O Dia em que a Terra Parou
Raul Seixas
Composição: Cláudio Roberto / Raul Seixas
Essa noite eu tive um sonho
de sonhador
Maluco que sou, eu sonhei
Com o dia em que a Terra parou
com o dia em que a Terra parou
Foi assim
No dia em que todas as pessoas
Do planeta inteiro
Resolveram que ninguém ia sair de casa
Como que se fosse combinado em todo
o planeta
Naquele dia, ninguém saiu saiu de casa, ninguém
O empregado não saiu pro seu trabalho
Pois sabia que o patrão também não tava lá
Dona de casa não saiu pra comprar pão
Pois sabia que o padeiro também não tava lá
E o guarda não saiu para prender
Pois sabia que o ladrão, também não tava lá
e o ladrão não saiu para roubar
Pois sabia que não ia ter onde gastar
No dia em que a Terra parou (Êêê)
No dia em que a Terra parou (Ôôô)
No dia em que a Terra parou (Ôôô)
No dia em que a Terra parou
E nas Igrejas nem um sino a badalar
Pois sabiam que os fiéis também não tavam lá
E os fiéis não saíram pra rezar
Pois sabiam que o padre também não tava lá
E o aluno não saiu para estudar
Pois sabia o professor também não tava lá
E o professor não saiu pra lecionar
Pois sabia que não tinha mais nada pra ensinar
No dia em que a Terra parou (Ôôôô)
No dia em que a Terra parou (Ôôô)
No dia em que a Terra parou (Uuu)
No dia em que a Terra parou
O comandante não saiu para o quartel
Pois sabia que o soldado também não tava lá
E o soldado não saiu pra ir pra guerra
Pois sabia que o inimigo também não tava lá
E o paciente não saiu pra se tratar
Pois sabia que o doutor também não tava lá
E o doutor não saiu pra medicar
Pois sabia que não tinha mais doença pra curar
No dia em que a Terra parou (Oh Yeeeah)
No dia em que a Terra parou (Foi tudo)
No dia em que a Terra parou (Ôôôô)
No dia em que a Terra parou
Essa noite eu tive um sonho de sonhador
Maluco que sou, acordei
No dia em que a Terra parou (Oh Yeeeah)
No dia em que a Terra parou (Ôôô)
No dia em que a Terra parou (Eu acordei)
No dia em que a Terra parou (Acordei)
No dia em que a Terra parou (Justamente)
No dia em que a Terra parou (Eu não sonhei acordado)
No dia em que a Terra parou (Êêêêêêêêê...)
No dia em que a Terra parou (No dia em que a terra parou)
Hoje foi um dia daqueles na terra da garoa!
Chuva desde a madrugada e perdurando por muitas horas, fazendo dessa metrópole algo próximo às imagens do fim dos tempos. Pobres paulistanos!? Em parte.
É verdade que em apenas um dia choveu mais da metade do que se espera costumeiramente para todo o mês de dezembro. Também é verdade que o projeto de impermeabilização do solo na “Nova Marginal” também foi escolhido com vistas ao período eleitoral, afinal de contas há lugar melhor para colocar plaquinhas eleitorais do que nas marginais Tietê e Pinheiros. Mistura perfeita... quase como beber e dirigir!
Aliás, marginais são nomes péssimos, pois abarcam significados sociais discriminatórios, tais como os que qualificam como meliantes/bandidos ou alguém que está à beira da sociedade, colocado de lado.
Também não estou aqui dizendo que nosso personagem de desenhos e quadrinhos, Kassabinho, tenha toda a culpa pelo ocorrido. E tampouco não é justo empurrar para Deus, São Pedro ou para a Natureza a responsabilidade pelos séculos de falta de planejamento metropolitano (como o bonequinho o fez). O governador de nosso estado, Sr. Burns Serra, esteve ausente o tempo todo e tratou a situação como se nenhuma responsabilidade tivesse em relação ao ocorrido. Não é justo esquecermos que a aliança PSDB-DEM(o) está no poder há décadas, sem contar os anos em que sua mãe PMDB esteve lá também.
Isso é o ápice da cara de pau!
A região metropolitana de São Paulo (na verdade, de todas as capitais importantes do Brasil) foi povoada não em função do planejamento, mas em função dos interesses dos empresários nacionais e internacionais como maneira de acomodar as necessidades produtivas e de negócios na cidade. Não sou eu quem diz isso, basta passear pela história do País, do Estado e da cidade para averiguar tal fato.
A megalomania por grandes obras na cara dos eleitores/espectadores atônitos e sem o menor cuidado em relação ao respeito às condições ambientais fazem com que o erro secular permaneça ainda por muitos anos. Erro dos políticos, mas também dos eleitores/espectadores deslumbrados com o “progresso” desigual e muito questionável.
