domingo, 1 de novembro de 2009

O império e a América Latina




Pois paz sem voz, paz sem voz
não é paz é medo

Às vezes eu falo com a vida
Às vezes é ela quem diz
qual a paz que eu não quero conservar
para tentar ser feliz

...procurando novas drogas de aluguel nesse vídeo coagido
pela paz que eu não quero seguir admitindo

Trechos da música "Minha alma" de Marcelo Yuka - O Rappa


Após anos sob o julgo de ditaduras militares, estas abertamente apoiadas e financiadas pelo governo estadunidense, a América Latina vive momentos de ajustes democráticos e, como não poderia deixar de ser, os donos do mundo sentem-se incomodados.



Uma de suas estratégias é desqualificar as escolhas eleitorais dos povos latinoamericanos (não as julgamos aqui). Outra maneira é realizar acordos militares com ”nações amigas” para nos vigiar (e punir?) para além de seus satélites na órbita terrestre.



Prontamente a Colômbia coloca pelo menos sete de suas bases à disposição da nação do norte, assinando acordo de cooperação militar para que atuem em conjunto contra o narcotráfico. Esse pelo menos é o argumento de nossos vizinhos.



Trata-se sobretudo da região amazônica, a qual atrai interesses escussos de diversos países desenvolvidos e que, com toda certeza, afetará a soberania de diversos países da região, tais como Venezuela, Equador, Brasil, Bolívia, Paraguai e por aí vai...



Seria a reedição da política: “América para os americanos (do norte!) ou poderia também ser um requentado prato típico dos EUA, ou seja, a volta do Plano Colômbia? (se é que ele se foi algum dia!)



É claro que, embora eu seja um internacionalista, defendo a soberania das nações da região, contudo a Colônia, ops Colômbia (rs), faz parte de um continente que tenta uma melhor integração para enfrentar em melhores condições as disputas capitalistas no mercado internacional. É evidente, também, que após colocar os estadunideses “pra dentro” de seu território, será difícil colocá-los para fora.



Algo ainda mais bizarro é o fato de que tal acordo deverá passar por análise e aprovação no Congresso estadunidense e na Colômbia não passará por nada, apenas a simples assinatura do mandatário desse país que insiste em se comportar como colônia.



De acordo com a “etiqueta democrática”, imagino eu, deveria acontecer uma consulta popular (referendo/plebiscito) e ampla discussão nos órgãos multilaterais latinoamericanos antes de qualquer atitude dessas. Mas essa realmente não é uma prática do atual governo colombiano.



Saudações jacobinas...

10 comentários:

  1. Interessante notar que o senhor não cita o papel das FARC nesse processo. Qual o motivo da omissão de agente tão importante nesse processo?
    A Colômbia, se não me engano, é uma nação independe. Se é independente, o que obriga ela a submeter uma decisão de seu governo a "orgãos multilaterais latinoamericanos"? Já vou adiantar a resposta: NADA. Outra questão: o que obriga o governo colombiano a submeter uma decisão militar a um plebiscito? NADA!
    Portanto, sua crítica está baseada em dois pilares inexistentes. Alvaro Uribe vai continuar a fazer acordos com os EUA para combater o tráfico de drogas e, principalmente, as FARC. Plebiscito, referendo ou OEA não são juízes dessa causa.

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  2. Nobre amigo Rodrigo... leia umtrecho da Constituição da Colômbia:
    PREAMBULO
    EL PUEBLO DE COLOMBIA
    En ejercicio de su poder soberano, representado por sus delegatarios a la Asamblea Nacional Constituyente, invocando la protección de Dios, y con el fin de fortalecer la unidad de la Nación y asegurar a sus integrantes la vida, la convivencia, el trabajo, la justicia, la igualdad, el conocimiento, la libertad y la paz, dentro de un marco jur161dico, democrático y participativo que garantice un orden político, económico y social justo, y comprometido a impulsar la integración de la comunidad latinoamericana, decreta, sanciona y promulga la siguiente:
    Art. 3. La sobaranía reside exclusivamente en el pueblo, del cual emana el poder público. El pueblo la ejerce en forma directa o por medio de sus representantes, en los términos que la Constitución establece.
    Art. 9. Las relaciones exteriores del Estado se fundamentan en la soberanía nacional, en el respeto de la autodeterminación de los pueblos y en el reconocimiento de los principios del derecho interncional aceptados en Colombia.
    De igual manera, la política exterior de Colombia se orientará hacia la integración latinoamericana y del Caribe.
    CAPITULO 8
    DE LAS RELACIONES INTERNACIONALES
    Art. 227. El Estado promoverá la integración económica, social y política con las demás naciones y especialmente, con los países de América Latina y del Caribe mediante la celebración de tratados que sobre bases de equidad, igualdad y reciprocidad, creen organismos supranacionales, inclusive para conformar una comunidad latinoamericana de naciones. La ley podrá establecer elecciones directas para la constitución del Parlamento Andino y del Parlamento Latinoamericano.

