Então ele a fez
esperar.
Esperou tanto que
tudo o que cultivara se desfez.
Clamou ao tempo uma
segunda chance e recebeu resposta negativa.
_ Ó deus dos tempos
imemoriáveis, por que não atendeste a minha súplica e devolveste a vida aquilo
tudo que cultivei?
Nenhuma resposta
audível recebeu.
No fundo sabia que
não seria digno daquilo. Não de resposta divina, aquele ser no qual não
acredita desde há muito tempo, mas pela falta de dedicação a quem sempre lhe
estendera a mão.
Perdido nos anos de
sua decadência e sem pressa de tomar a primeira atitude em sua vida, acendeu o
fogão e dele fez a água quente para o café e ascendeu seu derradeiro cigarro.
Era plano antigo parar com o vício que lhe arrancava vida aos poucos, assim
como vivera até ali.
Nenhuma esperança lhe
restava. Talvez... não, não... aquilo não vivera, apenas sonhara. Então, sério
e decido, escolheu hora e local para a virada em sua vida. Será que chegara
realmente o momento tão esperado em sua miserável existência? Assim o seja!
Resolveu avisar uns
poucos amigos sobre a data festiva e àquela que seria sua companheira eterna.
Recebeu alguns olhares de reprovação e outros de indiferença. Nada que pudesse
alterar sua primeira importante resolução em vida.
Deitou-se, mas a
euforia que lhe tomou o impediu de dormir aquela noite.
Guardou seus
pertences, arquivou uns sentimentos e saiu em busca da felicidade.
Não era homem de
posses, nada havia a deixar e ninguém a receber herança. Era homem simples e
não gostava da ritualística religiosa dessas cerimônias, então apenas partiu.
Mesmo sem merecer em
vida o amor de quem recebera, deliberou que entregaria seu último suspiro a
ela.
A espera havia
finalmente terminado.
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