quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Um papo com Deus

Quem melhor pra falar
Do que o Ser superior?
Mas ele nada diz
E fica restrito ao meu interior

Dizem que sou surdo pra essas coisas
Digo que são loucos ao dizerem isso
Mas quem resolve tal questão
Continua caladão

Diga, ó Senhor, criador disso tudo
Qual o sentido de nossa existência?
Não sei por que tanta persistência
Em assunto debatido com descaso

Filho, querido e pecador,
Esqueça tal demanda
E viva em função do amor
Seja ateu, mas seja meu.

VRJ - poema escrito em 20/05/2012.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

2012

Quanto mais o fim se aproxima
Maior a expectativa
Não creio no fim do mundo
Não agora

O desafio humano na Terra
Mais do que se espera
A hecatombe alardeada
Serve como lição

Visando o fim das amarras capitalistas
Buscando a liberdade coletiva
Passa longe dos mistérios dos céus

Voltar os olhos para os desastres em terra
Fará emancipar homens e animais
Presos, juntos, em nossa Era.

VRJ - poema escrito em 20/05/2012.

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Crise

Muitos não querem enfrentá-la
A maioria corre assustada
O que dizer de quem a recebe
Tão bem e de forma inusitada?

Sobrevivemos de forma diferente
Desigualdades são criadas
A quem serve esses humanos
Que mais parecem serpentes?

Sigo de crise em crise
Mais feliz que qualquer outro
Não busco na vida o esgoto
Busco libertação

Finalizo avisando aos navegantes
Quem vive de certezas
Além de alienar-se
Em seu caminho enfrentará tristezas

VRJ - poema escrito em 20/05/2012.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Poeira no vento

Encarar a verdade
Nua e crua
É viver a realidade

Nessa grande terra
Habitada por gigantes
Como nunca d’antes

Mas o difícil é ser finito
Aceitar as imperfeições
Cultivar afeições

Enfrentar o fato
Sem saber exato
Que apenas somos
Poeira no vento

A todos nós resta sonhar
Aventura humana
Brincando de ficção
Buscando liberdade

VRJ - poema escrito em 17/05/2012.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Aos vencedores as batatas e aos “neutros” nosso desprezo


Saudações a quem tem coragem
Aos que tão aqui pra qualquer viagem
Não fique esperando a vida passar tão rápido
A felicidade é um estado imaginário
Pense e dance
Pense
Pense e dance
Barão Vermelho - Pense e Dance

A opção brasileira de informar, formar opinião e construir conhecimento é uma das mais pusilânimes que existem. Não é só aqui, mas aqui nos incomoda diariamente. E também não acontece somente nos meios de comunicação de massa, mas (por exemplo) passa pelos bancos universitários, nos quais aprendemos que ser “neutros” é virtude, sabedoria ou outra babaquice dessa. Ninguém é neutro e quem tenta se passar por isso já se decidiu pelo lado do opressor.
Mas como a cobertura jornalística é vasta em exemplos desse tipo de posicionamento que se finge isento e na verdade atende as demandas de determinados grupos, os quais compõem a classe dominante daqui e do mundo, acabam por nos confrontar com maior frequência.  
A situação enfrentada pelos países do Oriente Médio e norte da África durante a chamada Primavera Árabe, as revoltas em países como Iraque, Afeganistão, Ucrânia e Venezuela recebem coberturas enviesadas e com um verniz de trabalho jornalístico profissional, isento e acima de qualquer interesse. Aparece em suas linhas, ondas ou imagens, apenas aquilo que as poucas famílias detentoras dos meios de comunicação de lá e daqui pretendem que seja visto, ouvido ou lido(obviamente). Ao recorrer aos escassos meios alternativos e pode se comprovar que a verdade é reconstruída de acordo com a versão conveniente.
Diante dessa concentração da “verdade” nas mãos de poucos, nós encontramos muitas dificuldades para conseguir montar o quebra-cabeças que se conhece por realidade. Sem contar na ingerência dos vendedores de ilusão (religiões) que tentam impor seus dogmas e controlar a ignorância nossa de cada dia.
Opinar, posar de bom moço e sempre querer aparentar ser uma entidade acima dos meros mortais que tomam partido, seja de uma lado ou de outro, muitas vezes apenas denuncia a covardia que assola muitos acadêmicos, outros tantos jornalistas e um sem número de bem informados leitores da Veja e seus similares.
Não cobro neutralidade dos meios e nem de ninguém, pelo contrário, quem diz não ter interesses, mas faz ampla cobertura é alguém em quem não se deve confiar. E o por quê dessa desconfiança? Todos temos interesses e uma empresa privada (meios de comunicação e universidades ou empresas, por exemplo) dão atenção e divulgação à aquilo que lhes interessa (e a seus anunciantes), assim como empresas estatais, contudo são gerenciadas pelo funcionalismo público e/ou por pessoas indicadas por quem elegemos.
Desejo uma sociedade sem desigualdades sociais e na qual os interesses fiquem explícitos e que todos estejam conscientes do que se quer e quem o quer. Evidentemente há mistérios em toda existência, mas se nos prepararmos com mais critério e esclarecimento, fica mais fácil distinguir o porquê de cada posicionamento.