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  3. As decisões devem, ao menos politicamente, levar em consideração e ter como prioridade a integração com os demais países da América Latina e Caribe... ao menos a democracia liberal representativa deveria ser respeitada e os representantes eleitos deveríam decidir esse relevante passo, conforme diz a constituição.
    Salientando novamente o artigo 3:
    Art. 3. La sobaranía reside exclusivamente en el pueblo, del cual emana el poder público. El pueblo la ejerce en forma directa o por medio de sus representantes, en los términos que la Constitución establece.

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  4. Nobre amigo,

    Poderia, por favor, me monstrar o artigo em que reza que todas as decisões sobre relações internacionais precisam passar pelo crivo da OEA? Se a ColoMbia é independente, ela possui autonomia para assinar documentos e tratados internacionais sem pedir "a benção" de nenhum outro país. Agora, me espanta você, que sempre criticou a democracia liberal, cair na conversa de que "todo poder emana do povo...etc", se for assim, não existe governo, pois qualquer decisão, por mais banal que seja, precisaria ser submetida a um plebiscito. Na prática, seria a barbárie, pois nenhum governo se sustentaria. Sabe qual o núcleo dessa questão? Todo poder jamais, na prática, pode emanar do povo, pois o povo não tem capacidade igualitária de legislar. Legisladores não somos todos. O nobre amigo sabe que o núcleo do meu pensamento é desigual, pois semelheança não quer dizer igualdade. Nem todo mundo tem talento para estadista ou legislador. Isso não sou eu que falo, basta observar nas esquinas. Com a respeitosa vênia, lamento dizer que o cerne de nossos pensamentos são conflitantes, pois, em meu conceito, o estado é soberano e tratados internacionais não podem ser superiores as leis nacionais. Por isso, a questão da soberania colegiada não se sustenta. O senhor mesmo citou a doutrina Monroe (américa para os americanos), essa doutrina é uma forma de manipulação colegiada das nações abaixo do Rio Bravo. O bloqueio a Cuba foi aprovado quase por unanimidade pela OEA e essa resolução está em pleno vigor ainda hoje. O senhor acha isso justo? Eu acho isso um atentado a dignidade do povo cubano. O senhor percebe o risco de se delegar coisas de direito soberano de um estado para um organismo internacional? Portanto, Uribe faz muito bem em decidir o tratado militar com os EUA de forma soberana. O senhor discorda dos termos do acordo? Eu também discordo, mas por uma questão de hegemonia brasileira contraposta com a hegemonia dos EUA na América do Sul. Isto é, uma questão de estratégia política. Quanto a questão do exercício da democracia liberal de forma radical, por favor, leia e reflita sobre o meu artigo "A vontade soberana" http://bit.ly/1UteOV - O povo não pode ser soberano, pois os cidadãos não possuem capacidade política de modo igualitário. Somos um diferente do outro, é mais ou menos isso que o meu texto versa.

    Muito obrigado pela oportunidade!

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  5. Li atentamente seu ótimo texto sobre a vontade soberana, mas não mudou meu ponto de vista...
    O sr defende uma estrutura aristocrática nas decisões políticas e eu a soberania do povo, portanto pontos de vista contrários.
    Há um grave equívoco na sua leitura das democracias modernas, pois, além do direito de votar e ser votado, há a necessidade da alternância no poder, acesso a informação e de organização e atuação direta na esfera política. Essa não é simplesmente minha opinião, mas a análise de Marilena Chauí.
    O povo não tem q ser estadista, ele tem q ter informação para decidir seu destino, não há ninguém melhor para decidir sobre seu destino do que a própria pessoa (e nesse caso, o povo).
    Quanto a supostos legisladores com sensibilidade legislativa e sabedoria extrema para captar a alma, as qualidades, defeitos e aspirações de uma nação... não estamos discutindo o retorno do messias... não trata-se de campo religioso!
    Eu que lhe agradeço pelo qualificado debate!

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  6. PS: nunca mencionei a OEA, mas pensei em MERCOSUL e UNASUL...
    Quanto às FARC, embora tenha aparentemente desvirtuado, caso o presidente Uribe não possa dar conta, que renuncie!

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  7. Caro Valter,

    Minha resposta ficou muito longa, favor acessar:

    http://bit.ly/4E6cu1 (o meu blog)


    Obrigado e boa noite!

