segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Nem besta nem bestial, mas um beijo significativo


Ando tão à flor da pele
Qualquer beijo de novela
Me faz chorar
Ando tão à flor da pele
Que teu olhar "flor na janela"
Me faz morrer
Ando tão à flor da pele
Meu desejo se confunde
Com a vontade de não ser
Ando tão à flor da pele
Que a minha pele
Tem o fogo do juízo final

(Flor da Pele - Zeca Baleiro)

Na semana passada tivemos uma espécie de final de Copa do Mundo no horário nobre da tevê. Não se tratava de partida de futebol, mas de um final de novela da emissora de maior audiência da tevê brasileira e com uma pitadinha de polêmica, qual seja, um beijo entre pessoas do mesmo sexo (chamado de beijo gay). Depois do episódio, fanáticas torcidas se manifestaram pela internet e demais meios defendendo seus pontos de vista.
Da mesma forma que a paixão que o esporte bretão desperta nos corações brasileiros, a expectativa pela realização do beijo entre personagens do mesmo sexo foi enorme (nesse caso específico, do sexo masculino), considerado por muitos um fato histórico e uma quebra de tabu. Evidentemente há preconceitos em nossa sociedade e o preconceito quanto à orientação sexual é um dos que persiste com mais força.
O peso do moralismo religioso nessas terras tropicais é muito forte, oriundos de uma herança cultural com resquícios da moral medieval e fruto do fanatismo e da ignorância que ainda alcança várias mentes de nosso país.
Só escrevo essas linhas para mostrar que, diferente de muita coisa que tenho lido em diversos meios, entendi a situação do beijo como outra qualquer, ou seja, uma expressão de sentimento entre duas pessoas e que, obviamente por ser rara em nosso cenário de teledramartugia, com certo apelo significativo.
Lembremo-nos de que o beijo entre mulheres é mais aceito na sociedade ocidental (não exclusivamente nela) em razão de nossa formação machista e, por isso, passou a constituir uma espécie de fetiche masculino.
Contudo, em minha visão, entendo não existir adjetivo para o beijo, para o amor, para uma união. Não há beijo gay, há o beijo como expressão do amor, do carinho ou do desejo.
Para os olavetes e demais conservadores, lamento que sua visão obtusa não consiga perceber nada além das alegorias toscas apresentadas em seu livro de mitologias preferido e queiram tornar isso mais uma desculpa para seu repertório preconceituoso e imbecil, com o pretexto de uma espécie de cruzada contra um suposto gayzismo da sociedade brasileira.

Saudações e beijos!

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