quarta-feira, 5 de junho de 2013

A miséria da filosofia conservadora


"Um homem é mais homem pelas coisas que silencia do que pelas que diz. Vou silenciar muitas. Sabendo que não há causas vitoriosas, gosto das causas perdidas: elas exigem uma alma inteira, tanto na derrota quanto nas vitórias passageiras. Criar é viver duas vezes... Todos tentam imitar, repetir e recriar sua própria realidade. Sempre acabamos adquirindo o rosto das nossas verdades."

Albert Camus

Ainda estou estarrecido com a imbecilidade que li na seção de “Cultura” do site do Estadão no dia 04/06/2013, artigo assinado por Arnaldo Jabor. É fato que há tempos ele se tornou um dos maiores disseminadores das idiotices criminosas que a direita tenta espalhar por aí (No Estado de São Paulo e TV Globo), juntamente com Ferreira Gullar (esse fantoche da direita na Folha de S.Paulo).
Vamos aos comentários do excelentíssimo senhor porta-voz-babaca da direita e dos bons costumes.
Ele começa seu texto surrupiando e descontextualizando uma pseudo-conceito do professor José Arthur Gianotti, qual seja, o tal militante imaginário. O nomeia como “um revolucionário que nada faz pelo bem do povo; ele se julga em ação, só que não se mexe.” Mais adiante: ... o revolucionário que não gosta de acordar cedo... espalham-se pelo país torcendo por uma ´esquerda´  como por um time”. Segue: “... é uma variante do ´patrulheiro ideológico´. Só que o patrulheiro vigia a liberdade dos outros... só pensa em si – para ele todos somos burgueses, malvados, contra o bem... sorri de nossos argumentos, olhando-nos, superior, complacente com nossa ´alienação´. E paro por aqui as citações, pois são variações da mesma toada.
Jabor utiliza seus preconceitos contra a esquerda, da qual ele imagina um dia ter feito parte, não por total desconhecimento da realidade, mas o faz justamente por estar alinhado (se é quem não o esteve sempre!) com a porção mais pelega e conservadora que há nesse país. Sujeita-se a ser porta-voz dos interesses dos poderosos (os quais pagam seus salários!) não por ignorância ou inocência, mas por adesão livre e convicta.
Todo ser com mais do que dois neurônios sabe que as lutas sociais e seus militantes (reais, não imaginários) foram aqueles que, através de sua luta contra os opressores, conquistaram direitos fundamentais para a classe trabalhadora. Seja através de sindicatos, associações e demais movimentos sociais, são as vozes dos oprimidos e são quem luta de fato pela mudança. Não um messias, intelectuais ou artistas, embora alguns deles tenham estado ao lado da classe trabalhadora, transformando alguns deles em intelectuais orgânicos, os quais são constantemente perseguidos pelo grande capital.
Para tentar dar a entender ter lido Marx e Hegel, mostra-se um leitor vulgar de orelhas de livros e um péssimo crítico, pois pinça uma coisa aqui e outra ali, talvez lido na Wikipédia ou Google, como sugeriu ao leitor em relação ao significado de “parusia”, ao tratar o militante imaginário como um religioso à espera de seu bom pastor. Nem vou comentar a asneira sobre não existir mais direita e esquerda. Lamentável, sujo, primário e boçal.
No final de seu texto vem o pior, ou seja, aquilo que na verdade lhe foi pago para escrever: “Estamos vivendo um momento histórico gravíssimo. Estão ameaçadas todas as realizações do governo FHC, que modernizou institucionalmente o país, enquanto pôde, sob a mais brutal oposição do PT.” E, como profeta dos conservadores, afirma: “as concessões à iniciativa privada são lentas e aleijadas, a inflação está voltando, os gastos públicos subiram 20% e os investimentos caem, o estímulo ao consumo em vez do estímulo à produção vai produzir a catástrofe...” (se eu fosse tucano, o colocaria como candidato à presidência da república pelo partido, pois defende mais o governo FHC do que Serra, Alckmin ou Aécio).
Enfim, só queria escrever um pouco sobre essa pérola da imprensa brasileira, o qual participa do jogo da formação da opinião pública, através de seus gestos exagerados, circenses, beirando, como ele adora dizer, a fanfarronice, sua figura ranzinza e escrota, sem falar em seus textos pretensiosos e comprometidos com a histeria nacional, despolitização do público e a favor dos donos do poder no Brasil.

Saudações militantes!

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Primeiro poema feito em parceria com o querido amigo Rodrigo Máximo de Andrade


As mudanças do Eu e do vento

Recomeçar não é motivo de vergonha
Nem mesmo ato de covardia
É colocar em prática lições da vida
Sinal que caminhamos com sabedoria
Recomeçar é saber ouvir o sabiá cantar
Mudar de caminho sem medo de errar
Voltar à alegria e à inocência de criança
É chamar de meu amor a dona esperança
Abraçando com vontade a mudança
Fazendo dela a razão de continuar
Errando novos erros e zerando pesadelos
Abrindo o coração sem reservas ou medos
Seguindo com precisão os bons ventos
No veleiro a navegar
Pequeno timão que empunho com orgulho
Em uma manhã de sol
Ou na chuva torrencial que mergulho
Nada pode me separar dos meus quereres

Rodrigo Máximo de Andrade & Valter Ramos Jacinto