Há um grande desejo em mim de sempre melhorar.
Melhorar. É o que me faz feliz.
E sempre que sinto que estou aprendendo menos, que a curva de aprendizado está nivelando, ou seja o que for, então não fico muito contente.
E isso se aplica não só profissionalmente, como piloto, mas como pessoa.
Melhorar. É o que me faz feliz.
E sempre que sinto que estou aprendendo menos, que a curva de aprendizado está nivelando, ou seja o que for, então não fico muito contente.
E isso se aplica não só profissionalmente, como piloto, mas como pessoa.
Ayrton Senna
Hoje venho a esse
espaço para escrever algumas linhas sobre alguém que foi importante para a
minha vida e a de tantos outros nascidos nesse país. Corro o risco de ser
injusto com o que representou, mas ele sempre corria todos os riscos pela
conquista de uma vitória e, minimamente, presto homenagem ao tentar fazer o
melhor que posso hoje.
O amor pelas corridas
de automóveis (principalmente pela Fórmula 1-F1) me foi apresentada por meu pai
na época em que a categoria já tinha visto títulos de Fittipaldi e Piquet (dois
pilotos fantásticos!) e observava com atenção um novo piloto brasileiro,
arrojado e abusado e que viria fazer histórias nas pistas de todo o mundo.
Não farei aqui
biografia, nem pretendo comentar bastidores da F1 ou as polêmicas de revistas
de fofoca, mas apenas mostrar um pouco do quanto Senna representa para mim e
para boa parte dos brasileiros.
Num contexto de final
de ditadura militar, redemocratização e da “anistia possível”, estávamos
deixando para trás a chamada década perdida (1980) com a esperança de novos
rumos para o país. Tudo o que relacionávamos com o “novo” nos chamava a atenção
e o conflito com tudo o que se relacionava com o “antigo” passa a se
justificar.
A chegada de Ayrton à
F1 aconteceu através da acanhada equipe Toleman em 1984, uma equipe que não
disputava títulos ou vitórias, mas que lhe serviu como bom cartão de visitas e,
caso o GP de Mônaco não fosse interrompido em função das chuvas teria vencido,
pois chegou a ultrapassar Alain Prost enquanto o diretor de prova (por pressão
da escuderia de Prost) indicava sua decisão.
Suas primeiras
vitórias vieram na Lotus preta e outras na Lotus amarela (cores em função dos
principais patrocinadores da equipe nas temporadas 1985-1987), mas o apogeu de
sua carreira espetacular foi a união vitoriosa de Senna-McLaren-Honda nas
temporadas seguintes e que lhe trouxe o tricampeonato mundial de F1.
Tivemos oportunidade
de assistir algumas corridas épicas conduzidas em situações diferentes e,
algumas delas com adversidades sejam climáticas, sejam mecânicas, coisas de uma
F1 que não mais existe.
Mas aqui a proposta é
tentar trazer à tona alguns dos motivos pelos quais Senna se tornou ídolo no Brasil
e no mundo. Nas próximas linhas vou tentar assinalar alguns deles.
O menino nascido no
conforto e conservadorismo da classe média da zona norte paulistana não sabia
que se tornaria ídolo de tanta gente, mas desde muito cedo sabia o que queria
fazer da vida e, mais do que isso, que queria fazer e ser o melhor no que
fizesse. Penso que foi bem sucedido naquilo que se propôs.
Do lado debaixo do
equador, além de não existir o pecado, podemos notar que nossa síndrome de
vira-latas e nossa busca por um salvador da pátria colaborou de duas formas
para que Ayrton Senna se tornasse um mito. Desde o nosso “descobrimento” tínhamos a
certeza de que o que de melhor existisse estaria em terras européias ou
estadunidenses, com exceção do futebol, embora passássemos por momento de
dolorosas derrotas da seleção brasileira.
Senna não partiu do
zero, pois teve acesso a boa educação e a toda estrutura para iniciar sua
carreira e tendo sido inicialmente patrocinado por seu pai, empresário com boas
condições para tal tarefa.
Basta verificar a
carreira de Senna e de outros meninos pelo mundo e que tiveram condições
semelhantes e verificar que poucos conseguiram conquistar o que ele conquistou.
Não foi no apito. Foi no braço, na coragem, na garra e na dedicação total
àquilo que ele tinha como algo no qual se destacava e que amava.
Agora gostaria de
pontuar uma coisa importante e que pode trazer desconforto a muitos que cultuam
Senna e ou nosso país. Amo o Brasil por ter nascido aqui e por pertencer a um
povo que luta por melhoras de vida e por um futuro com mais justiça social.
Nossa classe trabalhadora ainda se acostuma com as lutas contra o Capital,
tendo saído das relações escravistas e colonialistas relativamente a pouco
tempo. Contudo não sou nacionalista e tampouco patriota. A luta de povo
trabalhador do país é muito mais importante do que uma flâmula sendo ostentada,
um hino sendo cantado sem ser entendido ou ainda um discurso vazio em nome de
valores construídos pela classe dominante dessas terras.
Quando Senna lutava pela
vitória ele o fazia primeiramente por ele mesmo e depois em nome do povo sofrido
e sem autoestima desse país. Quando segurava a bandeira do país em seu carro e
dava a volta da vitória nos circuitos era para mostrar que podíamos ser os
melhores e vencer entre os melhores do mundo. Senna era do Brasil, mas mostrava
qualidades que normalmente atribuímos a japoneses, alemães e demais europeus e
que muitos de nós nunca imaginaria que possamos possuir.
Quanto à sua opção
futebolística, político-partidárias e demais escolhas pessoais nada tenho a
declarar, pois Senna era filho de seu tempo e de seu contexto. Não precisava
concordar plenamente com alguém para admirá-lo.
O
Senna que admirava e admiro foi o brasileiro determinado, com garra, vitorioso,
que não pagava pau pra gringo, que foi respeitado por suas qualidades técnicas
e humanas, que foi odiado por tantos outros por não abrir mãos da curva ou da
vitória e que estava disposto a tudo para realizar seus objetivos.
Para terminar, aproveito
as homenagens espalhadas pelo mundo nos 20 anos de sua morte para gritar mais
uma vez: E dá-lhe Senna! E dá-lhe Senna! Olê, olê, olé!
Ainda sonho com dois
diferentes desfechos para aquele terrível dia 01 de maio de 1994. Vejamos as
alternativas:
Saudações tricampeãs!
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