sábado, 22 de janeiro de 2011

Consumo, logo existo: paradoxo das catástrofes “naturais”?


É sobretudo um pomar cujas altas ramadas, pereiras, romãzeiras e macieiras de frutos de ouro e poderosas oliveiras e figueiras domésticas produzem sem se cansarem nem se deterem os seus frutos; tanto no inverno como no verão, todo o ano, dão fruto [...]
HOMERO [século X-IX a.C.]. Odisséia

Teu Cristo é judeu; teu carro, japonês; tua pizza, italiana; tua democracia, grega; teu café, brasileiro; tuas férias são turcas; teus números, árabes; teu alfabeto é latino. E teu vizinho é tão-somente estrangeiro?
SALEM, Helena. As tribos do mal: o neonazismo no Brasil e no mundo. São Paulo: Atual, 1995, p.83. [História viva]


O capitalismo é o genocida mais respeitado do mundo.

Nossos filhos devem possuir as mesmas coisas que as outras crianças, mas eles devem também ser privados daquilo que falta às outras crianças.
Ernesto Che Guevara

Como são recorrentes nesse período do ano, as chuvas e demais fenômenos naturais pertinentes ao período do verão no hemisfério sul, devastam imensas áreas e separam o mundo desenvolvido dos subdesenvolvidos e em desenvolvimento e isso fica nítido enumerando as vítimas desses eventos, sejam as fatais ou “apenas” desabrigados e feridos.

Autoridades constituídas nas Repúblicas das Bananas espalhadas pelo orbe, da qual somos locatários, reagem culpando Deus ou seus ministros (santos). Alguns poucos ainda têm o descaramento de culpar o povo, o qual considera (segundo seu olhar de colonizador) baixo, porco, preguiçoso, teimoso e imprudente que insiste em se dependurar no alto de morros, beira de rios e locais que o ambientalismo pueril e liberal recrimina ferozmente, onerando os cofres públicos e preocupando suas mentes cristãs com a tragédia anunciada que insiste em nos apoquentar, ano novo após ano novo.

Temos mais celulares do que habitantes no território nacional, além de outras bugigangas, além dos apetrechos de quinta necessidade (e categoria), todos descartáveis para que possamos breve gastar nossos escassos contos de réis novamente com esses objetos que beiram a inutilidade (quando mesmo não o são!). Sabendo-se lá em quais condições de produção e sequer se os direitos básicos desses trabalhadores são garantidos.

Vivemos o canibalismo, meus caros, só que conduzido com a sofisticação e aprovação dos doutos do Primeiro Mundo e com a subserviência tradicional de governantes e povos do mundo a ser desenvolvido. Lamentável a guerra fiscal e a sanha por lucros pornográficos, enquanto nossa espécie mingua e destrói as demais em nosso planeta.

Que fazer diante dessa situação?

Campanhas para salvar os baleias e demais animais marinhos?

Campanhas para evitar a construção de moradia em barrancos e nas beiras de rios e córregos?

Deixar de distribuir sacolas plásticas nos comércios?

Reciclar tudo e todos?

Abraçar uma árvore?

Providenciar oferendas aos deuses e demais entidades para diminuir sua fúria em relação a nosso abuso?

Além dos necessários planejamentos urbano e rural, coisa nunca feita antes na história desse país, há que se mudar mentalidades e atitudes em nossa sociedade global e local. Não viveremos bem e nem muito se não deixarmos de produzir tanta bobagem em nome do deus Mercado e seus discípulos capitalistas.

Reestruturar a produção mundial visando atender as necessidades sociais e não aos lucros de nossos pós-modernos senhores feudais e especuladores do dinheiro virtual, é indispensável. Não mudamos o mundo se não mudarmos nossa matriz produtiva, se não educarmos os povos do planeta na intenção da cooperação entre nós e as demais espécies, salvaguardando os ecossistemas terrestres e nossos recursos não-renováveis.

Dessa forma poderíamos combater o consumismo, praga piorada desde a modernidade, que provoca o furor pelo consumo doentio e sem freios, aliás, sem incentivos aos freios sociais, tendo em vista que a economia capitalista tira proveito dessa situação. Poucas são as vozes que se levantam contra essa moléstia agravada pelas revoluções burguesas dos séculos passados.

Consumismo e individualismo de mãos dadas, com adição da perpetuação da concentração dos meios de produção e de recursos em poder de seleto grupo, além da despolitização das questões sociais sendo aceita inclusive por parte da intelectualidade e da vanguarda socialista, ampla permissividade na difusão da ideologia neoliberal de Estado mínimo e apartado das prioridades populares e a renuncia de educação de qualidade aos povos de todas as culturas, torna-se a receita adequada para continuarmos na trilha do Armagedom.

Debater soluções definitivas é considerado enfadonho e pouco apreciado pela maioria dos abastados, afinal de contas isso significa tratar de realizar melhor distribuição de recursos e, na onda dos poderosos, as demais classes são influenciadas pela ideologia dessa classe dominante, difundidas através dos meios de comunicação abundantemente dominados por nossos senhores de engenho.

Abaixo o consumismo!

Saudações transformadoras!

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