O título desta simples
reflexão é mais pretensioso do que aspirava quem o escreveu, pois não se trata
de elencar todas as diferenças entre governos tucanos e petistas, apenas
apontar uma significativa diferença no que se refere ao tratamento de problemas
sociais e de saúde pública nessa metrópole cinza e chuvosa.
No início de 2012,
nesse mesmo blog, escrevi sobre a forma desumana e patética com que a dupla
aloprada Kassab e Alckmin tratou do assunto mobilizando seus recursos,
sobretudo polícia e guarda municipal, para expulsar os moradores da chamada cracolândia. A intenção passou longe de resolver a questão, mas apenas pretendia “higienizar” a região da Luz e se livrar da
encrenca que representaria para o período eleitoral vindouro.
O resultado dessa
trapalhada todos nós conhecemos, ou seja, num primeiro momento os moradores/frequentadores da região foram expulsos pela braço armado do Estado, alguns internados à revelia
(ferindo alguns de seus direitos básicos) e, além disso, novas cracolândias foram criadas em várias regiões da cidade. O
problema, portanto, não foi resolvido, apenas momentaneamente desarticulado da
região da Luz e esparramado pra outros cantos da cidade.
O prefeito petista Fernando
Haddad teve postura totalmente diversa em relação aos dois patetas (Kassab e
Alckmin) para tratar da situação, além de ter sido coerente com o discurso e
com a prática de governos progressistas (esquerda). Analisou a situação,
mobilizou seus recursos, elaborou com sua equipe uma proposta adequada e, assim
que teve em suas mãos todo o planejamento e a negociação com os moradores da
chamada favelinha da cracolândia,
executou a ação sem nenhum problema registrado. Sem utilizar a força policial,
a qual esteve no local e apenas observou a ação das secretarias municipais, sem
ferir direitos ou criar constrangimentos a ninguém.
Durante a retirada
das estruturas precárias nas quais estavam instalados os antigos moradores da
região, funcionários da prefeitura das diversas secretarias e os próprios
moradores auxiliaram na tarefa, criando um grande mutirão que esperamos
representar o fim daquela situação degradante. Caso a experiência tenha êxito,
outras regiões assoladas pelo problema serão objeto dessa mesma abordagem.
Conforme relatou
versão eletrônica (de hoje, 16/01/2014) do jornal Folha de S.Paulo:
“Ao
todo, cerca de 300 moradores foram cadastrados. Agora, eles ocupam 111 quartos
em quatro hotéis da região.
O programa municipal prevê o pagamento de R$ 15 por dia aos
usuários em troca de quatro horas de trabalho, mais duas horas de
requalificação profissional.
Poderão participar do programa de trabalho apenas aqueles em
tratamento médico.
Haddad ficou por 15 minutos na cracolândia. Alguns moradores lhe
agradeceram. ‘Queria agradecer de coração pela oportunidade’, disse Marcio
Alan, que saiu ontem da ‘favelinha’ e já começou a trabalhar hoje.
‘Uma boa parte vai conseguir deixar a droga’, disse o prefeito.
Recuperar
a dignidade de cada uma dessas pessoas é problema central, proporcionando as
condições para a mudança necessária para que voltem a ter o controle de suas
próprias escolhas de vida. Além disso, criar as condições para que possam voltar
a participar da vida política e social de sua cidade e do país.
A
oportunidade apresentada e a forma com que foram feitas as ações são o grande
diferencial dessa abordagem e pudemos ver que dessa vez o problema foi tratado como uma questão
social (saúde pública, inclusive) e não como uma questão policial e moralista,
escancarando um das principais diferenças na visão de mundo e de políticas
públicas entre tucanos e petistas.
Saudações
progressistas!