"Quanto menos os homens pensam, mais eles falam"
Montesquieu
Retomo o tema das declarações de nosso Presidente, para mostrar a outra faceta polêmica da mesma entrevista concedida a Folha. Essa versa sobre o papel da imprensa.
Atribuí-se a Lula a afirmação de que à imprensa cabe a função de informar e não de fiscalizar.
Iniciamos partindo da clássica divisão dos poderes inaugurada por Montesquieu (séc. XIII), divisão na qual se instituem os seguintes poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. Seja pela eleição (nos dois primeiros casos) ou através de concursos públicos, trata-se de poderes constitucionais e que, pelo menos na lei, são instâncias representativas e/ou especializadas para tratarem do interesse público.
Embora a imprensa tenha como função social tornar público os diversos assuntos de interesse das pessoas, em momento algum se permitem regulamentar algumas questões, acham-se intocáveis e qualquer argumento contrário, pertence aos que corroboram com a censura. Pensam estar além do bem e do mal. Na verdade a “grande imprensa” quer carta branca para acusar, julgar, condenar e achincalhar todos os que se colocarem contrários aos seus valores burgueses.
De acordo com os jornalistas Roberto Almeida e Moacir Assunção, em matéria do Estadão (23/10/09, caderno Nacional, A8), Sérgio Murillo de Andrade, presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), expressa que a situação brasileira, que envolve pobreza e corrupção, não permite que a imprensa se ocupe apenas de informar. Ainda segundo ele, é preciso fiscalizar o Estado e até mesmo substituir autoridades policiais e judiciais na investigação.
Mas, digam-me por favor, onde reside a legitimidade desse pretenso 4º poder?
Trata-se aqui de algo temerário e recorrente em nossa história, ou seja, não se percebe a diferença entre esferas pública e privada. Os poderosos e donos dos meios de comunicação (e de produção), quer dizer, essa meia dúzia de famílias que as detém todas as concessões das emissoras, retransmissoras e os jornais querem controlar livremente mentes e corações. Isso é fato!
Que democracia é essa?
Que liberdade é essa?
Com certeza liberdade para poucos!
A discussão deveria passar pela ampliação da participação nesses meios de comunicação, inclusive com controle social, já que pretendem representar nossos interesses. O critério não pode ser o do poder econômico.
Bem, trata-se de discussão longa e polêmica e, por enquanto, paro por aqui.
Pensem e contribuam.
Saudações a quem tem coragem...