Saudações posicionadas!

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Lost

Perdido nas águas salgadas
Arrebatado por esse intenso sentimento
Balança e derruba,
Tal qual a força daquele vento

Uma vez lançado ao mar
Novamente perdido
No espaço e no tempo
Sem condição de içar velas

Quem sabe protetora?
Iemanjá
Quem sabe afogamento?
Extinção

Mais perto estou a cada braçada
Distante do continente
Longe dos seus mistérios
Encerrado nessa ilha solitária

VRJ - poema escrito em 17/05/2012.

sábado, 15 de fevereiro de 2014

A solução

É certo que aqui vão procurar
Maneira certa de se enganar
Tendo em vista que fórmula exata
Para tal essa empresa, não há!

Blá blá blá daqui
Blá blá blá de lá
E o leitor amigo
Continua a esperar

Esperança talvez seja a chave
Daquela sala de se torturar
Autoenganar-me-ei
Até o dia decidir me abandonar

Finalizando essas linhas
Preciso ao amigo avisar
Não será aqui que a solução
Haverá de se encontrar

VRJ - poema escrito em 11/05/2012.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Mundos e fundos

Hoje acreditei novamente
Inocentemente acreditei
O resultado não foi diferente
Quase abandonei

Errar e viver dessa forma
Nietzsche alertou que é humano,
Demasiado humano!
E isso, por comum que seja, apavora

Pertencendo a esse louco mundo
Mundo do desastre e da alegria humana
Percebo minha vontade mundana

E ao me isolar em meu âmago,
Procurando e achando cada vez mais fundo
Que meu destino seja uma cabana
E que nela caiba todo o mundo


VRJ - poema escrito em 09/05/2012.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Discurso contra a tolerância



Tolerância: 1.Qualidade de tolerante; 2.Ato ou efeito de tolerar; 3.Pequenas diferenças para mais ou para menos; 4.Respeito ao direito que os indivíduos têm de agir, pensar e sentir de modo diversos do nosso.

Tolerante: 1. Que desculpa; indulgente; 2. Que admite e respeita opiniões contrárias à sua.

Tolerar: 1.Aceitar, admitir ou conviver com (algo ou alguém) indulgentemente; 2. Consentir tacitamente;  3. Ter certa capacidade ou resistência para suportar;  4.Assimilar (medicamento sem sofrer (graves) alterações orgânicas.; Tolerável (adj).

 Ferreira, Aurélio Buarque de Holanda. Miniaurélio: o dicionário da língua portuguesa. 6ª edição. Curitiba: Positivo, 2006

