terça-feira, 18 de março de 2014

Contra o bem e contra o mal


A crise consiste precisamente no fato de que o velho está morrendo e o novo ainda não pode nascer. Nesse interregno, uma grande variedade de sintomas mórbidos aparecem. 
 Antonio Gramsci
As notícias que se multiplicam nesse ano de 2014 são fartas de opiniões enviesadas e de manipulações toscas de um lado a outro. Contudo a excelência nessa forma tola de (des)informar em nosso país é de nossa carcomida direita colonizada e catequizada.  Algo a se lamentar.
E agora existem ícones pop que despejam todo o esgoto que flui com certa facilidade de suas mentes insanas e que recebem amplo espaço em canais de tevê, rádios, jornais e revistas. Não poderia ser diferente, pois é sabido que os meios de comunicação, assim como os meios de produção, estão nas mãos dos poderosos que há muito controlam a vida dos brasileiros. Mas não se faça de bocó e comece a relinchar aquelas frases feitas (e publicadas em revistas semanais e jornais diários):” O governo não faz nada”; “os  políticos são todos corruptos”; “pagos meus impostos”; “as coisas não vão mudar”, entre outras dessas imbecilidade que repetidas muitas vezes se pretendem verdades.
Mas não percamos tempo e linhas debatendo os absurdos proferidos por Fulano, Olavo, Lobão, Constantino, Raquel, encapetados da marcha pela ditadura, entre outros da mesma incapacidade intelectual.
A tentativa de retirar a historicidade das ações humanas (tirar a história das análises) e tentar transferi-las para a esfera metafísica é que me parece ser algo minimamente suspeito. Dizer que determinado grupo político é contra a família, contra a paz e a favor da corrupção beira a psicose. Evidentemente qualquer grupo político (partidos, por exemplo) com pretensões de ser eleito e implementar seu projeto de país não cairia nessa cilada de se declarar contra isso e a favor daquilo. São todos bem preparados para tanto, sobretudo num país onde o conservadorismo e a boataria criminosa correm soltos.
Estamos às vésperas de completar 50 anos do golpe militar, golpe que teve apoio dos irmãos do norte, de parte do empresariado brasileiro e dos setores conservadores da igreja católica, e que teve como expressão desse apoio a manipulação de um grupo constituindo a tal marcha de apoio aos golpistas. Marcha que se publica em páginas de redes sociais deve ser reeditada por simpatizantes do que imaginam ser a saída contra a situação em que o país se encontra.
Não estamos vivendo no paraíso, mas temos caminhando bem nesses últimos dez anos e mesmo até a partir da volta da democracia no final da década de 1980, embora tropeços tenham acontecido. No mais, fora o fato de não descarrilarmos nos trilhos democráticos, já se trata de avanço institucional e social. Precisamos de mais, mas o mais será atingido a partir da democracia e não de um retorno à ditadura.
Somos seres muito mais complexos do que mesmo suspeitamos, de razão e de emoção, não somos seres com lógica binária (sim/não e bem/mal). Isso não quer dizer que não tenhamos parâmetros do que nos faz bem, individual e socialmente, mas não podemos nos levar pelo amiguinho imaginário de um e de outro na hora de avaliar nossa história, nossas preferências políticas e ideológicas. Essa análise requer leitura racional dos fatos e não versão fantasiosa do mundo.

Saudações sem pecado e com juízo!

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