terça-feira, 28 de abril de 2015

Manifestante sem partido, já tomou partido

Nunca me importei com nada
Nem mesmo com o que faziam
Para me enganar e me explorar
Mas agora o gigante acordou
Vi isso na propaganda da tevê
Gritei isso bem alto nas ruas
Enquanto levantava meu cartaz
Que dizia: “Abaixo o funk alto no busão”
Agora espero o próximo vídeo do Anonymous
Não sei quem são e nunca vejo sua cara
Mas confio em suas palavras e no vídeo tosco
Acho legal ser assim e seguir quem não tem rosto
Esse é o meu estilo, esse é meu gosto tolo
Também confirmei presença no próximo ato
Que, aliás, nem sei quem convocou
Nem contra o que protestará, talvez pela paz
Mas tinha verde e amarelo e uma patente
Irei e vou agredir quem for de partido ou sindicato
Não quero me misturar aos sem terra ou sem teto
Tenho tudo isso e quero garantir minha propriedade
Tenho horror à esquerda que quer dividir meus bens
Dizem até que o governo quer bloquear o “feicebuqui”
Não sou bem contra a mudança, não quero radicalidade
 A raiz do problema me afeta, mas não aparece na novela
Enquanto Jabor não apoiar, não vou manifestar
Grito na rua “sem partido”,
Assumindo a ideia do opressor

VRJ - poema escrito em 22/06/2013.

domingo, 26 de abril de 2015

Calmaria

O vento que sopra por aqui
Não admite que eu chegue aí
Promessa de brisa aconchegante
Não durou além daquele momento
A eternidade de um instante
Mas não devo agora reclamar
Ontem foi pior e basta lembrar
Mas também há nostalgia no peito
Pois nem tudo que se fez tem defeito
Os sentimentos escorrem pela música
Que é bela quando se livra dos ouvidos
E se ouve apenas com o nosso coração

VRJ - poema escrito em 16/06/2013.

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Um chato chamado óbvio

O óbvio é um estraga-prazeres
É pai dos mais tediosos afazeres
Mas nem todos o enxergam
Talvez assim sejam mais felizes
A tal felicidade que foi embora

Nada pior do que ver o mesmo que todos
Ser mais um dentre tantos tolos
A fuga pode ser a literatura ou o cinema
A Filosofia também nos alforria dessa dor
Que penetra a vida do dia-a-dia

Toda verdade esconde um devaneio
Largue o que te parece evidente
E voe em busca do excêntrico

VRJ - poema escrito em 10/06/2013.

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Aquela paisagem da janela

O cavaleiro da morte se apresentou
Recusou o descanso nesse dia quase santo
Ao vê-lo da janela lateral do quarto de dormir
Percebi desnudar um mistério natural
Cores naturais deixaram de ser mórbidas
Mas o homem nunca deixou de ser sórdido
Quer você admita ou não a crença nos sinais
O mensageiro marginal virá estabelecer a ordem
As torres, os cemitérios e as igrejas foram consagrados
Culminando no velório seu sublime significado
E sua compreensível recusa em aceitar essa situação
Não altera sua condição de regra letal e inevitável
Ensinamento expresso no muro da casa do senhor de árvores
Servindo para aquele que crê no pensamento mágico
Também àquele que aceita só existir um desfecho biológico 

VRJ - poema escrito em 08/06/2013.

Inspirado na canção: (Paisagem da janela)


https://www.youtube.com/watch?v=X-CmR4SHDK0

sábado, 18 de abril de 2015

Estado de sítio

Encontrei a verdadeira paz
No interior das Minas Gerais
Agora posso cultivar e colher feliz
Todo o produto daquilo que fiz
No final do dia arrisco uma moda de viola
Tendo apenas a rede, o lampião e a lua
Como companheiras e leais testemunhas
De que a injustiça só existe nesses dias
Porque há burgueses, pastores e bispos
Espalhando a divisão de gentes e classes
Cercando as terras e operando a maldade

VRJ - poema escrito em 06/06/2013.