         Desde cedo encasquetei com a palavra tolerância. Muito disso aconteceu porque ouvia meu avô materno repetir diversas vezes sobre o que (quem) não lhe agradava a seguinte frase: “Eu não tolero tal coisa (ou tal pessoa)”. O som da palavra já passou a me trazer sentimento de reprovação e, confesso, até hoje não curto essa história de tolerância.
         Há tempos quis escrever algo sobre conflitos entre povos e a palavra tolerância surgia na fala e nos textos de diversas pessoas e fui ao dicionário (como fiz novamente para esse texto) para tentar apurar seu significado oficial em nossa língua. O que era uma pulga atrás da orelha se transformou numa confirmação, pois percebo que seu significado está atrelado a uma postura arrogante da parte de quem tolera, uma espécie de permissão obtida pelo dominado diretamente do dominante.
         Os últimos dias foram exemplares da loucura em que vivemos, principalmente em relação aos conflitos nas ruas do Rio de Janeiro, na postura das polícias militares dos estados, na morte do câmera da Band, nos discursos de ódio proferidos na TV aberta por Raquel Shehezade do SBT,  de Ricardo Boechat (Band), os quais colaboram para "legitimar" os tais ‘justiceiros’ de plantão (seguidores da distorcida e superada lei de talião).


       Sem contar na possibilidade de existirem rumores na Câmara dos deputados  de que, depois de Marco Feliciano, poderíamos ter Jair Bolsonaro como presidente da Comissão de Direitos Humanos, ou seja, pela segunda vez teríamos um presidente de comissão que abertamente atenta contra os direitos humanos e tem como lema: direitos humanos para humanos direitos (leia-se de direita).
       Não bastassem as péssimas notícias acima, diversas universidades retomaram suas aulas nos últimos dias e os trotes absurdos voltam a ser matéria de jornais, telejornais e afins. Como normalmente gostam de dizer por aí, o futuro da nação está nas cadeiras universitárias, numa fé iluminista de que tudo se resolverá quando se investir mais em educação nesse país. Vejamos por exemplo a recepção de alguns veteranos da tradicional Faculdade Cásper Líbero (parte de nossa elite intelectual universitária) a seus novos colegas. Aos moldes dos ‘justiceiros’ cariocas, resolveram amarrar seu novo colega a um poste em plena Avenida Paulista. Para as moças que serão suas colegas o trote era simular sexo oral com bananas e pepinos, sendo executado inclusive por veteranas com a justificativa que passaram por isso em anos anterior e agora queriam que elas também passassem.

          
      Diante de tantos absurdos fica difícil opinar de forma equilibrada, pois a enxurrada de emoções que são despertadas são fortes e muitas vezes difusas. Isso sem contar a histeria dos noticiários, não somente dos sensacionalistas explícitos, mas da mídia tradicional e coxinha.
    Observando os fatos históricos e sociais e verificando as causas desses desarranjos e insatisfações, tentando não ser levado pelas consequências e pela gritaria imbecil de tantos (de)formadores de opinião, penso que a tolerância não seja o caminho a seguirmos. Caso a opção seja por esse caminho, apenas estaremos legitimando a elite (ainda!) escravocrata brasileira e seus bajuladores tradicionais, justamente pelo fato de que tolerar seria algo consentido, aceito, “assimilado sem produzir alteração orgânica”, ou seja, receber migalhas sem alterar o que realmente os trabalhadores necessitam.
     A continuação e ampliação da mudança que temos conquistado desde 2003 através de maior distribuição de renda, do aperfeiçoamento das instituições democráticas e para alcançarmos justiça social, passa também pelas importantes reformas que são urgentes, tais como a agrária, a urbana, a política (e eleitoral), melhora no atendimento dos serviços públicos e privados, tributação de grandes fortunas e a garantia de acesso aos direitos básicos a todos e todas. Não como algo que nos é dado, mas como compromisso de um governo com seu povo sofrido e com movimentos sociais que lutam contra uma elite escravocrata (‘dona’ das polícias militares, dos meios de comunicação e adulada pelo poder judiciário e por parte do legislativo).
             

Saudações intolerantes!

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Desagravo aos filhos da pátria!

Eis o país do futuro
De joelhos a caminho do infortúnio
Não sem luta
Pois, de tal forma, nada muda!

“Tá lá um corpo estendido no chão”
Juntamente com ele, outros estarão
Desfaçamo-no logo desse fardo
Bem passadas fardas subjugadas ao Capital

Pelo bem da mãe-pátria
Pela impunidade costumeira
Ocultemos corpos e interesses
À História?
Rasguemo-la algumas páginas!

