segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Retrospectiva: Feliz ano velho!


Ao contrário do que sugere o título desse texto (em parte emprestado do livro de Marcelo Rubens Paiva), não se trata de passar em revista os fatos e as fotos do ano que terminou, mas demonstra o anseio de meditar sobre a própria ideia de uma retrospectiva tal como é feita por emissoras de TV, jornais e revistas. Além de ser (é claro!) o meio pelo qual retorno às atividades desse espaço de resistência.
Todo ano somos agraciados com as imagens, reportagens e a enxurrada de lamentáveis opiniões a respeito dos acontecimentos mais importantes (escolhidos pelos digníssimos formadores de opinião pública e por seus interesses escusos), passeando desde as críticas comprometidas com os interesses dos poderosos e seus aliados gringos até o ufanismo imbecil. É duro, ano após ano, ver tudo isso se repetindo como um caminho sem saída.
O simbolismo da troca de ano, perversa junção dos interesses econômicos e da cumplicidade do cristianismo oficial (calendário gregoriano, herdado na Santa Amada Inquisição), não representa muita coisa no cotidiano sofrido dos trabalhadores do mundo. É verdade que somos animais que necessitam do simbolismo para sobreviver, desde as representações numéricas, passando pelas letras e pela expressão artística, contudo a criação e difusão desses símbolos não é neutra, existem interesses de classe na seleção de uns e no descarte de outros.
Outros instrumentos fortes de dominação/alienação desse período são as longas seções de previsões sobre o ano que se inicia, tendo como pano de fundo as curiosidades sobre o “futuro” das celebridades e pessoas públicas de toda sorte, tendo como na previsão zodiacal os elementos (genéricos, por sinal) que “determinam” nosso destino ao longo dos próximos 12 meses. Isso sem contar com a ilusão sobre a possibilidade de enriquecer às custas dos jogos de azar (Mega Sena da Virada, por exemplo), sendo exatamente o desejo de nossa burguesia deslumbrada e preconceituosa que acreditemos nessas falácias para, dessa forma, nos ludibriar com a falsa ideia liberal de que somos todos iguais perante a lei e os jogos! 
Muito mais proveitoso, segundo minha opinião, é pensar sobre nossas atitudes individuais diante do mundo e sobre nossa participação coletiva diante dos fatos históricos de nossa época, prática salutar para que não sejamos apenas expectadores do nosso tempo, mas tomemos em nossas mãos os rumos de nossa vida.
Estamos todos impregnados com essa porcaria alienante!
Portanto, sem mais delongas, sugiro não perdermos mais tempo com as sentimentalidades que nos empurram para esses instrumentos de nenhuma “utilidade pública” e nos organizar para construir um mundo melhor, sem simpatias, falsas promessas, sem boas intenções (se há inferno, é lá que eles permanecem!) e superstições que beiram a irracionalidade.

Saudações autônomas e libertárias!

2 comentários:

  1. As elites querem que o ser humano acredite que as grandes transformações devem se dar exclusivamente no interior de cada indivíduo. Alguns se entregam a um misticismo eunuco, renunciando à participação nas grandes transformações na história. Obrigar um ser humano a renunciar seu papel transformador é como lhe roubar a alma!

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