“O rosto enganador deve ocultar o que o falso coração sabe.”“As leis são como as teias de aranha que apanham os pequenos insetos e são rasgadas pelos grandes.”Sólon
Irritam-me
sobremaneira os discursos moralistas que circulam desde os meios de comunicação
(jornais, tv´s, rádios e redes sociais) até os círculos íntimos, qual sejam a
família e grupos de amigos. Talvez pelo período do ano eles têm sido enunciados
com maior e embaraçosa freqüência. Esse fenômeno parece fazer parte de muitas
comunidades humanas, inclusive saindo muitas vezes da boca ou da pena de pensadores
do campo da esquerda.
Nos dias atuais diversas são as
bocas por onde escorrem todo o esgoto moralista que assola nossa sociedade,
tendo como principais nomes (não no sentido de importância) Rachel Sheherazade, Boris Casoy, Lobão, Reinaldo Azevedo,
além dos já tradicionais Ratinho, Datena e Marcelo Resende.
Como animais
políticos (sociais) que somos, sei que construímos ao longo de nossa história
nossos sentidos de vida, ou seja, nossa cultura. E não uma cultura única,
universal a qual todos estão sujeitos, subjugados em nome de um ou mais deuses.
Cada porção humana espalhada pelo planeta ao longo da história humana enfrentou
diversos desafios e construiu suas soluções para dar sentido a sua existência.
Ao entrarem em contato umas com as outras, (re) criamos novas formas de
entender nossa experiência terrestre, algumas vezes por troca cultural mais
amistosa, outras por imposição cultural (utilizando violência, inclusive institucional).
As notícias das
últimas semanas de 2013 e da primeira semana de 2014 não são diferentes do que
já vimos em outras passagens de ano. Contudo, a grande imprensa gosta de tentar
vender suas velhas novidades como algo inédito. Mais do mesmo. Claro que o
quanto de sal vão usar para temperar nossos cérebros “semi-novos” dependerá de
quem será o alvo da vez. Seja na luta para atacar uma marca que não patrocina
seu meio de comunicação, seja para agradar os donos do poder no país.
Talvez o caso mais exemplar desse
período tenha sido o tratamento dado pelos diversos meios e pelos (de) formadores
de opinião em relação à Ação Penal 470, vulgarizado como mensalão. A enxurrada
de imbecilidades proferidas e o tratamento de outros casos (considerados por
muitos como similares) nos tribunais desse país e que não são noticiados pela
grande imprensa e recebem tratamento diferenciado pela justiça (inclusive pelo
STF) chega a ser piada e de péssimo gosto.
Partidos políticos de esquerda,
movimentos sociais e demais forças progressistas da sociedade não devem repetir
o erro de investir nesse discurso moralista e hipócrita que foi habilmente
construído pela burguesia e adotado pela classe média. A luta é pela hegemonia
política dentro dessa sociedade que fora arquitetada na base do toma-lá-da-cá e da confusão proposital
entre público e privado e que precisa ser superada para que realmente existam
mudanças sociais e comportamentais significativas para que possamos construir
uma nova forma de viver em sociedade baseada na solidariedade, no valor
coletivo e público, sem moralismos (arma dos babacas!) e com justiça social.
Saudações sem moralismos!
Otimo texto valtinho! bjo
ResponderExcluirObrigado, Ira! Bjo.
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