Os vermelhos crescerão, mas desapareceremos
Cumprimos nossa obrigação com a pátria
A pátria imperialista de tio Sam
Afinal, a quem mais devemos satisfação?

Sendo pelo bem da nação
E para felicidade geral do Capital
Onde reside o mal?

Atendamos a pequena burguesia
Também a classe média
Ocultemos o mal
Que o não virar de página nos reserva

Às favas com a Comissão da Verdade
Que punam os pobres de sempre
Aos poderosos o povo reserva:
Vão à merda, burgueses filhos da pátria!

VRJ - poema escrito em 06/05/2012.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Até breve

Hoje tive em minhas mãos a neve
Não era o clima doido dessa cidade
Apenas sentimento
Que de não correspondido
Foi tristeza breve

Viva as puras possibilidades
Pois elas não me faltam
Mesmo quando não encontro
Brecha, coragem ou vontade
Viver a vida é ser leve!

VRJ - poema escrito em 04/05/2012.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Nem besta nem bestial, mas um beijo significativo


Ando tão à flor da pele
Qualquer beijo de novela
Me faz chorar
Ando tão à flor da pele
Que teu olhar "flor na janela"
Me faz morrer
Ando tão à flor da pele
Meu desejo se confunde
Com a vontade de não ser
Ando tão à flor da pele
Que a minha pele
Tem o fogo do juízo final

(Flor da Pele - Zeca Baleiro)

Na semana passada tivemos uma espécie de final de Copa do Mundo no horário nobre da tevê. Não se tratava de partida de futebol, mas de um final de novela da emissora de maior audiência da tevê brasileira e com uma pitadinha de polêmica, qual seja, um beijo entre pessoas do mesmo sexo (chamado de beijo gay). Depois do episódio, fanáticas torcidas se manifestaram pela internet e demais meios defendendo seus pontos de vista.
Da mesma forma que a paixão que o esporte bretão desperta nos corações brasileiros, a expectativa pela realização do beijo entre personagens do mesmo sexo foi enorme (nesse caso específico, do sexo masculino), considerado por muitos um fato histórico e uma quebra de tabu. Evidentemente há preconceitos em nossa sociedade e o preconceito quanto à orientação sexual é um dos que persiste com mais força.
O peso do moralismo religioso nessas terras tropicais é muito forte, oriundos de uma herança cultural com resquícios da moral medieval e fruto do fanatismo e da ignorância que ainda alcança várias mentes de nosso país.
Só escrevo essas linhas para mostrar que, diferente de muita coisa que tenho lido em diversos meios, entendi a situação do beijo como outra qualquer, ou seja, uma expressão de sentimento entre duas pessoas e que, obviamente por ser rara em nosso cenário de teledramartugia, com certo apelo significativo.
Lembremo-nos de que o beijo entre mulheres é mais aceito na sociedade ocidental (não exclusivamente nela) em razão de nossa formação machista e, por isso, passou a constituir uma espécie de fetiche masculino.
Contudo, em minha visão, entendo não existir adjetivo para o beijo, para o amor, para uma união. Não há beijo gay, há o beijo como expressão do amor, do carinho ou do desejo.
Para os olavetes e demais conservadores, lamento que sua visão obtusa não consiga perceber nada além das alegorias toscas apresentadas em seu livro de mitologias preferido e queiram tornar isso mais uma desculpa para seu repertório preconceituoso e imbecil, com o pretexto de uma espécie de cruzada contra um suposto gayzismo da sociedade brasileira.

Saudações e beijos!

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Poema para um amigo

A vida é fugaz
Nada devemos lamentar
Nem o que deixamos para trás

Vir à vida através do sopro divino
Ser levado por outro sopro
Tudo tão efêmero
Que nada entendo de Seus desígnios

Um dia festa e cerveja
Noutro o fim e a tristeza
Ambos lados diferentes da mesma moeda

O que aprendo com isso?
Talvez nada
Além do que preciso:
Pensar menos e viver mais!

Festa no Céu
Para o grande homem e amigo 
Flávio chegou!



Homenagem ao amigo Flávio Sgarbi Lima. 
Fica na paz, amigo!

VRJ - poema escrito em 04/05/2012.