob a benção inglesa) para destruir uma pequena e próspera nação que incomodava os interesses das metrópoles européias e do norte do continente.
A tão comemorada paz perpétua da diplomacia brasileira tem duas faces. É claro que viver num país de raros terremotos, tsunamis, tornados e conflitos bélicos tem suas vantagens, contudo essa imagem pra gringo deixar de mostrar os conflitos internos e nunca resolvidos nessas terras serenas.
Nossa marca diplomática nos trás diversos benefícios, mas será que realmente tínhamos necessidade de posicionamentos mais contundentes enquanto não éramos tão relevantes como somos agora? Ou estávamos alinhados automaticamente com as metrópoles ou temendo sofrer sanções de todo tipo ao se insurgir. Aliás, nossa elite não tinha o menor interesse nisso, pois detinha seus lucros através das migalhas caídas do prato dos grandes capitalistas.
No período mencionado por Ricupero não nos engalfinhamos com nossos vizinhos, mas as revoltas internas, greves, ditaduras e a desigualdade só se agravaram. Dentre os absurdos tupiniquins, somos o único país no mundo que não realizou Reforma Agrária, somos dos poucos que imaginam que paz sem justiça social seja possível e que acredita que o “Estado mínimo” possa sanar os problemas de corrupção e da burocracia.
Não sou defensor de que o Brasil se torne “ignorante” tal qual as nações hostis e expansionistas como nossos vizinhos do norte ou alguns países do velho continente, mas a opção diplomática brasileira deveria levar em consideração valores humanos e não a submissão. Aliás, quando as nações deixarem de tentar levar vantagem e promoverem trocas culturais e comerciais com base em preceitos de justiça, talvez possamos salvar o planeta e as espécies que nele vivem (incluindo-nos, Homo sapiens demens).
Saudações... e paz com justiça!
Valts!
ResponderExcluirFaço duas ressalvas, acho que posso.
Os nossos vizinhos do norte podem ter uma postura bastante belicista em sua política externa recente, em especial, se levarmos em consideração os conflitos no Afeganistão e no Iraque. Mas o conceito de "expansionista" acredito estar equivocado. A bastante tempo, não existe anexação territorial por parte dos Estados Unidos.
Outra questão é colocar que uma certa "submissão" seria uma das caracteristicas da Política Externa Brasileira. Podemos apontar dezenas de críticas necessárias a PE do Brasil, mas a idéia de uma política submissa é incoerente: as ações de aproximação com o Irã e as posturas intransigentes na OMC tem provado o contrario. Mais interessante é tentar entender a postura interna no Brasil, em que o PSDB apresenta duras criticas ao governo do PT no que se refere a esta aproximação recente com o Irã, mas seus partidários se esquecem que foi o Gov FHC o primeiro a legitimizar o golpe de Fujimore no Peru.
Abrax!
http://revista-apes.blogspot.com/
Grande Thiago!
ResponderExcluirVc tem toda razão, pois utilizei de forma errada conceito caro a todas as ciências sociais, qual seja, expansionismo. A dieia era mencionar a forte influência dos EUA.
quanto a submissão da PE brasileira me referia a falta de autonomia de fato de nossa história diplomática, tendo a percepção de que nossa opção sempre foi uma espécie de "a porção que nos cabe nesse latifundio". Mas sei que desde 2003 as coisas vem mudando e nossos posicionamento tem se tornado mais independentes e contundentes.
Obrigado pelas correções, pela leitura crítica e por passar por aqui e comentar.
Já me tornei leitor do blog que me indicou.
Abraço.
Valter,
ResponderExcluirEsse Ricupero é o ministro que cunhou a maquiavélica frase: "O que é ruim a gente esconde, o que é bom a gente fatura!" Esse cara é da turma do FHC e do Celso Lafer, o chanceler do rei que tirou os sapatos para serem inspecionados nos EUA. Em suma, é um desqualificado!
Quanto a Guerra do Paraguai e o insolente Lopéz não concordo com seus argumentos de que o Paraguai era um coitadinho. Aliás, o pai da nação Paraguaia (literalmente) ex-bispo(?) Lugo quer colher dividendos junto ao seu povo tentando levantar essa história de "opressão" brasileira. Vamos passar a limpo os acontecimentos históricos dessa Guerra que custou muito caro para o Brasil nos anos seguintes.
Você comete um erro histórico em dizer que o Brasil na época da Guerra do Paraguai era "irrelevante" internacionalmente. Nossa Marinha, por exemplo, era a segunda mais equipada do mundo e o Imperador serviu várias vezes como mediador de questões importantes entre as nações européias. Isto só para citar alguns exemplos.
Quanto a questão social, da fome, da ditadura, eu concordo, em linhas gerais, com o seu pensamento!
Fala Rodrigo!
ResponderExcluirReli meu texto e percebi que talvez desse a entender que o Paraguai tenha sido coitadinho, mas não é isso que gostaria de dizer. Isso pq sua elite foi quem o jogou no conflito, mas seu povo (como os demais no continente!) foi envolvido e massacrado covardemente no conflito.
Não acho erro histórico o fato de considerar o Brasil irrelevante internacionalmente, pois a história a que se refere é a que julgo ruim, ou seja, a relevância servil de nosso país nesses períodos históricos. Fomos relevantes para os interesses das burguesias nacional e internacional e, essencialmente para esse serviço sujo, recebendo milgalhas dos mais poderosos.
Nunca se esqueça: Migalhas serão sempre migalhas, seja recolhidas debaixo da mesa ou na própria mesa.
Obrigado por ler e comentar.
Parabéns pelo nascimento de seu filho Pedro!!!