A crise consiste precisamente no fato
de que o velho está morrendo e o novo ainda não pode nascer. Nesse interregno,
uma grande variedade de sintomas mórbidos aparecem.
Antonio Gramsci
As notícias que se
multiplicam nesse ano de 2014 são fartas de opiniões enviesadas e de
manipulações toscas de um lado a outro. Contudo a excelência nessa forma tola
de (des)informar em nosso país é de nossa carcomida direita colonizada e
catequizada. Algo a se lamentar.
E agora existem ícones
pop que despejam todo o esgoto que
flui com certa facilidade de suas mentes insanas e que recebem amplo espaço em
canais de tevê, rádios, jornais e revistas. Não poderia ser diferente, pois é
sabido que os meios de comunicação, assim como os meios de produção, estão nas
mãos dos poderosos que há muito controlam a vida dos brasileiros. Mas não se
faça de bocó e comece a relinchar aquelas frases feitas (e publicadas em
revistas semanais e jornais diários):” O governo não faz nada”; “os políticos são todos corruptos”; “pagos meus
impostos”; “as coisas não vão mudar”, entre outras dessas imbecilidade que
repetidas muitas vezes se pretendem verdades.
Mas não percamos tempo
e linhas debatendo os absurdos proferidos por Fulano, Olavo, Lobão, Constantino,
Raquel, encapetados da marcha pela ditadura, entre outros da mesma incapacidade
intelectual.
A tentativa de
retirar a historicidade das ações humanas (tirar a história das análises) e
tentar transferi-las para a esfera metafísica é que me parece ser algo
minimamente suspeito. Dizer que determinado grupo político é contra a família,
contra a paz e a favor da corrupção beira a psicose. Evidentemente qualquer
grupo político (partidos, por exemplo) com pretensões de ser eleito e
implementar seu projeto de país não cairia nessa cilada de se declarar contra
isso e a favor daquilo. São todos bem preparados para tanto, sobretudo num país
onde o conservadorismo e a boataria criminosa correm soltos.
Estamos às vésperas de
completar 50 anos do golpe militar, golpe que teve apoio dos irmãos do norte, de
parte do empresariado brasileiro e dos setores conservadores da igreja católica,
e que teve como expressão desse apoio a manipulação de um grupo constituindo a
tal marcha de apoio aos golpistas. Marcha que se publica em páginas de redes
sociais deve ser reeditada por simpatizantes do que imaginam ser a saída contra
a situação em que o país se encontra.
Não estamos vivendo
no paraíso, mas temos caminhando bem nesses últimos dez anos e mesmo até a
partir da volta da democracia no final da década de 1980, embora tropeços
tenham acontecido. No mais, fora o fato de não descarrilarmos nos trilhos
democráticos, já se trata de avanço institucional e social. Precisamos de mais,
mas o mais será atingido a partir da democracia e não de um retorno à ditadura.
Somos seres muito
mais complexos do que mesmo suspeitamos, de razão e de emoção, não somos seres
com lógica binária (sim/não e bem/mal). Isso não quer dizer que não tenhamos
parâmetros do que nos faz bem, individual e socialmente, mas não podemos nos
levar pelo amiguinho imaginário de um e de outro na hora de avaliar nossa
história, nossas preferências políticas e ideológicas. Essa análise requer
leitura racional dos fatos e não versão fantasiosa do mundo.
Saudações sem pecado
e com juízo!