sábado, 13 de março de 2010

A morte não tem graça!


Custo a escrever sobre mortes pontualmente, pois não gosto muito de descortinar alguns sentimentos. A morte de Glauco e Raoni não pertence somente a mim, evidentemente, mas o curso de nossa sociedade “civilizada” me apoquenta. A quem servimos? Deus ou Mamon? Não se pode servir aos dois! E não se trata de discussão religiosa, mas de valores humanos.

Há semanas, devido ao confronto entre torcidas uniformizadas, jovens morreram e outros tantos foram feridos. Isso não se restringe a torcedores de futebol, pois a violência está espalhada por toda a sociedade. Todos os dias crianças, jovens, adultos e idosos são mortos brutalmente ou vítimas de toda sorte de violência pelas periferias do Brasil e do mundo. Quem chora essas mortes? Suas famílias e amigos, apenas. Servem também para a histeria de apresentadores de (tele)jornais sensacionalistas.

O número de mortes brutais atinge muito mais “anônimos” do que famosos, é óbvio. Isso provoca orgasmos nos viciados em estatísticas, até porque são assim mesmo tratados. Mortes sem rosto, sem contato, sem história, sem esperança, sem lei, sem moral e, na visão do mercado, facilmente substituíveis. Lamentável a que ponto chegamos! E, lembrem-se, sempre podemos piorar!

Venho aqui escrever por ter crescido e aprendido a lidar com a dura realidade e desenvolvido parte da minha virtude (cinismo) lendo a vida de forma crítica e humorada graças aos ótimos cartunistas brasileiros. Indignar-se, sem perder o bom humor, e me refazer para transformar.

Sempre acreditei que o maior sinal de inteligência seria o bom humor, mas a realidade insiste em tentar apagar esse brilho. Êita, mundão chato dos infernos!!! Sigamos lutando contra tudo e contra todos os mau-humorados de plantão.

Recorrentemente utilizo esse espaço para mostrar meu descontentamento, nem todos enxergam minha luta pela transformação, apenas me consideram um niilista. Bem, será que não leem entrelinhas? Será que não leem linhas? Será que realmente se conformam com o mundo em que vivemos? Será?

Enfim, às favas com seu mundinho “mais ou menos”, de migalhas e “entremuros”!

Lamento profundamente a morte do cartunista Glauco, o qual colaborou para minha formação sociológica e humana, mas, sobretudo, lamento a morte de mais dois seres humanos, os quais juntam-se às estatísticas da violência da sociedade de consumo e da reciclagem.



Adiós amigos!

Vaya com Diós!

7 comentários:

  1. é triste a banalização dada a morte, mais triste ainda é buscar a justificativa em fatores que muitas vezes “não” tem quaisquer relação com o fato gerado.

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  2. Mais um dentre tantos assassinados por psicóticos que a própria Sociedade criou...

    Adorei o post... Saudades!

    Beeeeijos

    Aline Pandolfo

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Cmdt.Marco: Concordo, a banalização da morte e da vida são as pestes de nossa geração!
    Abraço.

    Aline: Realmente criamos monstros com nosso modo sufocante e coisificado de vida. Sejamos ao menos humanos!
    Bjs.
    Saudades de vcs tb...

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  5. Valter, comentários sobre esse texto em meu blog: abraços!

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  6. Ótima colocação, Valter. É a morte dos seres humanos, independentemente de sua atividade profissional, que nos abala. Os cartuns continuam a fazer eco, mas a voz do sujeito é a que cala.

    Grande Abraço.

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  7. Amigos
    Toni: Exatamente isso que tentei expressar!
    Abraço.
    Rodrigo: Vc é um amigo muito querido, mas discordo de sua opinião em quase tudo que escreveu em seu blog como "resposta".
    Abraço.

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