Vide vida marvada
Renato Teixeira
Composição: Rolando Boldrin
Corre um boato aqui donde eu moro
Que as mágoa que eu choro são mal ponteadas
Que no capim mascado do meu boi
A baba sempre foi santa e purificada
Diz que eu rumino desde menininho
Fraco e mirradinho a ração da estrada
Vou mastigando o mundo e ruminando
E assim vou tocando essa vida marvada
É que a viola fala alto no meu peito humano
E toda moda é um remédio pros meus desenganos
É que a viola fala alto no meu peito, mano
E toda mágoa é um mistério fora desse plano
Pra todo aquele que só fala que eu não sei viver
Chega lá em casa pruma visitinha
Que no verso e no reverso da vida inteirinha
Há de encontrar-me no cateretê
Tem um ditado dito como certo
Que cavalo esperto não espanta a boiada
E quem refuga o mundo resmungando
Passará berrando essa vida marvada
Cumpadi meu que inveieceu cantando
Diz que ruminando dá pra ser feliz
Por isso eu vagueio ponteando
E assim procurando minha flor-de-liz
É com a singela e bela música do cancioneiro popular que dou início ao meu lamento...
Escrever sobre a tristeza de um torcedor seria injusto diante das agruras do mundo, contudo “para o brasileiro o futebol é, dentre as coisas menos importantes, a mais importante” (não sei de quem é a ótima análise) e por isso utilizo esse espaço para tal tarefa.
Apenas pretendo demonstrar mais esse descontentamento e quem me conhece e porventura estiver aqui lendo, talvez entenda o porquê de meus sentimentos. Talvez! Também não quero ser entendido e nem tampouco consolado.
A ideia aqui não é esclarecer, mas confundir. Ninguém recebe de fato tudo pronto e acabado e o final não é e nem será feliz.
A ética de nossos tempos admite uma série de injustiças, protegida pela moral darwiniana, pela liberal ou, ainda, pela moral “judaico-cristã-ocidental”, todas representando o mesmo repertório cultural. Não posso esquecer das injustiças alimentadas pela porção oriental.
Não que nunca tenha jogado esse jogo, mas todos que enxergam um pouco à frente, cansam-se dessa horrenda realidade e, alguns, revolvem se mexer para lutar por mudanças, outros desistem à beira do caminho.
Misture juízes ladrões, falta de vontade, “corpo mole”, congressistas corruptos, coronelismo, clientelismo, alienação, passividade e uma porção de pessoas adotando a tática do “jeitinho brasileiro”, que, aliás, não é nossa exclusividade, embora queiram nos empurrar goela abaixo.
Nesse momento em que já ultrapassei minha terceira década de existência no planeta, encontro-me com menos esperança e me reconheço mais próximo das figuras de Jeca Tatu e Macunaíma... quase um anti-herói!
Entrego a todos meu sincero cinismo e minha rebeldia!
O mundo criou e recebe nesse momento mais um ateu, agnóstico, iletrado, insurrecionado em suas terras.
Viva o Caos!
Agora, resta-me aguardar o derretimento das "calotas polares" e aproveitar as futuras praias paulistanas.
Encerro aqui esse desabafo... apesar de toda desesperança, continuarei resistindo!
Grande Valtinho, hj consegui acessar seu blog e li todas suas postagens e descobri a real nobreza de um blog informativo, cultural, despossuído de falso intelectualismo. Agora seguirei vc mais de perto e com muito gosto, satisfação e orgulho.
ResponderExcluirbjão
Jú
O mehor herói é o nosso herói picaresco; dele a gente não espera virtude e tudo acaba em riso!
ResponderExcluirAbraço.
Obrigado pelas palavras tio Jú!!!
ResponderExcluirSem pudores gosto da frase do brasão da bandeira paulistana: NON DVCOR DVCO, cujo significado é "não sou conduzido, conduzo"!
Toni... realmente você tem toda razão!
Abraço a vcs.
Cadê os outros posts?
ResponderExcluirVamos lá!!!
Abraço!