Não gostaria de novamente ser pautado pela imprensa liberal, mas não resisti em fazê-lo por envolver sentimentos artísticos e políticos. Tratarei aqui, com muito pesar, sobre a tristeza de uma opinião obediente. Vamos a mais essa polêmica.
Caetano Veloso, ao ser entrevistado pelo “diário oficial do conservadorismo” (Estadão), em período de divulgação da volta de seu show a São Paulo, aproveitou para declarar sua intenção de voto e tentar atrair as atenções para seu próprio umbigo.
Gostaria de pontuar uma questão aqui, apesar do meu nítido e declarado “analfabetismo cultural”. Tal ponto é o fato de que parcela dos artistas sentem a necessidade de estar sempre em evidência e influenciar ou arrancar suspiros de suas tietes, inclusive através de suas “privilegiadas e autênticas” visões de mundo.
Ao mesmo tempo em que ele zomba do presidente da República (o chamando de analfabeto, grosseiro e cafona) pela sua formação e origem populares, origem estranha a Caetano, ele perde a mão nas críticas. Acredito que, mesmo àqueles que não são seus fãs, nunca imaginaram tal ícone do Tropicalismo destilando preconceitos.
Ele prossegue sua postura esnobe e pedante ao citar que leu matérias na revista “The Economist” e o jornal “The New York Times” sobre como o país é percebido pelo mundo ocidental e ao esperar para o país um “governante ideal” como alguém que seja a mistura de Obama e Lula, sendo Marina Silva a representação dessa sua vontade.
Não vejo problema algum no fato de ele expressar sua opinião, inclusive declarando sua intenção de voto, acho isso importante, principalmente em um país onde grande parcela prefere mensagens subliminares ou expressá-las através de matérias opinativas disfarçadas de verdade dos fatos. Contudo essa visão de “brazilianista” que apresenta é que é lamentável.
Por ser liberal declarado, não gosta de muitas interferências do Estado na vida das pessoas, embora a história mostre que isso tem sido fundamental ao desenvolvimento humano. Parece menosprezar também a política e acaba por encarar o Estado como algo que concentra poderes, o que qualifica como algo ruim.
Ele, que parece se orgulhar de seu repertório cultural e erudito, poderia reler Michel Foucault e entender que o poder encontra-se impregnado em todas as relações humanas, não estando restrito ao Estado.
Seu discurso preconceituoso, em espaço aberto pelo santuário da mediocridade paulistana, exerce poder e forma opinião de certa forma. Isso não é poder???
Com certeza, caso fosse de seu agrado, sua opinião e sua ação teriam contribuído muito para escancarar e criticar as estruturas de poder da família Magalhães, denunciando e combatendo o coronelismo em seu estado. O que não o faz com veemência, aliás até nutrindo certa simpatia por tais conterrâneos.
Enfim, vai viver para contar e recontar seu triste auto-exílio em Londres, enquanto companheiros eram torturados e mortos lutando pelo fim da ditadura militar. Sendo merecedor de uma composição de Roberto Carlos, “rei” e ícone da alienação da Jovem Guarda.
Ao contrário do que o periódico afirma, através da jornalista Sonia Racy, o passar de tempo não parece ter lhe trazido tanta sabedoria assim. Enfim, prefiro ficar com a versão da década de 1960 de Caetano e de sua canção que dizia: É proibido proibir!
Saudações cafonas...
Deculpe, mas leio mais o seu blog do que o Estadão.
ResponderExcluirO que o Caretano disse?
Em quem ele vai votar???
valeu
Caetano estava sendo entrevistado para divulgar a volta de seu show a São Paulo, quando tocou no assunto que votaria em Marina Silva pq ela é uma mistura de Obama com Lula, mas só que é "cabocla, preta"... e que "ela não é analfabeta e nem cafona como é Lula", segundo "Caretano". Dentre outras tantas bobagens.
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