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  8. Respondi em duas partes (bem confusas! rs) no blog "O Estadista de si mesmo" do meu querido amigo Rodrigo Máximo, mas reproduzo aqui tb:
    Querido Amigo Rodrigo

    Em primeiro lugar, respondo-lhe: Ronaldo! rs

    Continuando... quem faz o curso de ciências da computação não deve ser desmerecido... eles também pertencem a nossa pólis tupiniquim e devem participar das decisões!
    Quanto a minha obsessão em ver coisas religiosas em seus textos, nesse caso especificamente, é que aqueles que procuram/esperam pelo grande estadista, remete-me aos que esperam o retorno do messias, foi apenas uma metáfora! Não me leve a mal, por favor. Bem sabes que sou cristão.
    Agora entendi que você concorda com a alternância no poder... realmente não estava explicito!
    Não concordo com sua comparação a respeito do Zina, o poeta de uma frase, pois se trata de um rapaz que sofre de esquizofrenia, merece atenção de saúde pública e, não deve ter sido nesse sentido que quis se referir, mas nossa população não é constituída de Zina’s, sem juízos de valor ou preconceito.
    FHC foi a maior prova de que estudar em cursos universitários, mesmo na área de humanas, não confere a ninguém estar melhor preparado. Nosso presidente operário aprendeu na universidade da vida, forjado na luta, e é bem melhor presidente que o almofadinha pequeno príncipe.
    A tal realidade a que você se remete, demonstra a necessidade da existência desse jogo da política, o qual não o considero menos nobre do que a “punhetagem” acadêmica, da qual, tanto eu, como você, conseguimos nos livrar.
    Realmente tenho minha utopia socialista e pobre daqueles que não tem suas utopias e sonhos para guiar seus caminhos.
    O mito em questão não é o da igualdade, mas o de que existem melhores do que outros para escolher nossos rumos... na minha singela opinião, trata-se de um grande equívoco. Eu uso aqui, por minha conta e risco, uma nova comparação religiosa... Deus nos presenteou com o livre arbítrio e não disse para repassá-lo a alguém mais qualificado a utilizá-lo em nosso nome...
    A REALIDADE HISTÓRICA (o sr pode dizer que é minha) ensinou que a história da humanidade é a história da luta de classes.
    Paro por aqui... corremos o risco de parecer pedantes, não acha?
    Abraço fraterno ao querido amigo!

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  9. Caro amigo Valter, se não existisse o pessoal da computação, nós não estaríamos nesse info-mar. Todas as minhas homenagens a esses grandes profissionais!

    Tu sabes, Valter, que a ironia, na dose certa, é uma grande provocadora nos debates. Use-as, sempre!

    Quanto ao Zina, o poeta de uma frase, jamais quis desmerecê-lo, apenas o citei como exemplo. O povo brasileiro é composto, politicamente, de muitos deles. Que ele consiga a cura da sua doença, estamos todos torcendo pela sua recuperação!

    Quanto a questão da universidade. Eu não disse que para ser estadista, precisa de faculdade. O Lula, realmente, é uma prova disso, mas receio que seja a exceção das exceções. FHC também, só que no exemplo inverso.

    Volto a insistir, nobre amigo, nossa divergência de pensamento é a questão da igualdade x semelhança. Já que o sr citou Deus, eu lanço um respeitoso desafio final. Onde está, nas Escrituras, que os homens são iguais? Vou adiantando, o senhor não vai achar. Mas, sabe onde eu vou achar a teoria da igualdade? Nos livros de um barbudo alemão que o senhor tanto conhece. Lá realmente, está escrito. Nas Escrituras está a boa e velha semelhança. Tratar a matéria da Politcs pelos estadistas, não é cercear direitos de escolha, pois eu não sou contra voto direto, partido político, etc. O jogo é jogado por todos, mas as regras, essas são para quem entende... Os Zinas têm direito a voto, eu jamais seria contra tão elementar princípio. Nosso Senhor, realmente, nos colocou o livre arbítrio, mas ele disse também o que é certo e o que é errado, coisas que os homens esqueceram. O senhor lembra do meu artigo "Não existem verdades"? O império do relativismo, nobre amigo está poderoso.

    Mas o materialismo histórico, a igualdade e as lutas de classes estão com o barbudo alemão. Essa é a sua fonte de pensamento primordial, eu bebo em outra fonte. Quem de nós estará certo?

    Fica, a resposta, para os novos textos!

    Abraços fraternais!

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  10. É isso aí, Rodrigo!
    Gostei demais da troca de ideias e espero que tenha sido boa pra todos que por aqui e em seu blog passaram e acompanharam. Aliás, fiz uma bagunça nos comentários de seu blog... será que podemos acertá-lo para que todos possam enteder? Gostaria de apagar e colocar na sequência certa.
    Viajamos da discussão sobre AL para nossas próprias crenças, ou seja, levamos quase às últimas consequências.
    Obrigado pela gentileza em permitir que adepto da teoria do "velho barbudo" pudesse, ainda hoje, expressá-la... os muros ruíram... já se passaram 20 anos e ainda me entristeço com os boçais que nos declararam "muertos" e anunciaram o fim da História!
    Como diria nosso hermano Che:
    Hasta la victoria, siempre!
    Viva Cuba Libre!

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