domingo, 30 de março de 2014

Colecionando figurinhas

Cola aqui, cola acolá
Compra, troca e bate figurinha
Completar um álbum é emoção sem igual
Brincadeira de criança

Antes o companheiro
Bastão de cola
Hoje cromos
Que quase colam sozinhos

Peraltice tão bem vista
Terapia de tempos antigos
Organização, entretenimento e socialização

Aproxima amigos
Distancia problemas
Confunde adulto com criança

VRJ - poema escrito em 04/06/2012.

quarta-feira, 26 de março de 2014

Promessas

Ainda em fraldas
Promessa de vida boa
Há destino?
Nada que me agrade

Alquimista de sentimentos
Eis que surge turvo pressentimento
Fuja enquanto é tempo!

Desistir não é opção
Nunca larguei mão
Agora segue sua seleção

Para encarar a realidade
Não basta apenas vontade
Há que ter força e garra
Pois elas nos livram dessa amarra

VRJ - poema escrito em 03/06/2012.

segunda-feira, 24 de março de 2014

Descobrimento

A quem agrada saber
Descobrir emociona
Talvez tanto quanto 
Aquele que convicto ignora 


Mas qual a necessidade em se aprender?
Caso seja isso que se intenciona
Siga seu caminho esquisito
Desconhece a hora

Por fim procurando sentido
Perde a oportunidade
Sabendo-se intruso
Mera vaidade

Abandonar velhos hábitos
É para os fortes
Desiste agora amigo
Antes que te descubra 
A morte!


VRJ - poema escrito em 02/06/2012.

terça-feira, 18 de março de 2014

Contra o bem e contra o mal


A crise consiste precisamente no fato de que o velho está morrendo e o novo ainda não pode nascer. Nesse interregno, uma grande variedade de sintomas mórbidos aparecem. 
 Antonio Gramsci
As notícias que se multiplicam nesse ano de 2014 são fartas de opiniões enviesadas e de manipulações toscas de um lado a outro. Contudo a excelência nessa forma tola de (des)informar em nosso país é de nossa carcomida direita colonizada e catequizada.  Algo a se lamentar.
E agora existem ícones pop que despejam todo o esgoto que flui com certa facilidade de suas mentes insanas e que recebem amplo espaço em canais de tevê, rádios, jornais e revistas. Não poderia ser diferente, pois é sabido que os meios de comunicação, assim como os meios de produção, estão nas mãos dos poderosos que há muito controlam a vida dos brasileiros. Mas não se faça de bocó e comece a relinchar aquelas frases feitas (e publicadas em revistas semanais e jornais diários):” O governo não faz nada”; “os  políticos são todos corruptos”; “pagos meus impostos”; “as coisas não vão mudar”, entre outras dessas imbecilidade que repetidas muitas vezes se pretendem verdades.
Mas não percamos tempo e linhas debatendo os absurdos proferidos por Fulano, Olavo, Lobão, Constantino, Raquel, encapetados da marcha pela ditadura, entre outros da mesma incapacidade intelectual.
A tentativa de retirar a historicidade das ações humanas (tirar a história das análises) e tentar transferi-las para a esfera metafísica é que me parece ser algo minimamente suspeito. Dizer que determinado grupo político é contra a família, contra a paz e a favor da corrupção beira a psicose. Evidentemente qualquer grupo político (partidos, por exemplo) com pretensões de ser eleito e implementar seu projeto de país não cairia nessa cilada de se declarar contra isso e a favor daquilo. São todos bem preparados para tanto, sobretudo num país onde o conservadorismo e a boataria criminosa correm soltos.
Estamos às vésperas de completar 50 anos do golpe militar, golpe que teve apoio dos irmãos do norte, de parte do empresariado brasileiro e dos setores conservadores da igreja católica, e que teve como expressão desse apoio a manipulação de um grupo constituindo a tal marcha de apoio aos golpistas. Marcha que se publica em páginas de redes sociais deve ser reeditada por simpatizantes do que imaginam ser a saída contra a situação em que o país se encontra.
Não estamos vivendo no paraíso, mas temos caminhando bem nesses últimos dez anos e mesmo até a partir da volta da democracia no final da década de 1980, embora tropeços tenham acontecido. No mais, fora o fato de não descarrilarmos nos trilhos democráticos, já se trata de avanço institucional e social. Precisamos de mais, mas o mais será atingido a partir da democracia e não de um retorno à ditadura.
Somos seres muito mais complexos do que mesmo suspeitamos, de razão e de emoção, não somos seres com lógica binária (sim/não e bem/mal). Isso não quer dizer que não tenhamos parâmetros do que nos faz bem, individual e socialmente, mas não podemos nos levar pelo amiguinho imaginário de um e de outro na hora de avaliar nossa história, nossas preferências políticas e ideológicas. Essa análise requer leitura racional dos fatos e não versão fantasiosa do mundo.