Em tempos de COP15 – Copenhagen, reunião dos países para discutir questões ambientais (já é a “enésima” nesse sentido e com resultados tímidos até então), não dá para levar a sério que saia daí algo realmente concreto para combater os problemas ambientais de nosso planeta. Até porque nem todas as ONGs (nefastas invenções da sociedade capitalista) tratam realmente seriamente o assunto, sendo “marketeiros”, como alguns políticos, para quem apontam seus dedos. Não gosto de “eco-chatos” ou “eco-terroristas”, embora saiba que somos responsáveis pela lamentável situação planetária. Contudo também li diversas notícias nas útimas semanas sobre interceptações de e-mails de cientistas “renomados” escondendo dados e recomendando boicotes em revistas especializadas a colegas que são adeptos de teoria diferente da deles, informações e estudos a respeito da responsabilidade humana pelo aquecimento global.
Esse espaço não se pretende dono da verdade (porque infelizmente ela não pertence a alguém específico) e sua função é atender meus anseios por me exprimir sobre o que entendo relevante e fomentar discussões interessantes a um seleto grupo de queridos amigos e queridas amigas.
Todavia não resisto em deixar uma sugestão de obra pública para enfrentarmos melhor as enchentes em nossa cidade... segue imagem:
Caro Valter.
ResponderExcluirConheço muita gente que sonha em ter um sítio com um rio passando nos fundos da propriedade.
Ah, que delícia! Poder se refrescar nos dias mais quentes, ou ficar a tarde inteira na beira da água, pescando e jogando conversa fora.
Agora essa realidade faz parte na cidade. Basta morar em uma região de baixada ou vale que seu sonho se realizará. E não será preciso fazer muito esforço, pois se você não for até o rio, o rio irá até você.
É isso mesmo! A natureza, ciente da sua falta de tempo, se encarregará de levar as mais belas enxurradas para dentro do seu lar. Mas você acha que ela fará isso sozinha? Pelo contrário. Você pode contribuir agora mesmo para o movimento "Acorde com o Pé na Água":
Pegue as garrafas pet que você enche de água e coloca em cima das caixas do relógio de luz e jogue no córrego mais próximo.
Ahhh... aquelas sacolinhas plásticas do supermercado. Quer coisa mais gostosa que ver as sacolinhas se divertindo numa corredeira?
Pois então, não perca tempo! Junte-se agora a esta campanha e, caso você seja um altruísta convicto, ajude o seu bairro. Há vários representantes políticos querendo ajudá-lo a ter sua própria lagoa doméstica. Vote neles e tenho certeza que eles ficarão muito felizes e auxiliá-los nesta luta para o contato com a natureza.
Acho que agora estou entendendo porque nunca mais ouvi aquela marchinha de Carnaval:
"Tomara que chova três dias sem parar..."
Vai que isso acontece de verdade?
Estou cansado de sentar no telhado para esperar a água baixar.
Abraços naturalísticos.
Vaz Folder
Sensacional amigo Vaz!
ResponderExcluirMaestria ao utilizar a "pena" e demonstrar usos e costumes de nossa sociedade de consumo e desperdício!
Abraço sua nobre campanha!
Saudações apocalípticas...
"Alagados,Trenchtown,Favela da Maré
ResponderExcluirA esperança não vem do mar
Nem das antenas de tevê
A arte é de viver da fé
Só não se sabe fé em quê"
Sei que a música de Herbet, Bi e Barone foi composta para o Rio de janeiro, no entanto, São Paulo como metrópole, brasileira... E a música foi composta acho que em 85, 86.
Como pude notar, pelo ótimo comentário acima, são muitos que não aguentam mais só esperar por obras públicas e dedicam-se no cotidiano a produzir menos lixo e não deixar que esse lixo se acumule nos córregos, nos lixões, nas bocas de lobo, no rio Tietê!
Também não sou eco-chata! E esta discussão é política. Pq é preciso ampliar a coleta seletiva para toda a cidade de São Paulo. Na minha rua o caminhão passa toda 5fª mas, apenas a minha casa e de outra vizinha entregam o lixo reciclável.
Esta vizinha antes preferia deixar seu lixo para um senhor que passava e pegava. ("tadinho", dizia ela). Outro dia percebeu, que o tal senhor não recolhia mais as garrafas pet, só estava interessado nas latinhas de alumínio. Qdo foi saber o motivo soube que no "mercado" da venda de "reciclagem" o plático ficou defasado por demais. Gerando menos renda ainda para o trabalhador informal. Informal sim. Mas que mesmo de uma maneira equivocada, faz o trabalho que a prefeitura não faz.
Pois é, conversa que vai longe... Precisamos agir sim, além de votar e cobrar.
Excelente texto, amigo Valter!
Beijos.
Nacha
Realmente vc tem razão também Nacha... são tantos os pontos a serem mencionados no que se refere aos problemas ambientais...
ResponderExcluirObrigado!
Sim caro Valter... Além dos pontos ambientais, estão entrelaçadas questões políticas e sociais como mencionei.
ResponderExcluirEm 2010 nossos queridos "marketeiros" e candidatos políticos também não irão esquecer de tais "questões"!
Nacha
Nacha
ResponderExcluirVocê tem razão... e, caso o eleitor não se esqueça, eles serão obrigados a propor soluções para essas questões!