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Poeira ao vento

Quando penso no que passou
Desejo nunca ser deixado de lado
E ao não estar presente por todo tempo
Ser condenado a mais cruel indiferença
Mas como se arranjam essas dualidades
Tempo e espaço; presença e ausência
Nem tudo o que passou valeu a pena
Os bons momentos são inesquecíveis
Para os ruins, deseja-se que se apaguem
O esquecimento é uma espécie de tormento
Não para aquele que desatento se esquece
Porém sofre aquele que pensa ser alguém 
E descobre-se nada além de poeira ao vento

VRJ - poema escrito em 06/06/2013.

terça-feira, 14 de abril de 2015

Casamento vermelho

Não foi o vermelho da esperança
Quem ergueu sua lança foi o inimigo
Tecido habilmente pelas irmãs do destino
Essa trama originou novo e triste drama
O Rei do Norte foi traído por seus aliados
E pagou por não ter por sua esposa
A filha dessa casa agora traiçoeira
Junto com o rei se foram muitas almas
Sua mãe, sua esposa, seu natimorto filho
E seus vassalos entorpecidos pelo vinho
A luta pelo Trono de Ferro não termina aqui
Enfraquecidos pela ganância e deslealdade
Trilhará outro arriscado e desafiante caminho
Será Jon Snow (o bastardo!) a trazer justiça
Ao novo mundo pelo qual segue o caminho?

VRJ - poema escrito em 04/06/2013.

domingo, 12 de abril de 2015

Jogo de sombras

O sol resolveu nos abandonar
Seu calor faz tempo se dissipou
Órfão de sua luz agora estou
A escuridão assumiu o monopólio
Não resta nada mais por aqui
Só as almas perdidas dos tolos
Foram vendidas a preço de banana
Resta a escassa luz de uma vela
Que não serve a todos infelizes
Só não quero terminar imaginando
Que as sombras são a realidade
E a verdade é apenas um jogo

VRJ - poema escrito em 01/06/2013.

quinta-feira, 9 de abril de 2015

Cárcere liberal

Pensas que a educação o libertará
Mas desde a família preso ficará
Controlo Estados, empresas e a mídia
Sua mente, seu gosto e sua miserável vida
Não escapas nem ao consumir sua porção
Isso se justifica por meio da ideologia
Aceitas que sou mais digno de possuir
Sendo eu o ser racional nessa relação
Tu desejando ter as migalhas do chão
Mata seu semelhante por apenas um tostão
Enquanto continuo meu banquete com Platão

VRJ - poema escrito em 31/05/2013.

terça-feira, 7 de abril de 2015

Instrumentos de dominação

Uma separação que causou estrago
Foi a tal divisão social do trabalho
De um lado o burguês proprietário
Do outro o proletário que fora roubado
Esse foi o domínio através da economia
Para garantir a exploração na esfera política
Lançou mão de dois poderosos instrumentos
O Estado e seu direito ao uso da violência legítima
Travestido de guardião dos interesses da nação
E a Ideologia para universalizar suas idéias malignas
Levando no bolso a classe média conformada
A todos dá o prêmio da vida vazia e alienada

VRJ - poema escrito em 31/05/2013.

domingo, 5 de abril de 2015

Contra o desânimo

Era para ser muito bom
Começou como repouso
Agitou por toda a manhã
Mas almoçou ressentimento
Novamente adormeceu
Cumpriu suas tarefas do dia
Não encontrou contentamento
Espera agora que seja um vírus
E que remédio e novo repouso
Tragam a cura para esse momento

VRJ - poema escrito em 27/05/2013.

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Jazigo democrático

Não me venha com seu lixo ocidental
Outros valores são melhores que o seu
Participa da festa democrática por capricho
Caso seja contrariado em algum distinto fato
Passa a odiá-lo e desmoralizar a parte que governa
Arrepende-se não do voto, mas de estar longe
Pois o centro do poder é o mel mais doce
Tendo razão, manifesto ao público minha causa
Mas a agressão barata confunde a mensagem
Misturando alhos com bugalhos não há adesão
O corpo precisa sempre ser alimentado e isso é fato
Contudo o alimento sempre deve ser compartilhado
E a disposição para isso ainda não fundou um sindicato

VRJ - poema escrito em 22/05/2013.

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Ode à direita

Vocês são sábios e sagrados
São os donos da verdade
Deus está ao seu lado, de fato
E nós, a esquerda da mudança,
Somos sinistros e preocupamos
Lemos bem a história mundo afora
Lutamos sempre contra as injustiças
Queremos o fim das desigualdades
Alertamos a todos sobre o que aliena
A propriedade privada é um roubo
Mas ainda ressoa pouco e é uma pena!
Quando perceberem o que está por trás
Os trabalhadores, urbanos e rurais
Não vão aceitar mais sua imposição
Partiremos juntos e sem medo
Numa linda e socialista revolução

VRJ - poema escrito em 19/05/2013.