Saudações sem pecado e com juízo!

segunda-feira, 17 de março de 2014

Um dilema resolvido

O que é a vida?
Rir? Chorar? Amar?
Lamento o que não vivi
Sorrindo pelo que sofri

Contando o que vi
Esqueço o que deixei de ver
Talvez esse seja o plano maior
Esquecer as perdas,
Superando a dor

Em sofrendo, vivi
Vivendo, sofri
Como não se trata aqui
De equação matemática
A conta nunca fecha

Mas a mente engana
Novamente beijo a lona
Procuro ditoso
Nova dor pra me fazer feliz

VRJ - poema escrito em 02/06/2012.

quinta-feira, 13 de março de 2014

Os passos e o engano

Hoje tive a nítida impressão
De que nada disso tinha sentido
Ou mesmo não havia razão
Por isso gritei: Não!

Os dramas da vida não vêm ao acaso
Surgem para alertar àqueles que a tratam
Levianamente, ou seja, com descaso
Levanta e anda Lázaro!

Dei passos para frente
Empurraram-me para trás
No final disso tudo
Que diferença isso faz?

Dar passos sem objetivo
De nada adianta
A não ser caminhar em direção
Ao engano contumaz!

VRJ - poema escrito em 01/06/2012.

terça-feira, 11 de março de 2014

Aprendendo com o primeiro amor

Vários nomes a história há de apresentar
Mas com qual delas hei de me casar?
Eis o passo que tenho que dar
Seguir aprendendo e experimentando amar

Frio na barriga e mãos suando
Será um infarto a me sentenciar?
O mal porque agora sofres
Não há de lhe poupar

Sofres e padecerá não só por amor
Mas por aquilo que irá esperar
Muito mais do que a dor
A qual te consumirá

Aprenderás a viver
Planejando, arrumando, prevenindo
Procurando razão para continuar
O sentido da vida é simples

Com o carro ainda em movimento
Sem previsão de bom tempo
Sem ter mais o que esquematizar
Viver é a ação que tens a realizar

VRJ - poema escrito em 26/05/2012.

domingo, 9 de março de 2014

O que passou, passou?

Nada pior do que viver e esquecer
Não esqueço aqueles momentos
Nem todos foram belos,
Alguns foram pleno tormento

Mas de todas as engenhocas
A que mais desejo
É a possibilidade de construir
A máquina do tempo

Nada mudar é a ordem
Estabeleça-se, então, o caos
Nada mal
Vivendo e revendo

Deixo aos jovens de agora
Os sonhos dos jovens de outrora
Mesmo que esses sejam velhos
Como eu sou

Deixo aqui apenas uma lição
Modesta, talvez: 
O importante para quem viaja

É viver a escolha que se fez!

VRJ - poema escrito em 26/05/2012.

quinta-feira, 6 de março de 2014

Um Outono

Vão-se folhas e flores
Ficam as raízes
Desespero de quem vive
Apenas na superfície

Lenho ou xilema,
Seiva bruta
Líber ou floema,
Seiva elaborada

Talvez sejam as veias e artérias das plantas
Preenchendo seu ‘coração’
E fazendo funcionar sua ‘razão’
Plantando o amor em sua espécie

O que se leva dessa vida?
Algo importante?
Ou trata-se apenas de ilusão
Vendida a prestação!

VRJ - poema escrito em 22/05/2012.

terça-feira, 4 de março de 2014

Simply the Best

Estamos aqui por um simples sentido
A vida não é só correr
Exemplo de vitória
É representar um povo sofrido

Mostrando que, ao contrário do que dizem
Somos grandes, somos desiguais
Mas, sobretudo, somos sedentos
Procurando por justiça social

Um dos maiores que aqui estiveram
Teve sorte e oportunidade
E nos deixou bela mensagem
Nada disso me apetece

Tudo que conquisto é por vocês
Povo amado e sofrido
Busquemos mudar isso

VRJ - poema escrito em 21/05/2012.

domingo, 2 de março de 2014

Minha prisão

Hoje percebo boquiaberto
Que a cada instante fico mais perto
Daquele desejo de me libertar
Quem sabe até despertar?

Mas quanto mais me liberto
Mais vontade tenho de fixar xilindró
Menos cativo me percebo
Lembrança suave dos conselhos da vovó

Ah, meu santo desespero!
Assim, destempero!
Rumo ao desconhecido
Estranho conhecido

Pessoa afirmou:
Navegar é preciso, amar não é preciso!
Assim segue a dúvida:
Do que preciso?

A precisão matemática
Foge a meu gosto humanista
Recorro à retórica
Sem aquela paciência intimista

Nessa minha prisão inglória
Da qual me tornei insurgente
Nem a essa prisão sinto-me pertencente
Nem a minha própria história

VRJ - poema escrito em 20/05/2012.