segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Anistia ou Amnésia?



Lamento profundamente, hoje mais do que ontem, o fato de o presidente Lula ter nomeado Nelson Jobim para ministro da Defesa. Além de amigão de Zé Serra-Burns e de FHC, é um tucano travestido de pMDBista e ocupa-se agora em fazer média com seus amiguinhos militares. Advogado das causas dos ricos, tornou-se ministro de um governo popular. Como diria a tia velha, virgem e preconceituosa (Boris Casoy): “Isto é uma vergonha!”

Enfim, arranjos e alianças entre partidos em busca da tal governabilidade sempre trazem esse tipo de inconveniente. Lamento essas coisas, mas meu lado pragmático sabe que para governar deve-se tomar um “engov” antes, outro depois!

O que me indigna é a postura dos defensores dos torturadores a serviço do regime militar, entre eles Nelson Jobim, o grupo Globo de comunicação, além de Folha, Estadão e outros capachos dos poderosos, incluindo alguns intelectuais e jornalistas de merda.

Quem tem o rabo preso (e sujo) com os torturadores, pelo motivo que for, deveria ser arrancado da convivência democrática? Claro que não (por mais que seja meu íntimo desejo!), mas todos têm que se submeter à legislação e apurações da justiça de nosso país. Entendo que a criação da “Comissão da Verdade” (nome pretensioso, mas interessante!) para investigar e esclarecer nosso passado seja algo fundamental.

A lei da Anistia, decidida “por cima” para que conseguíssemos ao menos a esmola da volta da escolha em eleição direta para presidente, fez com que fosse assinado esse Frankeinstein que “contemplou” torturados e torturadores. Alguns torturadores chegam até a recorrer agora à justiça em ações contra o Estado pelo fato de terem sido usados para torturar (pobres coitados!), pedindo indenizações por terem estuprado, prendido, batido, esfolado, ameaçado, sumido com pessoas, torturado e assassinado durante a ditadura militar. Às favas com esses facínoras! Suas nobres progenitoras, aliás, sabem onde seus filhos estiveram nesse período, ao contrário das muitas mães que sofrem até hoje por não saberem o que aconteceu com os seus! Estes tiveram seus corpos violentados, foram assassinados e jogados em valas comuns como indigentes, tal como ocorreu no cemitério de Perus.

O que o infame ministro Jobim (perdão maestro soberano!) e demais amaldiçoados chamam de “revanchismo”, pertencerá (oxalá!) aos anais da justiça brasileira, isso, sim, é o maior valor a ser perseguido por todas as pessoas e por toda a sociedade pretensamente democrática.

Os crimes de “lesa humanidade” cometidos pelos militares (e pelos civis também!), nessa e em qualquer nação, não podem simplesmente ser esquecidos. Há que se investigar sempre as condutas dos homens públicos, pois nos devem satisfação de nosso voto, de nossa cidadania e em nome da dignidade humana. Ou será que Folha de SP, Veja, Globo e demais veículos e jornalistas alinhados aos poderosos de hoje (e de sempre!) querem agora nos convencer de que não houve ditadura e de que, caso tenha havido, não foram os militares e nossa elite os responsáveis por isso?

Declaro aqui meu apoio e minha solidariedade aos ministros Paulo Vannuchi (Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República) e Tarso Genro (Ministério da Justiça) na criação da “Comissão da Verdade”!

Vamos estudar, esclarecer e tomar atitudes em relação à nossa história!

Abaixo a ditadura e seus tentáculos na democracia inacabada!

Saudações solidárias...

6 comentários:

  1. amore, postei meu curto comentário sobre o vídeo, depois se quiser, pode criticar ou elogiar... um beijo

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  2. Pois é meu amigo Valtinho...essa"Comissão" precisa ser, antes de tudo, "de Verdade". O pior é que o tempo está colaborando com a história da impunidade, Já que os torturadores estão morrendo devido à velhice e não por alguma espécie de amargura em uma vida punida. Vide essa semana a morte do coronel Erasmo Dias que comandou a invasão da PUC, ajudou a fundar a ARENA, além de ter sido torturador. Agora descansou depois de uma vida sem muitos cansaços recebidos, mas muitos oferecidos.
    Abraços, Erick

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  3. Vc está certo, Erick!
    Li nos jornais de hoje que nossos hermanos argentinos já haviam revogado sua lei de anistia e sua presidente Cristina Kirchner autorizou a abertura dos arquivos do período de sua ditadura.
    No Chile da presidente Michelle Bachelet, vários processos estão em fase final para serem julgados.
    É nossa hora de acertar contas com nossa história recente.
    Abraços.

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  4. Primeiro de tudo: adorei a descrição do velho Boris.
    Segundo: esse nome "Comissão da Verdade" me soa um pouco como um termo Orwelliano, mas acho válido, pois não podemos nunca, jamás, esquecer nossa história... a ditadura (alguns conservadores preferem o termo Revolução Militar, tenha dó!) faz parte da constituição de nossa cidadania e, portanto, de nossa história. Parabéns pelo texto!

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  5. Vamos escrever nossa história, sem interpretes "estrangeiros"!
    Obrigado... Bjs, Pri.

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